Artigo Científico: Obesidade e Sono – Um Duelo Perene — Hospital Português da Bahia
24 de janeiro de 2004
Artigo Científico: Obesidade e Sono – Um Duelo Perene
24 January 2004
*Dr. Francisco Hora Fontes
A Obesidade vem se constituindo nos últimos anos um problema de alta magnitude segundo a Organização Mundial de Saúde, acometendo cerca de 35% da população adulta em países desenvolvidos. Nos EUA, as cifras são alarmantes – 55% da população adulta tem peso acima do normal, com prognósticos sombrios de que nos próximos 05 anos a prevalência de sobrepeso tende a duplicar, inclusive na faixa pediátrica. A Obesidade favorece o aparecimento de todas as doenças crônicas não infecciosas, estando diretamente associada ao risco aumentado de diabetes, hiperlipidemias, hiperuricemia, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e da vesícula biliar, alguns tipos de câncer ( cólon, reto, mama e útero) e Apnéia do sono.
Classificação de indivíduos adultos segundo o Índice de Massa Corpórea (IMC)
Classificação
IMC
Risco de doenças associadas
Magro
< 18,5
Baixo
Normal
18,5 – 24,9
Médio
Pré-Obeso
25 – 29,9
Aumentado
Obeso classe I
30 – 34,9
Aumentado +
Obeso classe II
35 – 39,9
Aumentado ++
Obeso classe III
=40
Aumentado +++
(IMC = Peso (kg) / altura x altura)
Dormir, para os indivíduos com peso aumentado, passa a ser uma situação de risco, em que a fisiologia respiratória fica alterada, comprometendo a mecânica respiratória, o controle da respiração e sobretudo as trocas gasosas, fato originalmente descrito por Charles Dickens através do seu personagem “Joe Fat Boy”, garoto sonolento e obeso, publicado no clássico Pickwick Papers, cunhando de forma involuntária a Síndrome de Picwick (Obesidade-Hipoventilação), uma das expressões mais graves no amplo espectro clínico dos distúrbios respiratórios do sono.
A síndrome da apnéia do sono obstrutiva (SASO) tem forte associação com a obesidade, com prevalência variando de 40 a 70%, sendo que o aumento de um desvio padrão no IMC foi associado a 04 vezes de aumento do risco para esta condição – cerca de 60% dos adultos com IMC acima de 28 têm SASO. Estes pacientes têm distribuição central da gordura predominante, com pescoço curto e grosso, refletindo uma via aérea superior estreitada por deposição de gordura em suas paredes. Típicamente roncam, têm sonolência diurna excessiva, memória fraca e irritabilidade, que refletem a incapacidade rotineira de ter um sono reparador, além de alta morbi-mortalidade cardiovascular com riscos à curto prazo – arritmias noturnas e morte súbita, e à médio prazo – hipertensão pulmonar e arterial sistêmica. O Diagnóstico e tratamento correto desta associação – Obesidade X SASO – requer equipe multidisciplinar em ambiente de alta complexidade, como o Hospital Português já oferece à comunidade, em caráter pioneiro.
* Dr. Francisco Hora Fontes é Coordenador do Laboratório do Sono do Hospital Português
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