1 de outubro de 2004
Artigo Científico: Colonoscopia de Magnificação de Imagem
01 October 2004
O Câncer Colo-retal (CCR) é a 3ª neoplasia maligna mais letal no Brasil e no mundo. Infelizmente, apenas 40% dessas lesões é diagnosticada e tratada em estágio localizado.
Essas neoplasias planas e, às vezes deprimidas, são detectadas, em estágio precoce pelos colonoscopistas japoneses, com muita freqüência. A grande habilidade dos especialistas nipônicos no uso da cromoendoscopia e dos colonoscópios de magnificação de imagens (CM), associada com uma experiência de mais de 20 anos, faz do Japão a pátria dessas lesões colônicas planas e deprimidas.
No entanto, essas patologias estão sendo reconhecidas, com cada vez mais freqüência, em outros países ocidentais, principalmente por especialistas que freqüentaram os serviços japoneses.
Assim, a possibilidade de que tais lesões não sejam facilmente detectadas na CC e, portanto, não ressecadas endoscopicamente durante exames de rastreamento, vem merecendo crescente atenção dos endoscopistas no Ocidente.
O motivo para essa preocupação resulta da prevalência de displasia de grau elevado nessas lesões, significativamente maior àquela observada em lesões protrusas do mesmo tamanho.
Desse modo, quero chamar a atenção dos nossos colonoscopistas que durante muitos anos preocuparam-se “apenas” em diagnosticar e ressecar pólipos protrusos. Na realidade, eles devem ter deixado de diagnosticar e prevenir cerca de 30% dos carcinomas que se originam em lesões planas, principalmente as deprimidas.
Os endoscópios com magnificação de imagem permitem, com o auxílio de um sistema óptico (lentes), ampliar a imagem obtida pelo videoendoscópio em 35 a 170 vezes.
Assim sendo, a CM associada a cromoendoscopia vem sendo empregadas para incrementar o diagnóstico de lesões planas, diminuir a ocorrência da não detecção de lesões diminutas e prever com acurácia a histologia neoplásica e não neoplásica das lesões. A CM permite, ainda, a avaliação do grau de invasão da parede intestinal dos adenocarcinomas.
Estou convencido da necessidade de os colonoscopistas brasileiros aperfeiçoarem-se com esta “nova” abordagem endoscópica.
Além disso, estudos prospectivos em grandes centros podem e devem ser realizados para que possamos conhecer qual é a realidade brasileira relacionada às neoplasias planas e deprimidas.
*João Elias Calache, Professor do Departamento de Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo