Doação de Órgãos: um ato pela vida
15 November 2004
Durante três meses, o micro-empresário baiano Valdoeny de Novaes Franco, 39 anos, conviveu com o drama da fila de espera por um órgão. Sofrendo de cirrose hepática em decorrência da Hepatite por vírus C e com um tumor no fígado, teve a sua expectativa de vida resumida em, no máximo, 18 meses. “Todos nós sabemos que um dia vamos morrer, mas é difícil encarar uma data certa para isso acontecer”, conta Valdoeny, primeiro paciente transplantado de fígado na Bahia.
Em dezembro de 2001, ele recebeu uma ligação que mudou o rumo da sua vida – uma família, apesar de extremamente chocada pela morte de um jovem de 24 anos vítima de um acidente de moto, se comoveu com a situação daqueles que estavam em diversas filas de espera e doou os órgãos do rapaz. O transplante foi feito, através do Sistema Único de Saúde, no Hospital Português. Hoje, Valdoeny, pai de três filhos, um dos quais concebido após o transplante, aguarda, para fevereiro a chegada de seus filhos gêmeos e continua trabalhando normalmente em sua profissão.
Essa história foi contada para demonstrar na prática a importância de um simples ato – a doação de órgãos. Hoje, para que isso aconteça é preciso apenas que as pessoas divulguem para seus familiares o desejo da doação. A retirada dos órgãos doados só acontece após o diagnóstico de morte encefálica, prática totalmente regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina, e com autorização familiar.
Esclarecimentos
Existem dois tipos de doadores: vivo (qualquer pessoa saudável que concorde com a doação. Pela lei, parentes até quarto grau e cônjuges podem doar um dos rins, parte do fígado e parte da medula óssea. A doação entre pessoas sem nenhum parentesco só poderá ser realizada mediante autorização judicial) e cadáver (pacientes com morte encefálica. Podem ser retirados de um doador cadáver o coração, pulmão, fígado, pâncreas, intestino, rim, córnea, veia, ossos e tendão). Atualmente na Bahia e, em particular, no Hospital Português, podem ser realizados transplantes de rim, fígado, medula óssea e córneas, inclusive através do SUS.
De todas as informações a respeito da doação de órgãos, a mais importante é que, qualquer pessoa que deseje doar deve comunicar em vida a sua vontade para os familiares. Não é necessário qualquer registro em nenhum documento. Vale ressaltar que a família não é responsável por qualquer despesa com exames, cirurgias ou procedimentos envolvidos com a doação de órgãos, já que o SUS cobre todos esses custos.