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Incontinência urinária de esforço convive com tabus e desconhecimento — Hospital Português da Bahia

30 de maio de 2006

Incontinência urinária de esforço convive com tabus e desconhecimento

30 May 2006

O Instituto de Pesquisa Gallup (EUA) realizou uma pesquisa com 1270 entrevistadas de 35 anos em média, que enfocou o problema de incontinência urinária de esforço. Os dados divulgados reforçam a teoria que os médicos já haviam comprovado na prática: a vergonha das portadoras em relação a sua doença faz com que elas convivam e se adaptem ao problema ao invés de combatê-lo. Uma em cada cinco mulheres com mais de 25 anos e até duas em cada três com mais de 65 sofrem do problema e são responsáveis por 20% das consultas médicas em ginecologistas e urologistas.

O estudo apontou também que 62% das mulheres que sofrem da doença esperam um ano ou mais antes de discutir o problema com o médico. Além disso, o levantamento demonstrou que 70% destas mulheres têm medo de tossir, espirrar e até rir em público por temerem um acidente – não é surpresa que 55% deste número já sofreu algum tipo de embaraço relacionado à incontinência urinária pelo menos uma vez nos últimos 12 meses.

A incontinência urinária de esforço, caracterizada pela perda involuntária de urina provocada por esforços físicos como tosse ou espirro, ocorre quando os músculos e o tecido pélvico ao redor da uretra (orifício de saída da urina) enfraquecem. Entre os principais fatores desencadeadores da doença, destacam-se exercícios físicos pesados, partos mal assistidos, perda do tônus muscular da pélvis, obesidade, cirurgias ginecológicas mal sucedidas, múltiplas gestações, fumo e deficiência de estrógeno.

Outra doença muito comum nas mulheres é a bexiga hiperativa, caracterizada pela vontade súbita e incontrolável de urinar, conhecida também como urgência miccional. Em alguns casos, a incontinência urinária de esforço e a bexiga biperativa podem estar presentes simultaneamente, cabendo ao médico um diagnóstico preciso para indicação terapêutica apropriada.

Dr. Maurício Fucs, urologista do Centro Médico Hospital Português, ressalta que outra situação muito freqüente nas mulheres é o prolapso genital, que ocorre quando a bexiga, o útero ou o reto tende a “descer e sair pela vagina. Segundo o médico, “o mais freqüente entre esses casos é a cistocele, conhecida por bexiga caída, que ao contrário do que muitos pensam normalmente não está associada à perda urinária”, diz.

Em qualquer um dos casos, o melhor a fazer é procurar o médico o quanto antes. Para diagnosticar o problema são utilizados exames físicos e ginecológicos, além de exames laboratoriais como sumário de urina, urocultura e a avaliação urodinâmica, exame no qual são introduzidas sondas finas e especiais na uretra que, conectadas ao computador, fornecem informações sobre o funcionamento da bexiga, orientando o profissional sobre a melhor opção de tratamento para o caso.

No caso de urgência miccional, o tratamento medicamentoso é eficaz na maioria dos casos. Já para tratar a Incontinência Urinária de Esforço as opções são fisioterapia (exercícios para a musculatura e o assoalho pélvico, eletroestimulação, biofeedback e dispositivos mecânicos), a neuromodulação (ainda pouco utilizada no Brasil) e a cirurgia, que apresenta os maiores índices de sucesso. Como destaca o ginecologista do Centro Médico Hospital Português, Dr. Airton Ribeiro, as técnicas cirúrgicas variam desde uma abordagem abdominal até a vaginal, ou mesmo uma combinação das duas. “Em caso de cirurgia, é preciso individualizar o tratamento, buscando a técnica mais adequada para cada paciente”, explica.

Nova Técnica Cirúrgica

Hoje em dia, um dos tratamentos mais modernos e eficazes é o TVT Obturator System, com efetividade superior a 90%. O TVTO, como é comumente chamado pelos médicos, foi desenhado para maior segurança e conforto da paciente. A técnica cirúrgica é minimamente invasiva e pode ser realizada sem a necessidade do paciente dormir no hospital, podendo ficar acordada durante todo o procedimento, ir para casa poucas horas depois, além de usar um número mínimo de medicamentos analgésicos durante o pós-operatório.

O TVTO é colocado como uma espécie de “tipóia” para dar suporte para a uretra. Além disso, não deixa grandes cortes externos, tendo uma cicatrização rápida e resultados estéticos melhores. O pós-operatório apresenta pouco desconforto e em três dias a paciente pode voltar às atividades normais. Para relações sexuais é necessário resguardo de 30 dias, enquanto esforços maiores como ginástica somente após 40 dias.

 Outros dados da Pesquisa – Instituto de Pesquisas Gallup

A pesquisa constatou que boa parte da falta de iniciativa para combater a doença vem da pouca informação sobre os tratamentos disponíveis:

  • 55% das portadoras de incontinência urinária de esforço não estão informadas sobre qualquer tipo de procedimento cirúrgico disponível para corrigir ou melhorar o problema;
  • 22% dizem que o médico ofereceu como alternativa de tratamento algum tipo de cirurgia.

A maioria das entrevistas se confessa incomodada com a situação:

  • 69% se sentem constrangidas com a condição;
  • 91% relatam mudanças de comportamento com a incontinência urinária, incluindo usar absorvente diariamente (59%) e vestir roupas escuras (19%);
  • 62% esperam um ano ou mais para procurar ajuda médica;
  • 1 em 4 não sabe que existem opções de tratamento ou se sentem constrangidas para falar sobre o assunto;
  • 35% relatam que se acomodam ao problema, deixando de se exercitar, viajando menos e praticando menos sexo.

Colaboraram: Dr. Airton Ribeiro Filho (CRM 10652), Ginecologista do Centro Médico Hospital Português e Dr. Maurício Fucs (CRM 9594), Urologista do Centro Médico Hospital Português.