Lembrança viva
24 January 2007
A Língua Portuguesa encontrou no Brasil um terreno perfeito para falar de saudade. Indizível em outras línguas, a palavra foi sentida intensamente pelos lusitanos, ao se lançarem ao mar, e pelo miscigenado povo brasileiro, em suas andanças pelo grande território. Entre as muitas coisas que esses dois povos têm em comum, está esse sentimento forte, impossível até mesmo de traduzir.
Foi por causa da saudade que Edmundo Amaral chorava escondido, em 1972, quando começou a trabalhar no Hospital. Vindo de Valença, cidade do interior baiano, ele sentia falta da família e dos amigos que fez durante a adolescência. Mas com o tempo, Edmundo, que começou como ajudante de cozinha, encontrou aqui pessoas que o acolheram. Nessa época, o Hospital ainda possuía funcionários sob regime de internato, coordenado pelas freiras: eles trabalhavam e moravam no Hospital. “Nós éramos uma família, um grupo bastante unido. Lembro quando eu e meus colegas descíamos correndo até o Porto da Barra, para jogar o futebol das seis horas da manhã e voltávamos correndo porque tínhamos serviço às sete.”, relembra.
Depois de dez anos como ajudante de cozinha, Edmundo passou a trabalhar como porteiro e garagista, serviço em que passou catorze anos, até se tornar motorista, atividade que desenvolve até hoje. Durante esse tempo, ele não deixou de perceber a evolução do Hospital e sabe que também é responsável por isso. “É uma grande felicidade ver a firma crescer. É muito bom contribuir com o meu trabalho no dia-a-dia, com a minha dedicação”, orgulha-se.
“Aqui, a gente trabalha feliz”
Desde a inauguração da Quinta Portuguesa, Maria das Dores de Oliveira trabalha como camareira. “Tudo que consegui na minha vida foi aqui”, diz. Antes de ser camareira, ela também trabalhou na Copa e, das coisas que sente saudade, estão alguns eventos em que trabalhou. “A Quinta Portuguesa é como minha casa. Aqui a gente trabalha feliz”, diz a colaboradora.
Para comemorar as bodas de prata, no ano que vem, ela antecipa que irá fazer um cd comemorativo com fotos que registram seus 25 anos de trabalho. “Eu vou presentear minhas colegas com este cd para mostrar que elas também são capazes”, garante. Sobre comemorar 25 anos junto com o sesquicentenário do Hospital, Maria das Dores não pensa duas vezes: “É um sonho”, exclama.
Para quem está acostumado a guardar lembranças, não há dúvida que só é possível sentir saudade de algo que foi bom. Nestes anos, muitos funcionários passaram pelo Hospital e foram eles que contribuíram para a juventude e a vitalidade da Instituição.
Assim como o motorista Edmundo Amaral e a camareira Maria das Dores, o Hospital Português não sente o peso do tempo e sabe que tem muito a realizar nos próximos 150 anos.