Nascida em Angola, Ana Pinto morou 14 anos no Rio de Janeiro, onde se formou em comunicação social. Ainda no Brasil, ela conseguiu seu primeiro emprego na área de jornalismo, num programa televisivo chamado Show da Malta e em produções impressas da Editora Malta, onde trabalhou até 1990, ano em que voltou a Portugal. No último dia de sua visita às dependências do Hospital, onde conheceu as instalações e conversou com funcionários, a simpática jornalista concedeu uma entrevista ao Jornal Imagem Real
Como é o jornal em que você trabalha?
O Emigrante é um jornal semanal que tem 36 anos e que, há cinco anos atrás, sofreu uma reformulação gráfica e passou a se chamar O Emigrante – Mundo Português. Ele tem uma dimensão grande: é feito em Lisboa, impresso em Lisboa, mas é só. De lá ele vai para todo o mundo. Atualmente, o jornal sai para 90 países, através do serviço de assinatura. As editoras e todo o resto são pensados para quem está fora de Portugal. Atender o mundo português é uma meta para a gente. Somos seis pessoas na redação, mas recebemos material de nossos correspondentes. Temos alguns na Espanha, na França e na Alemanha e temos leitores que mandam textos também. Nosso leitor é especial, pois ele mesmo acaba sendo fonte de informação. Há um perfil – e até nisso ele costuma ser diferente dos jornais diários, em que você ler hoje e amanhã não lê – de leitores que acompanham desde o início do jornal, leitores há trinta anos. Pode se dizer que o jornal ameniza um pouco da saudade que o emigrante sente. Os leitores do Brasil, aliás, são os responsáveis por uma boa parte das cartas de carinho que recebemos.
Quais foram suas impressões sobre o Hospital Português?
Fiz uma matéria do Hospital Português da Bahia há dois anos e já tinha feito uma outra matéria sobre a Quinta, mas à distância. Porém, elas me deram mais ou menos a noção do que iria encontrar. Uma coisa que me agradou muito foi ver a dimensão. Ele é um hospital grande, não só em termos de espaço, mas também nos projetos que tem, como sua linha de conduta, de pensar em ir além. Foi interessante ver a evolução que o Hospital teve em duas décadas, impressionante num país com limitações financeiras. Não é fácil levar um projeto à frente sem apoios.
O que achou da equipe de médicos e funcionários?
É uma coisa rara de se ver. Numa estrutura gigantesca como esta, com cerca de 2 mil funcionários, é impressionante ver o carinho das pessoas pelo Hospital. Elas assumem o Hospital como sua segunda casa, por exemplo, com o Balé , que reúne do motorista ao rapaz do almoxarifado, do médico à enfermeira. Eu não precisei perguntar ‘qual é a sua relação com o Hospital?’. Isso foi dito naturalmente. Além disso, as pessoas têm um relacionamento próximo, de amizade, independentemente do cargo que ocupam, coisa boa de se ver, porque é rara.
Você acompanhou o trabalho das Unidades Móveis de Saúde. Quais foram suas impressões sobre elas?
As unidades móveis são o lado mais visível da beneficência do Hospital. Eu nunca tinha visto nada igual na minha vida. É o princípio de levar saúde a uma população que não pode vir ao Hospital, pois é carente, distante, de baixa renda, pobre e com pouquíssimo acesso à saúde. Então, se a população não ode ir até o Hospital, ele parte do fundamento de que tem de ir até ela, de forma gratuita, aberta, com o mesmo profissionalismo e com a mesma atenção no atendimento. Os médicos encaram o serviço das Unidades Móveis como uma missão. Há um prazer acrescentado em receber bem os pacientes, em ajudar. A unidade móvel, para aquelas pessoas, caiu do céu, porque são especialidades caras, tanto a pediatria quanto a ginecologia. É uma idéia muito
louvável, espero sinceramente que vocês consigam mantê-la sempre.