30 de maio de 2007
Artroscopia cirúrgica no tratamento da Capsulite Adesiva do Ombro
30 May 2007
A Capsulite Adesiva do Ombro (ombro congelado) é a síndrome clínica caracterizada por dor e pela restrição ativa e passiva das amplitudes de movimentos gleno-umerais nas três posições fundamentais – elevação anterior, rotação interna e rotação externa – para o que nenhuma causa do tipo bloqueio mecânico por lesão óssea, ou incongruência articular, poderá explicá-la.
Ocorre numa faixa etária específica, sendo incomum abaixo de 40 anos e acima de 70 anos. O sexo feminino é mais acometido do que o masculino. Não há correlação entre dominância e capsulite, segundo a maioria dos autores. A Capsulite Adesiva é uma patologia que assume todos os aspectos clínicos e radiológicos de típica distrofia simpáticoreflexa. É comum dentre as patologias do ombro, mas pouco conhecida quanto à sua etiopatogenia, estando, em decorrência, sujeita a grande variação de abordagens terapêuticas.
A história natural da Capsulite Adesiva do Ombro, de acordo com vários autores, apresenta-se em três fases bem definidas: uma primeira fase, chamada de hiperálgica inflamatória , na qual a dor é o fato clínico mais importante e acompanhada de outros aspectos especiais da distrofia simpático-reflexa, como sudorese axilar e palmar e sensação de hiperestesia no membro acometido.
A segunda fase é caracterizada pelo enrijecimento da articulação, supondo-se haver, nesse estágio, seqüela por fibrose e aderências provocadas pela fase inflamatória inicial. Os fenômenos dolorosos espontâneos cedem lugar à ocorrência de dor noturna, à mobilização forçada ou aos movimentos súbitos.
A terceira fase é a do descongelamento, em que há recuperação espontânea e progressiva das amplitudes de movimentos.
Há uma grande preocupação de se distinguir as duas formas clínicas básicas da Capsulite Adesiva: a primária e a secundária. Isso significa que ela pode instalar-se como entidade única (forma primária) ou de maneira oportunista, sobre qualquer doença que leve à dor no ombro (forma secundária), traumática ou não. Essa divisão está ligada a características diferentes da evolução clínica e, consequentemente, de prognósticos também diferentes, para uma mesma entidade fisiopatológica.
Embora a maioria dos pacientes responda satisfatoriamente ao tratamento conservador para a Capsulite Adesiva, alguns deles, especialmente os diabéticos, têm evolução muito lenta, às vezes não apresentando ganhos de amplitude na fase 2, o que requer uma atitude mais agressiva, visando encurtar o tempo de evolução da rigidez articular. As opções de tratamento clínico são fisioterapia intensiva de 4 a12 meses, medicações analgésicas e anti- inflamatórias e bloqueios anestésicos do nervo supra escapular, feitos em nível ambulatorial. A artroscopia cirúrgica no tratamento da Capsulite Adesiva é uma opção segura, eficaz e que representa uma alternativa muito menos traumática do que as manipulações do ombro ou as cirurgias abertas, para os pacientes portadores de quadros clínicos rebeldes às condutas conservadoras.
A artroscopia cirúrgica com sinovectomia intra-articular gleno-umeral e liberação do ligamento córaco-umeral, (release capsular circunferencial) tem permitido o retorno rápido dos movimentos e alívio da dor, evitando-se assim o procedimento clássico das manipulações sob narcose e suas graves complicações como as fraturas, lesões cápsulo-ligamentares e tendíneas, representando portanto, uma opção muito menos agressiva do que os procedimentos cirúrgicos abertos propostos.