Lesão por Esforço Repetitivo (LER) — Hospital Português da Bahia
26 de maio de 2007
Lesão por Esforço Repetitivo (LER)
26 May 2007
Más condições no ambiente de trabalho – inadequação do mobiliário e equipamentos empregados na execução das atividades laborais, predispondo a posturas inadequadas e contração muscular estática prolongada – associadas à alta repetição em ciclos de curta duração (menos que 30 segundos), prolongamento das jornadas de trabalho, falta de tempo de recuperação póscontração e fadiga, exposição a cargas, vibração e frio, dentre outros, são fatores predisponentes de LER ou DORT. A conjunção de alguns desses fatores ocasiona o aparecimento dos distúrbios, cada vez mais comuns entre os trabalhadores.
LER (ou L.E.R.) é a abreviatura de Lesão por Esforço Repetitivo, que tem outra denominação conhecida: D.O.R.T. (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho). No Brasil, essas siglas são comumente associadas à dor, principalmente em região cervical e em membros superiores, em decorrência de alguns fatores de risco relacionados ao trabalho. Portanto, LER não é uma doença específica e sim um grupo heterogêneo de doenças secundárias a esforços repetitivos. O trabalhador pode apresentar tendinite, tenossinovite em ombros, cotovelos, punhos e mãos; epicondilite, tenossinovite estenosante (DeQuervain), dedo em gatilho, síndrome do túnel do carpo, síndrome compressiva do ulnar em cotovelo, síndrome do pronador redondo, radiculopatia cervical, síndrome miofascial, dentre outras.
A LER ou DORT tem três estágios. O primeiro é caracterizado por dor e cansaço em membros superiores durante a jornada de trabalho, com melhoria nos fins de semana e sem interferência na produtividade. No estágio dois há dor recorrente e cansaço persistente. A dor aparece em períodos fora do trabalho, pode haver dor à palpação do grupo muscular, edema ou nodulação, acompanhando a bainha dos tendões envolvidos. Nos casos com comprometimento neurológico compressivo, a Eletroneuromiografia evidencia a alteração. No estágio três existe dor contínua, mesmo em repouso, e edema persistente. A capacidade de trabalho e as atividades diárias são prejudicadas, pode haver atrofia e são comuns alterações psicológicas, como depressão e ansiedade.
Para caracterização de LER, deve-se comprovar um nexo causal entre a atividade exercida no trabalho e a patologia adquirida. O diagnóstico diferencial deve excluir as tendinites, tenossinovites e neuropatias secundárias a outras patologias, como reumatismo, osteoartrite e doenças metabólicas, como diabetes, hipotireoidismo, gota etc. Existem várias teorias para a causa do aumento do número de casos de LER/DORT.
Os principais exames utilizados para o diagnóstico de processos inflamatórios, ocasionados pelo esforço repetitivo, são a Ultra-sonografia, que analisa o acometimento dos tendões, e a Eletroneuromiografia (ENMG) dos nervos e músculos. A Eletroneuromiografia é o exame mais preciso e sensível para diagnosticar comprometimento de nervos, dentre eles a doença mais freqüente é a síndrome do túnel do carpo, que corresponde à lesão do nervo mediano no punho. O Capítulo Bahiano da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC) estabeleceu um consenso para a classificação da síndrome do túnel do carpo (STC) no estado, conforme a gravidade:
STC leve- velocidade reduzida em fibras sensitivas palmares < 48m/s STC leve a moderado- latência do potencial motor >3.9 ms e <4.5 ms STC moderado- latência motora > 4.5 ms e < 6.0 ms STC moderado a severo- latência motora > 4.5 ms e < 6.0 ms e desnervação no APB STC severo- latência motora > 6.0 ms
Os pacientes portadores de síndrome do túnel do carpo, em estágios leve a moderado, melhoram através de fisioterapia, mas em estágios moderado a severo têm alívio dos sintomas através de cirurgia. O Hospital Português dispõe de um Serviço de Neurofisiologia Clínica, onde são realizados exames de Eletroencefalograma, Mapeamento cerebral e Eletroneuromiografia. A Eletroneuromiografia é constituída de duas análises. A primeira é a investigação da condução nervosa periférica, onde são feitos pequenos estímulos elétricos no trajeto dos nervos. É nessa primeira análise que é detectada a lesão do nervo mediano em punhos (síndrome do túnel do carpo).
A segunda análise, chamada Eletromiografia(EMG), é a investigação dos músculos através de eletrodos de gulha. Essa análise evidencia os músculos desnervados, contribuindo na investigação da gravidade da Síndrome do Túnel do Carpo, como também para o diagnóstico de radiculopatias secundárias a patologias da coluna vertebral.
As chances de recuperação serão muito maiores se a LER for tratada precocemente. Portanto, previna-se. Preste atenção à ergonomia. Evite posturas onde haja contração estática prolongada, não carregue peso em excesso, faça alongamentos diariamente e, ao detectar os primeiros sintomas, procure ajuda do especialista.
Dra. Daniela de Andrade Morange é Presidente do Capítulo Bahiano da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC)
This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.
Strictly Necessary Cookies
Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.
If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.