Núcleo de Cuidados Paliativos, apoio à família e ao paciente — Hospital Português da Bahia
9 de maio de 2007
Núcleo de Cuidados Paliativos, apoio à família e ao paciente
09 May 2007
Ao longo das últimas décadas, a evolução da tecnologia e dos recursos médicos proporcionou o crescimento da longevidade humana e das possibilidades de prorrogação e sustentação da vida além dos limites naturais. Em certos estágios finais de doença, porém, a expectativa de vida é precária e a insistência do tratamento leva ao sofrimento e ao desgaste.
Para garantir qualidade de vida a pacientes com quadros irreversíveis, que não respondem mais aos tratamentos curativos, o Hospital Português criou, no mês de março, o Núcleo de Cuidados Paliativos. Segundo Dr. Rodolfo Teixeira, oordenador do Núcleo, a Medicina é uma profissão que atua em todas as fases da vida e deve lidar também com o seu fim. “O término da vida foi, até pouco tempo, tratado pela Medicina com uma preocupação menor”, revela.
O Núcleo é formado por uma equipe de especialistas do corpo clínico do Hospital. Além do Dr. Rodolfo Teixeira, participam os médicos Ernane Gusmão, nefrologista, Sandro Scárdua, intensivista, Otoni Raimundo, neuro-cirurgião, e Clarissa Mathias, oncologista. A proposta é atuar em conjunto com o médico do paciente e com colaboradores de diversos serviços, como assistência social, psicologia, enfermagem, fisioterapia e apoio espiritual.
“Paliar significa ajudar, evitar o sofrimento e a dor. E esse é o nosso principal objetivo: dar suporte ao paciente, à família e ao luto, através de uma equipe multidisciplinar”, indica. De acordo com Dr. Rodolfo, é fundamental individualizar a situação específica de doentes que, às vezes, ficam meses hospitalizados: os cuidados incluem o diagnóstico das aspirações do paciente, pois, embora o Hospital possa oferecer o tratamento mais correto e seguro, muitas vezes o desejo do paciente ou de seus familiares inclui a possibilidade de não vivenciar um ambiente estranho e mais agressivo, em uma situação já irreversível.
Ele explica que, em alguns casos, é preferível que o paciente passe os últimos dias de vida no conforto de casa, junto à família. “A UTI é uma área muito importante dentro do Hospital, mas, ao mesmo tempo, é um ambiente estranho, desgastante, que permite visitas curtas e que pode se revelar um centro de infecções”, atesta.
Veracidade e Prudência
O conceito de Medicina Paliativa é originário da Inglaterra, na década de 50, e foi criado pela enfermeira Cicely Saunders, que depois concluiu o curso médico. Ela foi a responsável pela estruturação de alguns princípios, como a prevenção de mais problemas e complicações em pacientes em estágio final de vida; a avaliação da utilidade ou inutilidade de medidas terapêuticas; a ação contra o desperdício de recursos e a veracidade, sensatez e prudência na interação entre médicos, pacientes e familiares, de forma a estabelecer uma relação de confiança e respeito.
No âmbito dos cuidados paliativos, o duplo efeito, situação freqüente em que medicamentos e processos tanto podem ser benéficos quanto maléficos, visa à atitude prudente: apesar de sedar, a morfina precipita a insuficiência respiratória, a hemodiálise que descongestiona é a mesma que choca e o neuroléptico que acalma, também deprime.
Por isso, as atividades do Núcleo priorizaram a conscientização e a educação também entre os profissionais de saúde. “Os médicos encaram a morte como uma atitude de derrota”, diz Dr. Rodolfo Teixeira. Segundo ele, se o profissional não puder lidar com a própria frustração, dificilmente poderá interagir efetivamente no amparo à família.
Cuidados Paliativos
Evitar a distanásia, a morte com sofrimento.
Situar a ortotanásia: a morte serena, sem sofrimento.
Aproximar o doente dos entes queridos.
Analisar a validade de procedimentos de tratamento agressivo.
Evitar despesas inúteis para a família e para o próprio hospital.
Indicar os benefícios de chegar ao fim da vida em casa.
Considerar a hospitalização quando certos cuidados forem impossíveis de serem prestados na residência do paciente.
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