Prevenir é melhor que remediar
18 May 2007
As doenças renais atingem 500 milhões de pessoas em todo o mundo e, segundo estatísticas, a Doença Renal Crônica (DRC) já se configura como epidemia. O número de pessoas acometidas pela enfermidade cresceu 8,8% em 2005. O governo brasileiro gastou naquele ano R$ 1,8 bilhão de reais, 8% de toda a verba do Ministério da Saúde, com 72.872 pacientes em programa de diálise e 28 mil sob cuidados pós-transplante renal.
Os rins têm a função de regular a pressão arterial, filtrar o sangue, eliminar toxinas, controlar a quantidade de sal e água do corpo, além de produzir hormônios como a eritropoietina, importante na síntese dos glóbulos vermelhos do sangue, e a vitamina D, essencial para a saúde dos ossos.
Define-se DRC quando existe alguma lesão na estrutura dos rins ou quando a função deles é diminuída em 60% do normal por mais de três meses seguidos. É classificada em cinco estágios, que podem progredir de forma silenciosa. Por isso, na maioria dos casos, quando a pessoa descobre que está doente, já está em situação crítica. Se diagnosticada em fase inicial, a DRC pode ser retardada ou até mesmo curada, em alguns casos.
A hipertensão arterial e a diabetes tipo 2 são as principais causas da DRC. No Hospital Português, por exemplo, 30% dos pacientes em diálise são diabéticos. A diabetes pode levar à chamada nefropatia diabética, que provoca a perda de proteínas na urina. As glomerulonefrites, a doença renal policística e pedras nos rins também podem levar à DRC. Sinais como inchaço no rosto ou nas pernas, urina com espuma e anemia podem ser um alerta. Exames simples como o sumário de urina, dosagem de creatinina no sangue e ultra-sonografia dos rins podem ajudar no diagnóstico da DRC.
A palavra de ordem é prevenção. É importante que as pessoas que possuem histórico familiar de doenças renais, são hipertensas, diabéticas, ou com mais de 60 anos, façam avaliação médica e exames anuais. Todos devem procurar ter um estilo devida saudável: realizar exercícios físicos regularmente; parar de fumar; manter uma dieta equilibrada, evitando o excesso de sal e gorduras e controlar o peso. Os hipertensos devem manter a pressão em torno de 120×80 mmHg, usando os medicamentos regularmente; os diabéticos precisam controlar o açúcar, mantendo a glicemia de jejum entre 80 a 120 mg/dl.
Referência em transplante renal – No quinto estágio da DRC, o paciente necessita da chamada Terapia Renal Substitutiva: diálise ou transplante. Pioneiro no tratamento das doenças renais na Bahia, o Hospital Português tem programa de hemodiálise desde 1978 e realiza transplantes renais desde 1980 – 98% deles pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Devido ao considerável aumento do número de casos da DRC, a Sociedade Internacional de Nefrologia, em 8 de março do ano passado, instituiu o Dia Mundial do Rim. Em 2007, no Hospital Português, a data foi celebrada com palestras abertas à equipe médica e ao público leigo. Realizadas em parceria com a Sociedade Brasileira de Nefrologia – Regional Bahia, as palestras foram ministradas, respectivamente, pelo Dr. Marcus Bastos, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, e pela Dra. Margarida Dutra, Coordenadora do Serviço de Nefrologia do HP e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Acho que conseguimos alcançar nosso objetivo e chamar tenção para a importância da prevenção desse sério problema de saúde pública”, afirma a médica.