Avanços no tratamento
01 July 2007
Na atualidade, existem tratamentos eficientes para a incontinência urinária e para o prolapso genital. Entretanto, segundo estudos norte-americanos, aproximadamente 50 milhões de mulheres em todo o mundo sofrem de incontinência urinária; de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 20% da população feminina (mais de 500 milhões) têm o problema. A disparidade entre os dados ocorre porque cerca de 50% das mulheres não falam a respeito do assunto, se não forem questionadas, e estima-se que 70% dos médicos não façam perguntas. As estatísticas carecem de precisão e a realidade é mais grave que os números citados.
Para o diagnóstico de incontinência urinária ser obtido, o ginecologista normalmente precisa argüir a paciente, porque não se percebe o problema no exame físico. “Muitas vezes, a incontinência passa despercebida, a paciente acha que é uma coisa normal; tem vergonha de falar ou tem outras queixas mais importantes”, explica Dr. Airton Ribeiro, ginecologista do Centro Médico Hospital Português e Diretor do Corpo Clínico da CAM (Clínica de Assistência à Mulher). A classe médica observa que as mulheres, na pré-menopausa e pós-menopausa (período chamado de “climatério”), apresentam os maiores índices de incontinência urinária e prolapso genital.
Incontinência urinária
Existem quatro tipos de incontinência urinária: a de esforço, que ocorre quando a mulher elimina urina ao se esforçar; a urgência miccional, que provoca vontade súbita e incontrolável de urinar; a incontinência mista, que associa a de esforço com a urgência miccional, e as perdas urinárias por transbordamento ou bexiga espástica, que costumam ocorrer por problemas neurológicos (neurogênicas). Essas últimas, na maioria dos casos, não têm cura.
Partos múltiplos (principalmente normais), deficiência hormonal, excesso de esforço, obesidade e diabetes são alguns fatores que causam a incontinência urinária de esforço, provocada pelo relaxamento do assoalho pélvico, mudança no ângulo da bexiga e diminuição da vascularização para-uretral.
Diferentemente da urgência miccional, que é tratada com medicamentos, a incontinência urinária de esforço é tratada com cirurgias. O Padrão Ouro atual da cirurgia de incontinência urinária é a cirurgia por Slings para-uretrais, que se caracteriza por fitas inseridas na uretra média. A cirurgia de Sling pode ser retro-cúbica (TVT Clássico) e por trans-obturador (TVTTO). A vantagem do TVTTO é que torna desnecessária a cistoscopia.
A cirurgia de Sling, por ser feita pela via vaginal, não deixa cicatrizes, diferentemente das antigas técnicas, que deixavam marcas parecidas com uma cesária. Entre os Slings, destaca-se o compacto Sling TVT Secur, lançado pela Johnson&Johnson. Por ser menor, menos material é introduzido no corpo da mulher, o que diminui a possibilidade de rejeição.
Prolapso genital
O prolapso genital ocorre quando se projetam, através da vagina, a parede da bexiga, ou o útero, o reto ou a trancha vaginal. O prolapso é provocado por um enfraquecimento da musculatura que sustenta os órgãos pélvicos. Pode acontecer por problemas neurológicos, deficiência hormonal, esforços contínuos (partos normais, força para defecar) e é considerado uma hérnia. Ele é mais freqüente nas mulheres idosas.
Quando a mulher tem um prolapso, ela percebe alterações na fenda vaginal. Em alguns casos, sente dor nos membros inferiores e no hipogástiro; pode ocorrer a cistocele, quando somente a bexiga se prolapsa, a retocele, quando o reto se prolapsa, e o prolapso genital total, quando, além dessas estruturas, a parede do útero se exterioriza.
Diferentemente da incontinência urinária, que é diagnosticada na entrevista com o paciente, esse problema, na maioria das vezes, é percebido pelo ginecologista no exame físico. O prolapso, pelo aumento da pressão intra-abdominal, ocorre lentamente. Como os órgãos são exteriorizados, há maior risco de infecções internas, escaras, dificuldades para defecar, dificuldade para o coito, e incontinência urinária. Seu tratamento é feito através de cirurgia corretora.
Os procedimentos cirúrgicos mais modernos são feitos com Telas: um tratamentodefinitivo, pois não há risco de reincidência, e minimamente invasivo. As Telas sustentam os órgãos em seus lugares e asseguram a fertilidade que o prolapso pode prejudicar. Para a cirurgia, abre-se o local do prolapso (a parede anterior ou a posterior) e descola-se toda a área prolapsada. A Tela possui estruturas semelhantes a pequenos braços, que são fixados pela raiz da coxa ou pelas nádegas. Após a implantação da Tela no organismo, acontece uma fibrose, uma reepitelização de células sobre ela, o que impede que o órgão desça novamente.
A Tela é um tratamento mais definitivo que as cirurgias abdominais antigas, que são menos efetivas, pois há muita reincidência. A mais utilizada, atualmente, é a Prolift, da Johnson&Johnson. Ela é feita de Prolene, é macroporosa, monofilamentar, com boa elasticidade, sem prazo de validade, e trata-se de uma cirurgia minimamente invasiva. Após colocar a Tela, os partos naturais, se por ventura ocorrer uma gestação, não são recomendados.