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Muitas doenças, vários tratamentos, algumas curas — Hospital Português da Bahia

1 de julho de 2007

Muitas doenças, vários tratamentos, algumas curas

01 July 2007

Os cânceres têm em comum o  crescimento desordenado de células indiferenciadas (sem função especializada), que invadem outros tecidos e órgãos próximos ou em outras regiões do corpo. Algumas se dividem rapidamente  e tendem a ser agressivas, provocando  a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas.
Apesar de geralmente o câncer se manifestar como tumor, nem todo tumor é câncer, isto é, nem todo tumor é maligno. A malignidade é dada pela infiltração de  tecidos vizinhos (invasão) ou à distância (metástase). De modo simples, quando o tumor cresce e apenas empurra o que está ao seu redor, sem infiltrar, ele é benigno; quando invade e infiltra, é maligno.

Qualquer mancha ou sinal, gânglio ou tumoração que se perceba é motivo para ir ao médico. Os casos em que essas alterações existem desde a infância e não mudam suas características, com o passar do tempo, preocupam menos – o que não quer dizer que é certo que serão inofensivas por toda a vida: se houver mudança de forma, tamanho, cor, consistência ou aparecer dor ou coceira, deve-se procurar um especialista.

São vários os tratamentos para o câncer: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e, modernamente, as terapias biológicas. O mais antigo e de  maior impacto é cirurgia. É o que proporciona maior taxa de cura e melhoria da qualidade de vida dos pacientes, principalmente quando diagnosticados em estágios precoces, fato que tem ocorrido, com maior freqüência, nos últimos anos.

As cirurgias podem ser radicais (com possibilidade de cura) ou paliativas. A radical tenta extrair em sua totalidade o tumor e os linfonodos (gânglios) próximos. A paliativa tenta evitar dor, sangramento, disfunção ou obstrução de órgãos. Associada a outras terapias suportivas, é indicada quando não há possibilidade de cura, por exemplo, quando o tumor não pode ser extraído por ter invadido uma estrutura nobre, que não pode ser retirada, ou então quando o próprio estado do paciente não permite a cirurgia radical.

A definição do tratamento depende principalmente da histologia (a biologia dos  tumores é diferente) e do estágio da doença. Um tumor de tireóide, por exemplo, é altamente curável com cirurgia, aliada à iodoterapia, mesmo em estágios mais avançados. Para outros, como o câncer de pulmão, mesmo nos tumores  localizados (estágios precoces) é indicada a terapia adjuvante (quimioterapia), porque este tem alta taxa de mortalidade, de 30% nos tumores iniciais, ultrapassando 80% nos mais avançados. Vacinas contra esse tipo de câncer já estão em fase de testes.
No tumor de mama, a indicação ou não da quimioterapia vai depender do estágio.  O tratamento varia de acordo com o estadiamento do tumor (tamanho, características biológicas e a ocorrência de invasão das axilas ou metástase). Para um tumor pequeno e com uma biologia favorável, basta uma cirurgia  chamada conservadora. Nesses casos, não é preciso tirar a mama completamente: apenas o tumor ou uma parte da mama. Para um tumor maior ou com uma biologia agressiva, se indica uma retirada total da mama, às vezes um  esvaziamento dos linfonodos da axila, e a depender dos resultados da cirurgia, pode ser necessária a quimioterapia e/ou radioterapia.

A quimioterapia e a radioterapia possuem efeitos colaterais desagradáveis, como  enfraquecimento das unhas, queda de cabelo (alopecia), ressecamento da pele, inflamação das mucosas, náuseas, vômitos e diarréia. Isso acontece porque essas terapias agem indiscriminadamente em todas as células que se multiplicam de  forma rápida. Com o advento de drogas que amenizam esses efeitos, contudo, o desconforto dos pacientes tem diminuído.

De uma maneira geral, a cura completa do câncer é conseguida em 30 a 40% dos casos. Porém, cânceres de testículo, tireóide e linfoma, têm taxa de cura superior  a 80%. Existem diversos fatores a serem levados em conta, como idade e diagnóstico precoce. As leucemias, principalmente na criança e no adolescente, são altamente curáveis: as taxas de cura superam 90%, com terapias mais modernas ou com o transplante de medula óssea, quando indicado.

(Colaboraram os doutores Clarissa Mathias, Marcos Valverde e Maria Lúcia Batista)