Um gesto solidário que pode fazer bem à saúde
01 July 2007
Segundo a AABB – Associação Americana de Bancos de Sangue, 60% dos norte-americanos precisarão de sangue alguma vez na vida, mas apenas 2% da população doam sangue ao menos uma vez por ano. Portanto, a demanda é bem maior que a disponibilidade. No Brasil, estima-se que apenas 1% da população doe sangue uma vez por ano. Além de ser uma prática solidária, a doação de sangue pode contribuir para o bem-estar e a saúde de muitas pessoas.
Para o ocidental saudável, a doação é potencialmente benéfica à saúde. No Brasil, como em todo o ocidente, o consumo de carne é relativamente alto e, em conseqüência desse hábito, o corpo absorve muito ferro, constituindo sólidas reservas. Mas o ferro acima de certos níveis é tóxico.
A quantidade de ferro no organismo pode ser conhecida através da dosagem de ferritina no sangue. Ao submeter-se a um check-up, assegure-se de que o médico solicite a sua dosagem de ferritina. Mulheres com mais de 120 ng/mL e homens com valores iguais ou superiores a 150 ng/mL devem, sim, submeter-se a doações periódicas, duas a três vezes por ano. Perder ou doar sangue é a única maneira de remover quantidades substanciais de ferro do corpo. Por outro lado, pessoas com ferritina inferior a 20 ng/mL devem abster-se de doar sangue.
No organismo, o sangue é o tecido que mais contém ferro, mas o excesso de ferro causa problemas de saúde e pode trazer terríveis conseqüências. Um estudo divulgado no site da Associação Médica Americana, há quatro anos, revelou que provavelmente 25% dos diabéticos do mundo teriam adquirido a doença em função da elevada quantidade de ferro. A doação é importante, em especial para os homens, pois as mulheres têm o ferro reduzido, em razão das perdas menstruais.
Para doar sangue, é preciso ter níveis adequados de células vermelhas e hemoglobina, o que é conferido em exames prévios, a cada doação. Ademais, é preciso pesar pelo menos 60 quilos; o processo dura aproximadamente 20 minutos. Quem nunca doou sangue, pode sentir leve tontura ou sudorese, decorrentes do receio, ou da leve redução da pressão sanguínea provocada pela perda do líquido. Para eliminar esses sintomas, basta hidratar-se adequadamente e adotar uma atitude positiva. Em doações subseqüentes, as pessoas perdem o medo e o corpo aciona mecanismos que eliminam esses efeitos.
Assim, doar sangue é um ato importante; e vital para os receptores. Para proteger os receptores são realizados os chamados testes sorológicos. A legislação brasileira obriga a pesquisa das seguintes doenças: HIV, hepatite C, hepatite B, HTLV I/II, doença de chagas, sífilis e hemoglobina S. Há ainda a pesquisa dos anticorpos irregulares no sangue do doador.
Excluídas as doenças transmissíveis, ou seja, estando o sangue liberado para uso clínico, células vermelhas de cada unidade a ser transfundida são previamente testadas contra o soro dos receptores, através de testes conhecidos como provas de compatibilidade.
O advento da AIDS teve grande impacto na evolução dos procedimentos hemoterápicos. Na atualidade, os riscos da transfusão são desprezíveis, devido aos cuidados técnicos e aos avanços nos exames feitos no doador e receptor, que se tornaram infinitamente mais seguros. “Doar sangue é inócuo e benéfico, e tem uma importância para o paciente que o doador não pode avaliar”, afirma o hemoterapeuta Dr. Estácio Ramos, coordenador da Unidade de Hemoterapia do Hospital Português, filiada ao Instituto de Hematologia da Bahia. Na Instituição, esse Serviço existe há 46 anos, sem registro de transmissão transfusional de doenças aos pacientes atendidos. Os procedimentos nesse sistema de hemoterapia seguem padrões rigorosos de precisão e qualidade.
Código de barras
Está em fase de implantação no Hospital Português e em vários hospitais de Salvador, um sistema de códigos de barra para identificar as bolsas de sangue. Com a mudança, o trânsito e destino das bolsas poderão ser aferidos através de scanners, fato que vai simplificar e aprimorar o processo.
O Hospital tem uma agência transfusional de qualidade comparável aos maiores centros de saúde do mundo. Todos os aparelhos são de última geração, como os equipamentos de aférese, que fracionam o sangue, e podem ser utilizados em procedimentos terapêuticos ou para a coleta de células (principalmente plaquetas) para transfusões. Não há diferenciação entre pacientes, independentemente de serem clientes de planos de saúde ou do SUS.
A equipe de Hemoterapia é formada por médicos especialistas, enfermeira e técnicos especializados. O profissional responsável pelas transfusões é o hemoterapeuta. A hemoterapia é a especialidade da Medicina responsável pela transferência de células ou componentes sanguíneos de uma pessoa para outra. Ela é necessária toda vez que a falta de um componente do sangue ameaça a qualidade de vida ou a saúde de algum paciente.