Diga não ao hábito de fumar
14 September 2007
As patologias respiratórias, causadas pelo cigarro, representam um problema de saúde pública global, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estatísticas mostram que 50% dos fumantes morrem em função do agravamento de doenças que tiveram origem no tabagismo. Instituído como o Dia Mundial Antitabagismo, 31 de maio é uma data oportuna para refletir sobre as conseqüências do hábito de fumar.
Existem, na composição do fumo, de 2.500 a 2.700 substâncias químicas. Quando ele é queimado, elas chegam a mais de 4.700. Muitas dessas são nocivas, na fase gasosa e sólida, e podem causar inflamação crônica nas vias aéreas e nos pulmões. O cigarro causa danos de forma gradual, proporcional à quantidade consumida e ao tempo de exposição. Atualmente, há mais de um bilhão de fumantes no mundo, o equivalente a um terço da população global.
O hábito de fumar afeta o organismo de várias formas. É responsável pela redução da fertilidade de homens e mulheres. Altera a capacidade reprodutiva do homem, gerando impotência. Entre as fumantes é maior a incidência de abortos, complicações na gravidez e de câncer do colo do útero. O tabagismo causa doenças cardiovasculares, úlcera péptica, osteoporose, cânceres de pulmão, laringe, faringe, boca, esôfago, rins, bexiga e pâncreas e as Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (DPOCs).
Os fumantes passivos também podem Ter problemas. Crianças que têm pais fumantes, por exemplo, têm o risco de contrair infecções respiratórias aumentado de duas a três vezes. Podem, inclusive, desenvolver pneumonias. Outras doenças do aparelho respiratório, como rinite e asma, são agravadas pela presença do cigarro no ambiente.
Segundo especialistas, a melhor forma de prevenir doenças no aparelho respiratório é não fumando ou parando de fumar. Caso o fumante tenha esse desejo, mas sinta dificuldade em executá-lo, deve procurar um médico pneumologista para orientá-lo.
Doenças que têm origem no vício
O enfisema pulmonar e a bronquite crônica são Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (DPOCs). Em dez casos de DPOCs, nove são causados pelo cigarro. Elas agem afetando o fluxo de ar para os pulmões, pois danificam, de forma irreversível, as vias aéreas (brônquios centrais e periféricos), o pulmão e os vasos pulmonares.
Eram doenças essencialmente masculinas, contudo, nos últimos 20 anos, a mortalidade por DPOC, em mulheres, dobrou. Segundo o Consenso Brasileiro de DPOC, criado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, mais de 5,5 milhões de brasileiros são atingidos pelo problema. Essas doenças são responsáveis por 85 mortes diárias no País.
Mesmo que alguns sintomas específicos predominem sobre outros, em geral o paciente tem uma mescla da bronquite crônica e do enfisema pulmonar. Por isso, as duas enfermidades receberam a classificação de DPOC. A dificuldade respiratória é a principal característica da DPOC.
Os enfermos precisam fazer tanto esforço energético, ara respirar, que alguns perdem peso. A capacidade física do indivíduo é reduzida gradualmente e pode chegar à insuficiência respiratória crônica, requerendo o uso crônico de oxigênio suplementar. Nesses casos, os pacientes ficam totalmente dependentes da ajuda de terceiros e de remédios.
O diagnóstico da doença é clínico. Por isso, é importante consultar-se periodicamente com um médico clínico ou procurá-lo ao constatar sintomas como tosse crônica e dispnéia. Ele fará encaminhamento para o pneumologista, que tratará a doença, com o objetivo de interromper a sua progressão. O médico identifica sintomas da DPOC e pede uma prova de função pulmonar. A confirmação vem pelo exame de espirometria, que demonstra a obstrução e o seu grau. Quanto mais precocemente for feito o diagnóstico, menores os danos ao pulmão e melhor qualidade de vida terá o paciente.
Os remédios tratam apenas os sintomas. A doença, em si, é irreversível, se as infecções decorrentes não forem controladas, o doente pode morrer em alguma crise. O pulmão de um portador de DPOC não tem a mesma condição de defesa que teria em condições normais. A mucosa que reveste o brônquio fica alterada e seus cílios, que têm a função de remover a secreção e os agentes nocivos, ficam paralisados pela presença da fumaça do cigarro.
O tratamento é feito com medicações que melhoram a função pulmonar – os broncodilatadores e corticosteróides. Nas exacerbações, pode haver necessidade e internamento hospitalar e uso de antibióticos, oxigênio e até, em casos mais severos, do uso de ventilação mecânica.