Maior precisão no diagnóstico de doenças cardiovasculares — Hospital Português da Bahia
10 de setembro de 2007
Maior precisão no diagnóstico de doenças cardiovasculares
10 September 2007
As doenças cardiovasculares, principal causa de óbitos no Brasil, são diagnosticadas com precisão através dos métodos de bioimagem. A cintilografia do miocárdio, o ecocardiograma, a tomografia computadorizada e a nova ressonância magnética de 3 Tesla identificam, com grande confiabilidade, problemas no pericárdio, na aorta e no miocárdio. O Serviço de Bioimagem do Hospital Português é completo: possui os mais modernos equipamentos do Estado, a fim de oferecer laudos precisos, garantindo ao médico e ao paciente a segurança dos procedimentos indicados.
Fatores de risco para doenças cardíacas, como obesidade, hipertensão, hipercolesterolemia e diabetes são cada vez mais comuns, devido à alimentação inadequada, ociosidade e ao estresse da vida contemporânea. Contudo, em contrapartida ao aumento da incidência das cardiopatias, graças aos métodos de investigação atualmente disponíveis, é possível chegar a um diagnóstico precoce, facilitando a cura ou o controle das doenças.
No final de 2006, o Hospital adquiriu máquinas de alta tecnologia para o Serviço de Bioimagem, que estão sendo instaladas gradativamente: o aparelho de ressonância magnética de 3 Tesla, o tomógrafo computadorizado multi-slices de 64 canais, a gama câmara de duas cabeças, o aparelho de ultra-sonografia multi especialidade EnVisor e o sistema cardiovascular flat detector – Hemodinâmica. Hoje, o Hospital Português é o único na Bahia a ter um aparelho de ressonância magnética de 3 Tesla em funcionamento.
A ressonância é um dos métodos utilizados para a avaliação do músculo cardíaco. O exame indica se o músculo está sendo ou não bem irrigado pelas artérias coronárias, e no caso de irrigação deficiente, avalia se um procedimento cirúrgico seria benéfico para o paciente. A ressonância magnética de 3 Tesla possibilita, ainda, a avaliação funcional do coração, pois permite o estudo do órgão em funcionamento. Dessa forma, o médico pode observar a contratilidade das paredes e o funcionamento das válvulas cardíacas.
O diagnóstico de isquemia miocárdica também pode ser dado por outros métodos, como o ecocardiograma, cintilografia miocárdica e tomografia. Para a isquemia, a tomografia com múltiplos detectores é utilizada na realização do escore de cálcio, que permite a quantificação das placas de cálcio presentes nas artérias coronárias (vasos que nutrem o coração), e através deste resultado, classifica o paciente em grupos de maior ou menor risco para o desenvolvimento de um evento isquêmico. O escore de cálcio não utiliza meio de contraste endovenoso.
A tomografia com múltiplos detectores também realiza a angiotomografia das artérias coronárias (esta, utilizando o meio de contraste). O exame possibilita ao médico acesso a informações sobre a distribuição anatômica dos vasos no coração, facilitando o diagnóstico das anomalias coronárias. O aspecto da luz vascular, também fornecido pelo aparelho, permite a visualização de estreitamentos ou obstruções causados por placas – que podem se traduzir clinicamente como angina e infarto. A tomografia avalia a parede vascular e é um método de acompanhamento pós-operatório dos enxertos vasculares, Stents e angioplastias.
Além da utilidade para o diagnóstico de doenças do miocárdio, a ressonância magnética é geralmente o método utilizado para estudo das doenças do pericárdio. Permite o diagnóstico e acompanhamento dos derrames pericárdicos, pericardites, ausência congênita do pericárdio, massas pericárdicas, etc.
A aorta, principal artéria do corpo humano, pode ser avaliada por diversos métodos de imagem. Uma simples radiografia do tórax confere informações sobre o curso, calibre e presença de calcificações na parede do vaso, permitindo ao médico prosseguir a investigação diagnóstica de forma direcionada. Para a avaliação da aorta abdominal, é possível utilizar a ultra-sonografia com Doppler. Além das informações sobre curso, calibre e placas parietais, ela avalia o padrão do fluxo sanguíneo no vaso e fornece subsídios que podem levar o médico a concluir dissecção aórtica, aneurismas e outras doenças que acometem a artéria.
A tomografia computadorizada convencional também avalia a aorta, através do uso de meios de contraste endovenosos, fornecendo informações mais completas a respeito de patologias no vaso. O Hospital Português adquiriu recentemente um aparelho de tomografia com 64 canais (ainda não instalado), que representa uma evolução dos tomógrafos convencionais que utilizam apenas um canal. A máquina forma imagens com grande riqueza de detalhes, o que dá maior precisão ao diagnóstico.
Isquemia do miocárdio Nos EUA, ocorrem 400 mil mortes súbitas por ano. Estima-se que 80% dessas mortes são causadas por doenças coronárias, como a isquemia. No Brasil, são as doenças que mais levam a óbito. A isquemia se dá quando falta oxigênio em algum tecido. No coração, ocorre quando uma das artérias que irrigam o músculo cardíaco sofre alguma obstrução, provocando infarto, angina ou morte súbita. A isquemia pode ser silenciosa e não provocar sintomas, ou pode se comportar como a angina, que provoca dor no peito. O tratamento costuma ser clínico ou através de cirurgia de revascularização do miocárdio, que pode ser invasiva ou não, a depender do estado do paciente.
Doenças do pericárdio A doença cardíaca mais freqüente é a pericardite ou inflamação no miocárdio. O problema ocorre com uma incidência desconhecida, pois seu sintoma mais comum, o desconforto torácico, costuma ser atribuído à gripe, virose ou outro problema respiratório. A doença tem como causa os processos virais e, na maioria das vezes, não é perigosa. Normalmente, sua resolução é espontânea. Numa pequena proporção dos casos, todavia, ocorre o tamponamento cardíaco: na região inflamada em volta do coração, pode se formar um acúmulo de líquido, que comprime o órgão, afetando o bombeamento do sangue. O tamponamento cardíaco é uma complicação posterior a uma pericardite. O problema pode ser contornado por drenagem e remédios.
Doenças da aorta A aorta é uma estrutura vascular que sai do coração e leva sangue para todo o organismo. Duas doenças costumam ser mais freqüentes nessa artéria: aneurisma e dissecção. O aneurisma é uma dilatação aberrante e disforme do vaso, que pode se romper, gerando uma complicação potencialmente fatal. Costuma ser causado por hipertensão arterial ou síndromes congênitas. A dissecção da aorta é uma patologia gravíssima e consiste numa lesão (fissura) na parede interna da artéria. O sangue, bombeado, pressiona o local, abrindo ainda mais a falha. O paciente sente forte dor torácica e os exames de imagem ajudam a diagnosticar esses casos com rapidez. O tratamento deve ser individualizado conforme a situação: no caso do aneurisma, pode-se colocar um tubo artificial, por intervenção cirúrgica ou uma endoprótese por via percutânea, quando o diâmetro for maior que 5,5 a 6,0 cm. No caso da dissecção, uma cirurgia para suturar o local, com a colocação de um tubo, o uso de endoprótese ou controle clínico medicamentoso são as opções para a abordagem da lesão.
Como prevenir cardiopatias Homens acima de 60 anos, mulheres acima de 55 e pessoas com fatores de risco devem procurar anualmente um cardiologista. As cardiopatias podem surgir combinadas, porque os fatores de risco são os mesmos. A hipertensão arterial, por exemplo, causa doenças da aorta e isquemia do miocárdio. A abordagem do mesmo fator pode prevenir mais de uma complicação. Hábitos saudáveis podem prevenir doenças do coração. Deve-se tomar cuidado com as taxas de triglicérides e colesterol, com o peso, hipertensão, diabetes e glicemia. A medida da circunferência da cintura é um fator de risco importante para os problemas cardíacos. Os homens devem ter menos de 102 centímetros e as mulheres menos de 94 centímetros. Quando os principais fatores de risco (glicemia, colesterol e triglicérides altos, além da obesidade) estão presentes, o paciente sofre de síndrome metabólica, pois os problemas estão interligados. O obeso tende a ficar hipertenso e o obeso hipertenso tende a ser diabético, por exemplo. A síndrome metabólica é um fator de risco conhecido para a doença coronária. O fumo é o principal fator de morte evitável. O tabagismo, como fator isolado, aumenta de três a quatro vezes as chances de problemas dessa natureza.
Colaboraram: Dr. Magid Abud, coordenador do serviço de Bioimagem; Dra. Mariana Gonçalves, radiologista; e Dr. Alexandro Fagundes, cardiologista.
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