Avanços no tratamento do Câncer de Mama — Hospital Português da Bahia
15 de outubro de 2007
Avanços no tratamento do Câncer de Mama
15 October 2007
No Brasil, o câncer de mama é a neoplasia maligna mais freqüente entre as mulheres. Estima-se que no ano de 2006 ocorreram cerca de 48.930 novos casos de câncer de mama, representando 28% de todos os casos de câncer nas mulheres. O tratamento do câncer de mama sofreu importantes modificações nos últimos anos, sobretudo com o advento da cirurgia conservadora (Quadrantectomia) preconizada por Veronesi, em 1981, para o tratamento da neoplasia maligna da mama no seu estádio inicial.
As pacientes com carcinoma de mama inicial submetidas à quadrantectomia clássica devem ser tratadas com radioterapia no pós-operatório. Esse tratamento radioterápico dura em torno de 5 a 6 semanas e visa à redução de recidivas locais. Alguns trabalhos, entre os quais, o de maior relevância, o trial Milan III, mostraram que, em torno de 85-90% dos casos de recidivas locais, ocorrem no mesmo quadrante do tumor primário e surgem nos primeiros anos de acompanhamento. Logo, a radioterapia localizada apenas no quadrante acometido pelo tumor e não em toda a mama, passou a ser apontada como uma alternativa.
A radioterapia intra-operatória (eletronterapia intra- operatória – E.T. I.) consiste na aplicação de dose única de radiação, durante o ato cirúrgico, no tecido vizinho à massa tumoral removida.
Esta modalidade de tratamento já é preconizada desde 1999 pelo Instituto Europeu de Oncologia em Milão. A Aplicação é feita em uma sala de cirurgia, especialmente blindada contra vazamento da radiação, e o feixe de elétrons é aplicado através de um acelerador linear de dimensões reduzidas e móvel – o NOVAC 7.
Após seleção criteriosa da paciente e do seu consentimento pós informado, é feita a marcação radioguiada da lesão na mama (tumores não palpáveis) e do linfonodo sentinela no pré-operatório. A cirurgia consiste na quadrantectomia clássica com avaliação de margens cirúrgicas no intra-operatório e biópsia radioguiada do linfonodo sentinela. Sendo a biópsia de congelação negativa, prossegue-se o preparo do leito a ser irradiado e posteriormente a preparação para aplicação de elétrons na sala de radioterapia, o que dura em torno de sete minutos.
A indicação da eletronterapia intra-operatória é nos casos de carcinoma ductal infiltrativo menor que 3 cm com linfonodo sentinela negativo no exame de congelação. O procedimento pode ser feito em pacientes com idade superior a 40 anos, com tumores sem comprometimento de pele, ausência de componente intraductal extenso, com lesão circunscrita na mamografia, ultra-sonografia e ressonância nuclear magnética e comprovação de margens cirúrgicas livres.
As principais vantagens consistem no tempo reduzido para o tratamento, diminuição da toxicidade local aguda e crônica, redução do intervalo para a quimioterapia adjuvante, redução de custos, proteção contra recidiva local e ausência de irradiação de tecido sadio das demais partes da mama e dos órgãos torácicos.
A radioterapia intra-operatória da mama propicia um menor tempo de tratamento e conseqüentemente menor trauma à mulher. Melhorando sua qualidade de vida e fazendo-a retomar mais rapidamente as suas atividades habituais. Portanto, a E.T.I. torna-se cada vez mais promissora, tornando-se uma ferramenta fundamental no tratamento do carcinoma inicial de mama.
Dra. Narjara Celi Oliveira Monteiro é Mastologista, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Mastologia e Membro Adjunto do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Foi membro do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio Libanês em São Paulo, um dos pioneiros centros de Radioterapia intra-operatória de Câncer de Mama no Brasil.
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