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Principal órgão do corpo humano, o cérebro é responsável por gerar todos os comportamentos do indivíduo — Hospital Português da Bahia

1 de janeiro de 2009

Principal órgão do corpo humano, o cérebro é responsável por gerar todos os comportamentos do indivíduo

01 January 2009

O sistema nervoso é uma estrutura que existe em todas as partes do corpo humano e é dividido em sistema nervoso central – que fica dentro da caixa craniana e coluna vertebral – e sistema nervoso periférico, fora dos ossos. O sistema nervoso é capaz de gerar todos os nossos comportamentos, desde a alimentação, comportamento sexual, sono e alerta,
passando por situações de ataque e defesa e ajustes vegetativos relacionados à manutenção da pressão arterial, glicemia, hormônios sexuais, entre outras funções.

O neurologista Ailton Mello, especialista que atende no Centro Médico Hospital Português, diz que é incorreto considerar que o coração é o principal órgão do ser humano, conforme muitas pessoas acreditam. Ele atribui o equívoco ao fato das pessoas creditarem ao coração a capacidade de atuar como o centro das emoções. “É um grande engano. O coração é um órgão mecânico que serve apenas para bombear sangue. Cabe ao cérebro ser o órgão que gera o amor, raiva, angústias, medos e elabora desde óperas a belas jogadas de futebol”, esclarece o médico.

Apesar do avanço constante, e a passos largos, da medicina, como um todo, ainda falta descobrir muito sobre o cérebro. Entretanto, ressalta Dr. Ailton, desde o início do século passado, quando Santiago de Jamon y Cajal e Camilo Golgi ganharam o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia – o primeiro pela criação da teoria do neurônio e o último por criar
uma técnica capaz de demonstrar a célula nervosa – “o conhecimento acerca do sistema nervoso tem apresentado crescimento exponencial”.

“Desse modo, atualmente já existe uma classificação bastante eficiente do sono, conhecemos suas estruturas geradoras e principais enfermidades; as velocidades das diversas fibras do sistema nervoso periférico já são conhecidas; e as técnicas de visualização do sistema nervoso, após o advento da tomografia computadorizada de crânio e, posteriormente, da ressonância magnética, já permitem apreciar, com precisão,
todas as partes do sistema nervoso”, cita os avanços Dr. Ailton.

“Após o advento de modernas técnicas de visualização das artérias e veias do cérebro e medula espinhal, toda a rede vascular é visualizada, o que veio revolucionar as técnicas de tratamento das enfermidades neurocirúrgicas. Há muito, também, já podemos avaliar o metabolismo cerebral com as técnicas de SPECT e PET-Scan e já podemos determinar
as áreas cerebrais relacionadas com a emissão de comportamento”, continua.

Especialistas afirmam que ainda não se sabe bem como o sistema nervoso funciona e qual a lógica utilizada por ele para produzir, por exemplo, pensamentos geniais ou perversos. As enfermidades do sistema nervoso, em sua maioria, ainda não são completamente entendidas, o que torna difícil o encontro da cura. Entretanto, atualmente, a medicina atravessa uma fase em que muitos progressos têm sido feitos e a qualidade
de vida do paciente neurológico obteve melhora significativa a partir dos avanços obtidos na compreensão do sistema nervoso.

“Temos aproximadamente um trilhão de células no sistema nervoso. Cada uma delas fazendo de dezenas a milhares de conexões. Sem mencionar que a comunicação não é uniforme e pode ser feita através de informações iônicas, elétricas ou químicas, com a utilização de múltiplas substâncias em um mesmo neurônio (célula nervosa). Verificamos
que a compreensão do sistema nervoso é extremamente difícil. Devemos levar em consideração a grande capacidade de plasticidade que ele tem, que tem grande redundância de células – em série e em paralelo.

Utilizadas para fazer a mesma tarefa, o que permite a recuperação de lesões cerebrais extensas, como as que ocorrem nos acidentes vasculares encefálicos. Esta plasticidade é sempre maior em indivíduos jovens e submetidos a estímulos. Entretanto, falta-nos compreender como estes estímulos atuam no processo de regeneração da função”, destrincha o especialista.

O cérebro é, hoje em dia, uma estrutura mais acessível do que já foi. Atualmente, com as técnicas de imagem e métodos da, assim chamada, radiologia intervencionista, pode-se ver toda a anatomia do indivíduo vivo e ter acesso à fisiologia vascular através do Doppler
Transcraniano. “Temos idéias claras de que algumas regiões cerebrais estão mais ativas – quando da emissão de determinados comportamentos – e teorias que nos permitem antever que, dentro em pouco, as próteses estarão cada vez mais integradas ao membro
comprometido. Já tivemos a década do cérebro, mas com os avanços atuais, até o final deste século, a compreensão do sistema nervoso estará ao alcance de todos”.

Dr. Ailton afirma que existem meios de prevenir o mau funcionamento do cérebro. Para tanto, as pessoas devem manter-se intelectualmente ativas, fazer exercícios físicos regularmente e combater os fatores que favorecem o aparecimento da aterosclerose, como fumo, obesidade, hipertensão arterial, aumento de colesterol e triglicérides. “Devemos todos trabalhar, ler, nos exercitar, comer bem e viver em família e com os amigos. A solidão e ócio intelectual são os principais inimigos do sistema nervoso”.

O cérebro, segundo Dr. Ailton, envelhece junto com o restante do organismo. Com o passar do tempo, há alterações na morfologia e bioquímica cerebrais, o que favorece o aparecimento das doenças como Parkinson, Alzheimer e Acidente Vascular Encefálico. Na infância, a paralisia cerebral acomete de uma a três crianças, em cada 1.000 nascidas
vivas.

Diante de todo o conhecimento que já se tem sobre o cérebro, Dr. Ailton afirma não haver justificativa para o temor e desconfiança das pessoas, diante do diagnóstico de morte cerebral. A desinformação, muitas vezes, impede a doação de órgãos. “Somos um povo que lê pouco e ,consequentemente, tem pouca informação. Desse modo, cabe à sociedade como um todo e principalmente aos órgãos do governo, explicar que a morte cerebral é um conceito de irreversibilidade já aceito em todo o mundo civilizado, sendo a doação de órgãos essencial para salvar vidas”, conclui Dr. Ailton Mello.

Doenças diagnosticadas e tratadas com mais frequência

Doenças Cerebrovasculares (popularmente conhecidas como
“derrame”);
• Cefaléias e Enxaquecas (dores de cabeça);
• Epilepsias (convulsões)
• Transtornos da Memória e do Intelecto (demências);
• Doença de Parkinson;
• Doença de Alzheimer;
• Doenças Desmielinizantes (como Esclerose Múltipla);
• Esclerose Lateral Amiotrófica;
• Doenças dos Nervos Periféricos (neuropatias periféricas);
• Miopatias (doenças musculares);
• Meningites e encefalites;
• Doenças infecciosas do sistema nervoso;
• Sintomas de doenças neurológicas:
• Dificuldade de engolir;
• Fraqueza de braços ou pernas;
• Formigamentos em uma ou várias partes do corpo;
• Tonturas e desequilíbrio;
• Dores de cabeça;
• Distúrbios da memória;
• Anormalidades na visão (visão dupla, perda de campo visual);
• Perdas de consciência;
• Desmaios;
• Dor;
• Sintomas que podem indicar meningite, como dor de cabeça,
febre e rigidez de nuca;
• Dores musculares sem nenhuma causa aparente;
• Tremores;
• Câimbras;
• Dificuldades para andar;
• Alterações na fala.

Fonte:  Dr. Ailton Mello, neurologista que atende no Centro Médico Hospital Português e  www.abneuro.org