O Dia Mundial do Rim — Hospital Português da Bahia
29 de março de 2009
O Dia Mundial do Rim
29 March 2009
Comemora-se, no dia 12 de março, o Dia Mundial do Rim. Esta data foi instituída, em 2006, pela Sociedade Internacional de Nefrologia, visando alertar gestores, profissionais de saúde e a população em geral, sobre os riscos da Doença Renal Crônica (DRC). Nesta data, em 100 países nos 6 continentes, os nefrologistas estarão realizando campanhas de conscientização sobre a importância da detecção precoce e prevenção da DRC. A redução das doenças infecciosas e aumento da sobrevida da população, a maior prevalência da diabetes e hipertensão, têm levado a uma incidência crescente da DRC, já sendo citada como “a epidemia do século”.
Um milhão e meio de pessoas em todo o mundo são mantidas vivas através de algum tipo de Terapia Renal Substitutiva (TRS), seja hemodiálise (diálise extra-corpórea), diálise peritoneal (diálise intra-corpórea) ou transplante renal. Este número deve dobrar nos próximos 10 anos, e os custos globais acumulados desses tratamentos poderão comprometer os orçamentos para a Saúde Pública na maioria dos paises. A DRC também é fator de risco importante para a doença cardiovascular.
No Brasil, em 2008, de acordo com censo realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, 87.044 pacientes realizavam diálise (89% hemodiálise) e havia 28.000 pacientes em acompanhamento após transplante renal. O número de pacientes em programa de diálise vem crescendo 8% ao ano, com gastos anuais superiores a 2 bilhões de reais. Com uma incidência de 141 casos novos por milhão de população (pmp), cerca de 27.000 novos pacientes iniciaram terapia dialítica no ano passado. As estatísticas mostram também que para cada paciente que inicia algum tipo de diálise, há entre 30 a 50 nos estágios iniciais da doença. Com base nestes dados, estima-se que temos entre 2,6 a 4,3 milhões de brasileiros com DRC e 60% não sabem disso, já que a DRC pode cursar totalmente assintomática nos estágios iniciais e só se manifestar tardiamente.
De acordo com critérios atuais, a DRC é classificada em 5 estágios, com base na taxa de filtração glomerular, que nos é dado pelo exame “clearance” de creatinina que utiliza dosagens de creatinina no sangue e na urina de 24 horas, ou utilizando-se apenas a dosagem de creatinina sanguínea e fazendo a estimativa por fórmulas. Se considerarmos a função renal em percentual, no estágio 1 a função é normal, mas já existem evidências de lesão renal como perda de proteínas na urina ou alterações renais à ultrassonografias. No estágio 2 a unção estaria entre 60 a 89% do normal; no estágio 3, entre 30 a 59%; no estágio 4, entre 15 a 29% e, no estágio 5, menor que 15, que é o momento no qual o paciente vai necessitar diálise ou transplante.
As principais doenças que levam à DRC no Brasil são: hipertensão arterial, diabetes e glomerulonefrites crônicas. Além destas, temos doenças hereditárias como a doença renal policística, doenças auto-imunes como o lupus eritematoso sistêmico, a presença de cálculos (pedras) nos rins, nefrite intersticial causada pelo uso prolongado de analgésicos e antiinflamatórios, infecção urinária alta, dentre outras.
Os principais grupos de risco para DRC são os hipertensos, diabéticos, obesos, fumantes, pessoas com mais de 60 anos e familiares de pessoas com problemas renais, e, é esta população que merece maior atenção para se atuar preventivamente. Recomenda- se uma visita médica anual com aferição da pressão arterial, dosagem de glicemia, da creatinina para estimar a função renal, sumário de urina e ultrassonografia de aparelho urinário. Medidas simples de modificação do estilo de vida, como evitar o fumo, ter uma dieta saudável e a prática de exercícios físicos regulares para evitar a obesidade, o controle rigoroso da diabetes e da pressão arterial podem prevenir ou identificar a evolução da DRC. Nefrologistas, cardiologistas, endocrinologistas e clínicos gerais devem atuar, através destas medidas simples, na detecção precoce, prevenção e tratamento da DRC.
A equipe de Nefrologia do Hospital Português foi pioneira, na Bahia, no tratamento das doenças renais, tendo iniciado o programa de hemodiálise crônica no final dos anos 70 e o transplante renal já no início dos anos 80, tendo realizado cerca de 400 transplantes renais com excelentes resultados. No Dia Mundial do Rim, como nos anos anteriores, a equipe estará realizando atividades educativas de prevenção da doença renal crônica, única maneira de evitar o sofrimento de muitos pacientes e também de reduzir gastos substanciais no sistema de saúde. E, como diz o slogan da campanha da Sociedade Brasileira de Nefrologia “Prevenir é melhor que remediar!”.
Dados sobre Doença Renal Crônica
• 2,6 a 4,3 milhões de brasileiros com DRC. • 87.044 pacientes mantidos em diálise no Brasil (5.000 na Bahia). • 28.000 transplantados renais sob acompanhamento. • Gastos de 2,0 bilhões de reais a cada ano. • Importante fator de risco para doença cardiovascular. • Redução na expectativa de vida.
Autora – Dra. Margarida Dutra, médica nefrologista do Hospital Português e professora adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia.
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