Parkinson – Um novo enfoque — Hospital Português da Bahia
25 de abril de 2009
Parkinson – Um novo enfoque
25 April 2009
Desde que foi catalogado como doença específica, o Mal de Parkinson teve muitas fases no que tange a seu tratamento, sempre com maiores ou menores limitações. Doença de início geralmente insidioso, normalmente começa comprometendo a rapidez dos movimentos do corpo, com rigidez muscular, e/ou aparecimento de um tremor normalmente em uma das mãos, estendendose em seguida ao outro lado. Acompanham estes fenômenos, a face inexpressiva, diminuição do volume da fala, distúrbios de memória e outros da cognição, e nas fases mais avançadas, este comprometimento se acentua, impedindo a deambulação, deglutição de alimentos, aprofundando a demência, tornando o paciente totalmente dependente para cuidados mínimos de higiene pessoal, alimentação, e demais necessidades do cotidiano, além de complicações clínicas, afetando diversos outros órgãos, com maior incidência de infecções, etc.
Até hoje, o tratamento medicamentoso mais eficaz é baseado no uso de uma substância disponível no Brasil a partir da década de 70 do século passado, que tenta corrigir o declínio da produção de neurotransmissores por certas áreas cerebrais, mas que depois de algum tempo de uso começa a produzir mais efeitos colaterais que benefícios, esgotando sua utilidade – a Levodopa.
Posteriormente surgiram algumas substâncias novas, que associadas ou não à Levodopa, agregaram alguns benefícios, mas persiste ainda a necessidade do uso constante de medicação, às vezes falta da resposta esperada, e o ajuste frequente de doses com seus custos e efeitos colaterais, muitas vezes incontornáveis. Há algumas décadas vem se tentando, com maior ou menor sucesso, o tratamento cirúrgico.
Um destes métodos cirúrgicos, o mais eficaz até então, consiste na implantação de eletrodos em áreas profundas do cérebro, que são conectados a um gerador de impulsos elétricos de alta frequência (Neuroestimulação) implantado no organismo, conseguindo-se resultados bastante animadores, com diminuição e até suspensão da necessidade do uso continuado de medicação.
Mas o método, para ter sua melhor chance de sucesso, exige uma infra-estrutura logística, de pessoal, de serviços, e de equipamentos (uso de microrregistros e outras facilidades computacionais sofisticadas e caras) que o tornam inviável na prática diária da maior parte dos hospitais, restringindo-o quase que exclusivamente a centros de pesquisa universitários de excelência.
Recentemente surgiu no noticiário nacional e internacional, tanto leigo quanto científico, um fato novo, já de nosso conhecimento havia algum tempo, que pode levar esperança a milhares de portadores de Parkinson do Brasil e do mundo. Um neurocientista e pesquisador brasileiro, Dr. Miguel Nicolelis, em estudos realizados na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e que serão complementados aqui no Brasil, no Instituto que dirige em Natal/RN, está propondo um método de Neuroestimulação muito parecido ao que citamos acima, mas sem a necessidade de qualquer sistema sofisticado, barateando os custos, e viabilizando seu uso inclusive em qualquer estágio da doença por causa da sua simplicidade e baixo risco cirúrgico.
Teremos que aguardar ainda, talvez um ou dois anos, para a homologação do novo método, mas estaremos em contato com o Centro de Pesquisas do Instituto Internacional de Neurociências de Natal para, assim que possível, aplicar a metodologia aqui na Bahia, no Hospital Português que, certamente, a exemplo de tantas outras vezes, será, mais uma vez, pioneiro em novas e modernas tecnologias.
Autor – Dr. Jan K.J.B. Hlavnicka, neurocirurgião do Hospital Português.
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