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A Catarata no Paciente Idoso – Mitos e Verdades — Hospital Português da Bahia

5 de julho de 2009

A Catarata no Paciente Idoso – Mitos e Verdades

05 July 2009

A Catarata no Paciente Idoso - Mitos e VerdadesA baixa de visão pela catarata é uma das alterações oculares que mais leva o paciente a ter dúvidas no dia-a-dia do consultório do oftalmologista. A catarata é a opacificação de uma estrutura interna do olho que denominamos cristalino. O cristalino se encontra atrás da íris (parte colorida do olho, que pode ser marrom, acastanhada ou azulada). O nome catarata vem da descrição feita nos primórdios da medicina. Os autores antigos descreviam que a visão ficava embaçada como se fosse a névoa que vemos quando estamos perto de uma queda d´água. Apesar de ser muito mais frequente com a idade, pode ocorrer até em recém-nascidos (catarata congênita), após traumatismos, ou até por uso frequente de medicamentos, como os corticóides (orais, inalatórios ou em forma de colírios). Pacientes diabéticos também têm predisposição a desenvolvê-la.

O mito: “A catarata é uma pelinha que cresce em frente ao olho”.
A verdade: Não, na verdade muita gente confunde a membrana vascular que cresce na superfície da córnea, que se denomina pterígio, com catarata. O pterígio pode crescer, deixar o olho avermelhado e, se atingir o centro da córnea, também pode baixar a visão. A catarata é interna e só pode ser vista a olho nu em casos muito avançados, quando se observa um reflexo esbranquiçado atrás da pupila.

O mito: “Consigo diminuir ou parar a evolução da catarata com colírios”.
A verdade: Não existe tratamento clínico comprovado cientificamente que cure ou retarde o aparecimento da catarata. Os colírios que foram comercializados com este propósito no passado foram retirados do mercado, pois não comprovaram sua eficiência.

O mito: “A catarata deve amadurecer para ser operada”.
A verdade: Não há um ponto exato para operar a catarata. Isto depende das atividades diárias de cada paciente. Por exemplo, um piloto de avião, com catarata inicial, certamente terá que ser operado prontamente, para poder continuar suas atividades com segurança. Já um indivíduo que não dirige ou pouco lê, pode esperar mais. Assim, o tratamento é indicado quando a visão afeta as tarefas do cotidiano ou as atividades profissionais de cada um. O oftalmologista deve examinar e conversar com o paciente sobre os riscos e benefícios da cirurgia, caso a caso.

O mito: “Catarata é operada com raio laser”.
A verdade: Hoje não se opera catarata com raio laser, apesar de já ter sido tentado. A técnica mais atual é a facoemulsificação, que utiliza uma caneta que emite uma onda ultrassônica, para fragmentar e remover a catarata em pequenos pedaços. É como se usássemos uma britadeira ultrassônica em miniatura, permitindo trabalhar por incisões cada vez menores que, em muitos casos, não requerem pontos de sutura para fechamento. Esta técnica é mais segura quando as cataratas são menos duras, porque menos energia ultrassônica é utilizada, tornando a cirurgia mais suave. É por este motivo que operar muito tardiamente pode tornar a cirurgia mais difícil, pois a catarata se torna muito rígida.

O mito: “Não vou mais usar óculos após o implante da lente intra-ocular”.
A verdade: A dependência do uso de óculos no pós-operatório tem diminuído bastante. Pode-se atestar que cada vez mais pacientes têm conseguido uma boa visão sem óculos, porém, nem todos. A depender do grau inicial do paciente e de suas atividades cotidianas,
podemos fazer o uso de lentes intra-oculares monofocais ou multifocais. As lentes monofocais corrigem a visão de longe ou de perto, isoladamente. Já as multifocais corrigem as visões de longe e perto, de forma simultânea. Ambos os tipos de lente são dobráveis e podem ser inseridas no olho por incisões pequenas. Existem pontos fortes e fracos em cada tipo de lente, que devem ser discutidos com os pacientes, caso a caso. Ou seja, o cirurgião deve sempre ter uma conversa franca e aberta com seu paciente, para que as expectativas sejam dimensionadas e o paciente se sinta satisfeito com o resultado final.

O mito: “A catarata pode voltar após a cirurgia”.
A verdade: Não. O que pode ocorrer é a opacificação da cápsula transparente em que se coloca a lente intra-ocular. Isto ocorria em até 30% dos casos, quando se utilizava lentes de modelos mais antigos. Hoje ocorre em somente 5 a 10% dos casos. Uma espécie de polimento da lente com laser pode resolver o problema de forma rápida e indolor.

Autor – Dr. Roberto Lauande, oftalmologista do Hospital Português, especialista em Oftalmologia (Unicamp / Moorfields Eye Hospital -Reino Unido) e doutor em Oftalmologia (USP)