Prevenção: a melhor maneira de atingirmos o envelhecimento saudável — Hospital Português da Bahia

Prevenção: a melhor maneira de atingirmos o envelhecimento saudável

05 September 2009

Em setembro comemoramos o Dia do Idoso e vale a pena aprofundar um pouco
neste tema tão velho/tão novo…

Afinal, como andam os idosos no mundo? No Brasil?

Sabemos hoje que a população mundial como um todo vem envelhecendo. No Japão ocupam quase 22% da população geral, nos Estados Unidos 15,9% e no Brasil são 8,6%. No nosso país, o Rio de Janeiro é a cidade onde se tem mais idosos (12,8% da população). Salvador aparece em 16º lugar, com 6,8%. Os indivíduos muito idosos (acima de 80 anos) são a parte da sociedade que mais rápido se expande no Ocidente. Em 2020, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer será de 75,5 anos e seremos formados por 23,5% de jovens e 7,7% (ou 16,2 milhões) de idosos.

Que conseqüências estas mudanças nos trazem?

Precisamos entender que, quando uma população envelhece, ela diminui sua natalidade, porém aumenta a sua morbidade, ou seja, a facilidade de adoecer. As doenças mais comuns são as cardiovasculares (Infartos, Angina, Insuficiência Cardíaca, AVCs), cânceres, degenerativas (Parkinson, Demências), osteoarticulares (Artroses, Artrite, Osteoporose), Diabetes, infecções (destacando-se as urinárias e pneumonias), pulmonares (DPOC) e comportamentais (Depressão).

A saúde do idoso, na realidade, está intimamente relacionada ao seu histórico de vida, ao quanto ele “se cuidou” ao longo dos anos.

O trabalho médico do geriatra é um complemento do pediatra e do clínico geral, visto que o cuidado com a saúde deverá ocorrer em todas as fases da vida, mas na terceira idade vemos que o médico tem uma responsabilidade ainda maior, pois ele é também um gerontólogo… Ele lida com este idoso como ser humano integral, e não apenas como paciente. Diagnostica e muitas vezes trata o físico, o emocional, o social, o financeiro, o espiritual, e frequentemente se envolve com toda a família daquele ser.

Falar em saúde na terceira idade significa falarmos em prevenção. Esta é, sem dúvida, a melhor maneira de atingirmos o envelhecimento saudável. Nutrição adequada e balanceada, atividade física, evitar maus hábitos como fumo e álcool, uso bem orientado de medicações, vacinas (antitetânica, antipneumocócica e antigripal), assim como prevenção de acidentes através de medidas simples, porém eficazes (bengalas, andadores, pisos antiderrapantes, educação no trânsito…) são cuidados essenciais a serem tomados para um bom envelhecer.

Muitos perguntam a regularidade com que se deve ir ao médico nesta faixa etária. É claro que a resposta é particularizada, pois basta ocorrer uma agudização de qualquer sintoma e/ou patologia pré-existente, e a ida ao médico se torna necessária. Porém, em se tratando de ausência de queixa, o ideal é ir à consulta a cada seis meses, e realizar exames de rotina ao menos uma vez ao ano.

É bom lembrar que a visita ao médico, mesmo com resultados de exames inalterados, é imprescindível, e que embora nesta idade possa ocorrer a existência de vários especialistas dando assistência ao idoso, é de suma importância a escolha de um único profissional que norteie a saúde deste indivíduo em fase de vida tão especial, e que se tenha em mente que a consulta médica jamais será substituída por qualquer exame ou procedimento, por mais avançado que seja, pois é nela que ocorre a verdadeira “mágica” da relação médico/paciente, em que tantas suspeitas e diagnósticos podem surgir no simples/complexo diálogo.

Kátia Vasconcelos Guimarães é médica geriatra titulada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), atende no Hospital Português e é intensivista da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Português