27 de março de 2010
Cirurgias para redução de peso exigem avaliação e orientação de especialistas
27 March 2010
Cirurgia plástica e cirurgia bariátrica estão muitas vezes associadas a questões de beleza e vaidade. Muito mais que mudanças estéticas, esses procedimentos podem trazer grandes ganhos para a saúde dos pacientes, como a redução do peso, eliminação de problemas de coluna (no caso da plástica nas mamas, por exemplo) e cura de doenças. Especialistas alertam, no entanto, que é preciso sempre avaliar os riscos e a real necessidade de realização dos procedimentos.
No caso da cirurgia bariátrica, estudos realizados em pessoas operadas por obesidade mostram que a perda de peso gerada pela cirurgia muitas vezes é acompanhada pela melhora ou cura de outros problemas como diabetes, hipertensão arterial, triglicérides e ácido úrico elevados, dentre outros.
Segundo o cirurgião bariátrico do Centro Médico Hospital Português, Dr. Nilson Ribeiro, o momento atual é de grande expectativa em relação a ação da cirurgia bariátrica, especialmente sobre a diabetes, devido a grande incidência da doença entre a população. Ele afirma que diabéticos com Índice de Massa Corpórea (IMC) de 35 ou superior já podem ser operados com a técnica bariátrica, com expectativa de melhora ou cura do diabetes em cerca de 80% dos casos. “O que se estuda é a aplicação da cirurgia para portadores de diabetes com IMC abaixo de 35 e novas técnicas que não sejam tão restritivas à alimentação para quem não tem muito excesso de peso”, explica o cirurgião, que é também presidente do Capitulo Bahia da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica.
No entanto, Dr. Nilson Ribeiro salienta que a cirurgia do diabetes é considerada experimental, pois não se sabe ainda determinar quais serão aqueles diabéticos não obesos ou com obesidade com IMC abaixo de 35 que irão se beneficiar com a cirurgia. “Temos visto que em pacientes com IMC menor que 30, ou seja, não obesos, a cirurgia não tem resultados tão bons quanto em obesos”, diz. “Há também uma indefinição sobre que cirurgia realizar. A cirurgia de Capella, a mais comum dentre as realizadas para portadores de obesidade com IMC superior a 35, é considerada excelente e está bem estabelecida, mas observamos que outras cirurgias menos agressivas a longo prazo, embora tecnicamente difíceis e que também apresentam riscos, podem ser úteis para pacientes abaixo de 35 de IMC”, acrescenta.
Dr. Nilson frisa que aqueles que têm diabetes e IMC menor que 35 não devem esquecer que há excelente controle para o diabetes com medicações, dieta e exercícios físicos. “É aqui que os tratamentos clínicos e cirúrgicos se encontram, e também o tratamento da obesidade. A
dieta, os hábitos adequados de vida e os exercícios físicos são imprescindíveis para o bom resultado terapêutico de longo prazo, quando a meta é melhor qualidade e, possivelmente, vida mais longa”.
Plástica – Mais diretamente ligadas à questão estética, as cirurgias plásticas vem sendo cada vez mais adotadas pelas mulheres e até mesmo homens. “As cirurgias plásticas são indicadas quando há gordura localizada. Este procedimento pode ser através da plástica tradicional ou lipoaspiração”, explica a cirurgiã plástica do Centro Médico Hospital Português, Dra. Marta Zollinger.
Atualmente, as cirurgias plásticas mais realizadas no Brasil são as de abdômen, de mama (englobando redução, levantamento da mama e colocação de prótese de silicone) e lipoaspirações em geral, segundo a especialista. “Muitas pessoas que passam pela cirurgia bariátrica também fazem a plástica depois, para remover o excesso de gordura e pele resultante da grande perda de peso”, diz.
Seja por motivo estético ou de saúde, Dra. Marta Zollinger destaca que a relação da cirurgia plástica com a auto-estima das pessoas é muito forte. “Os pacientes se sentem mais felizes, passam a se cuidar mais e até melhoram sua relação com os amigos, com a família e com
o trabalho”, afirma. “Vale lembrar que a cirurgia plástica não é milagre. O paciente precisa se preparar antes de passar pelo procedimento, tentando chegar o mais próximo possível do seu peso ideal e adotando uma alimentação saudável e a prática de atividade física, por exemplo.
Além disso, é preciso passar por uma avaliação clínica rigorosa e ser orientado pelo médico quanto aos riscos e como evitá-los”, salienta a médica. Ela ressalta ainda a importância de se procurar um profissional capacitado e um hospital de referência para realizar a cirurgia. “Não
podemos esquecer que é a nossa saúde que está sempre em jogo”, conclui.
Dietas – Há diversas opções de dieta. Aquelas que preconizam balancear os alimentos e uma menor ingestão calórica, as que preconizam maior ingestão protéica em detrimento da diminuição dos carboidratos ou a diminuição da ingestão de gorduras. Mas a eficiência das dietas será muito maior se prescritas e seguidas com orientação de um profissional. É importante consumir muitos legumes, verduras e frutas. Os alimentos que são ricos em carboidratos complexos, como os cereais integrais, frutas, verduras, arroz, feijão e batata, são uma ótima fonte de energia e
ajudam a regular a quantidade de açúcar no sangue. Alimentos ricos em Ômega 3 também são muito saudáveis. As maiores fontes de Omega 3 são a linhaça, o azeite de oliva extra-virgem, o peixe e o abacate. Verduras vermelhas e cor de laranja, hortaliças e pequenas quantidades de
vinho também são bem-vindas.
Exercícios – Os exercícios físicos são indispensáveis, como caminhada, musculação ou prática de esportes. Dr. Nilson Ribeiro ressalta a importância da musculação para diabéticos, obesos e para os que foram operados por obesidade. “A musculação ajuda muito no controle do açúcar do sangue, na calcificação dos ossos e no equilíbrio, sendo que estes dois últimos fatores são muito importantes para indivíduos com idade superior a 60 anos”, explica o médico, lembrando que a atividade física deve suceder uma avaliação clínica e ser acompanhada por um profissional de educação física.
Cálculo do IMC (Índice de Massa Corpórea):
Peso / Altura2 (peso dividido pela altura ao quadrado)
Faixas de obesidade:
IMC 18 a 25 = IMC normal
IMC 26 a 29 = Sobrepeso
IMC 30 a 34 = Obesidade grau 1
IMC 35 a 40 = Obesidade grau 2
IMC 40 > Obesidade grau 3 (mórbida)
Indicações já estabelecidas para cirurgia bariátrica:
1) IMC superior a 40
2) IMC entre 35 e 40, quando associado a alguma doença que
pode melhorar com a perda de peso (por exemplo diabetes,
hipertensão, elevação de triglicérides)