18 de maio de 2010
Controle da infecção hospitalar: objetivo constante
18 May 2010
Alessandro Farias*
O dia 15 de maio foi escolhido como o Dia do Combate à Infecção Hospitalar. Infelizmente, ainda se necessita escolher um dia ou outro para poder lembrar o que de fato se deveria executar diariamente, para não se dizer a todo instante, no caso aqui especificamente o controle de infecção.
Todo hospital deve ter uma CCIH, equipe controladora de infecção hospitalar, embora este controle deva ser executado por cada profissional de saúde, do mais básico e simples ao mais complexo procedimento executável em um paciente. Cada profissional de saúde deveria, então, ser uma extensão da equipe de controladores de infecções, pois controlar infecção do seu próprio paciente é dar a qualidade melhor possível a ele.
Isso tem uma explicação simples: os agentes infecciosos causadores de IH, sobretudo bactérias e algumas espécies de fungos, não desprezam sequer uma oportunidade de causar um dano, aqui especificamente uma infecção. E está claro que infecção aumenta os dias de internação, aumenta os custos hospitalares e pode aumentar a taxa de mortalidade.
É importante informar que boa parte das infecções adquiridas no ambiente hospitalar ou relacionadas ao internamento não são preveníveis, pois fatores intrínsecos aos pacientes por si só já os colocam em situações de vulnerabilidade. São exemplos disso pacientes oncológicos em fases avançadas, idosos extremos, diabéticos descompensados, cirurgias complexas e muitas vezes não curativas, sequelas de doenças neurológicas, dentre outras comorbidades. Em paralelo a estes fatores, estão os procedimentos invasivos, como acessos venosos, cateterização vesical, incisões cirúrgicas e sondagens do aparelho digestivo ou tubos traqueais, dentre outros necessários para se manter os cuidados destes pacientes; contudo, se forem utilizados inadvertidamente, colaboram com a aquisição do processo infeccioso.
Portanto, cada procedimento invasivo deveria ser analisado criticamente quanto à sua real necessidade. Exemplos clássicos disso são indicações inadequadas para manutenção do cateterismo vesical de demora, fator de risco de maior facilidade para aquisição de infecção hospitalar, neste caso, infecção urinária associada aos cuidados de saúde prestados.
Quando se discute formas de prevenção das infecções hospitalares, diversas ações podem ser implantadas. Exemplos disso incluem uso adequado de antibióticos tentando, sobretudo, reduzir o seu tempo de utilização, já que é o uso prolongado e inadequado deles que seleciona bactérias resistentes; instituição de precauções e isolamentos de pacientes que se encontram colonizados ou infectados por patógenos com características de multirresistência ou de fácil transmissibilidade; padronização de protocolos de procedimentos de riscos para infecção e tratamento antimicrobiano; vigilância ativa das infecções apresentadas e acompanhamento dos pacientes com riscos de aquisição de infecções, dentre outras ações.
Por último, é preciso salientar e solicitar a colaboração de todos os profissionais de saúde, indiscriminadamente, quanto à necessidade de higienizar as suas próprias mãos. São as mãos dos profissionais de saúde e acompanhantes que transmitem, com impressionante habilidade, bactérias de ambiente hospitalar entre os pacientes, aproveitando-se dos fatores de riscos já citados e causando uma ou algumas infecções. A base do sucesso em controle de infecção depende da capacidade direta em aderir à higienização das mãos, seja por lavagem com água e sabão ou com álcool gel.
*Infectologista, membro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Português