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Miomas uterinos — Hospital Português da Bahia

3 de agosto de 2010

Miomas uterinos

03 August 2010

Miomas uterinosPor José Carlos Monteiro*

Os leiomiomas uterinos são os tumores pélvicos sólidos benignos mais freqüentes da mulher. A teoria mais aceita quanto à origem dos miomas sugere que as células do miométrio (camada muscular do útero) sofrem perda da regulação do crescimento levando ao surgimento de nódulos de células monoclonais. O crescimento e o desenvolvimento dos mesmos dependem de uma complexa interação entre hormônios femininos, fatores de crescimento, citocinas e mutações somáticas.

Cerca de 20 a 30% das mulheres em idade fértil e 40% das mulheres acima de 40 anos apresentam miomas. As mulheres negras têm maior incidência. Raramente surge antes do menacme (primeira menstruação) e geralmente regridem após a menopausa. O risco de mioma diminui de 20-50% em mulheres que tiveram filhos. Na gravidez, os miomas costumam crescer, contudo na maioria dos casos não interfere no sucesso da gestação e a via de parto dependerá de critérios obstétricos, exceto nos casos de miomatose extensa que indica a realização de cesárea.

As manifestações clínicas mais comuns dos miomas são: menstruação excessiva, dor pélvica e infertilidade. O diagnóstico depende de uma história clínica detalhada e de um cuidadoso exame físico, bem como a realização de exames como: ultrassonografia e ressonância magnética. O tratamento dos miomas pode ser clínico ou cirúrgico. Estão disponíveis vários medicamentos para o tratamento do mioma, com a finalidade de redução dos nódulos, regularização dos ciclos menstruais ou instalação de um estado de amenorreia, viabilizando melhora clinica da paciente ou possibilitando o emprego de técnicas minimamente invasivas para o tratamento cirúrgico. As medicações mais efetivas são os análogos de GNRH. Após 60-90dias pode-se reduzir em média 70% do volume dos miomas. Os anticoncepcionais orais de baixa dosagem e os progestágenos também podem ser utilizados por terem bom controle do ciclo e melhora clinica.

Os tratamentos cirúrgicos minimamente invasivos para os miomas tiveram um avanço muito significativo nos últimos anos, principalmente, no que se refere à utilização da tecnologia dos equipamentos, bem como o surgimento de novas técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, que exigem habilidades cirúrgicas, técnicas operatórias delicadas e material específico, com menor morbidade e menores índices de complicações. Os miomas podem ser tratados cirurgicamente, através da extirpação dos mesmos (Miomectomia), que pode ser realizada por via laparoscópica ou histeroscópica, a depender do caso. Nas pacientes com prole constituída, pode-se optar pela histerectomia minimamente invasiva, que consiste na retirada do útero miomatoso pela via vaginal ou laparoscópica. As vantagens dessa técnica são: menor tempo cirúrgico, pós-operatório menos doloroso, menor tempo de internação e retorno mais rápido às atividades habituais. Uma alternativa a cirurgia é a embolização da artéria uterina (EAU). Trata-se de um procedimento endo-vascular realizado por radiologista intervencionista sob supervisão do ginecologista, no qual através do cateterismo seletivo das artérias que nutrem o mioma pode-se obstruir o fluxo sanguíneo com micropartículas. Dessa forma, os miomas regridem, e os sintomas da paciente melhoram.

* Ginecologista e obstetra, especialista em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva no Hospital Sírio Libanês, professor  de Cirurgia Ginecológica e Uroginecologia da Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Roberto Santos e  professor de Anatomia Humana da Escola Bahiana de Medicina, atende no Centro Médico Hospital Português