A importância dos limites para as crianças — Hospital Português da Bahia
1 de outubro de 2010
A importância dos limites para as crianças
01 October 2010
A questão do limite para as crianças é considerada um grande desafio para muitos pais. Porque existe tanta dificuldade em colocar limites em seus filhos? Há alguma regra para impor esses limites? Qual a importância de dizer um “não” nas horas necessárias?
Para a psicóloga Sílvia Cavalcante, a questão de por limites nas crianças não deveria ser algo tão difícil de perceber quando fazê-lo por parte dos pais, porque crianças pedem limite todo o tempo. “Por serem ainda tão jovens, por estarem descobrindo o mundo, elas vão sempre experimentando e ‘perguntando’ até onde podem ir em suas ações. E vão se atrevendo, até que alguém lhes diga que ‘já não pode continuar’. A uma criança que está descobrindo o mundo e todos os seus estímulos e diversas possibilidades, se não lhe são mostrados e enfaticamente pontuados quais são os estímulos coerentes e as reais possibilidades, esse caminho de descoberta se torna incessante e pode perder seu rumo. Desse modo então, cabe aos pais dar essas respostas a essas perguntas das crianças sobre o até onde podem seguir e sobre o que é certo e errado. Isso é dar limite”, analisa Sílvia Cavalcante, que é também doutoranda em Desenvolvimento Psicológico e Educação.
Entretanto, segundo a psicóloga, parece ser que a maior dificuldade dos pais em impor os limites está na falsa ideia de que essas descobertas, no período da infância, devem ser incessantes e, principalmente, pela ideia de que, ao impor limites, se está frustrando a criança e, mais que isso, que ela não pode ser frustrada. “Na realidade, é justamente na infância quando a criança precisa aprender que nem tudo é possível ou permitido. Essa ideia precisa estar bem clara já nessa fase, para que ela possa ir acompanhando as seguintes etapas da vida: cada fase vai se fazendo base para a próxima. A criança precisa ser frustrada algumas vezes, sempre que lhe corresponda, precisa aprender a escutar um ‘não’ ou quantos sejam necessários. Esse ‘não’ que escutará algumas vezes pela vida. Portanto, necessita de alguma experiência em escutá-lo, para ir lidando com eles da forma mais saudável possível”, salienta.
Pais e mães devem aprender o valor afetivo do “não”. Um “não” que acolhe, um “não” que oferece limites, um “não” que educa. O segredo para saber quando impor esses limites não passa de saber utilizar o bom senso, esse que pode partir basicamente do bem querer desses pais a esse filho, a partir do melhor que lhe desejam, do melhor que esperam que se tornem em seus valores pessoais e sociais. “Os pais só precisam ter sempre clara a ideia de que ser frustrado não é algo negativo, senão que se trata de parte da vida e que, ao fazê-lo com seu filho, está colaborando positivamente em sua formação e crescimento”, afirma a especialista.
É claro também que o exemplo dos pais é de fundamental importância na hora de mostrar a criança esses limites. “Na infância, as crianças têm seu modo de atuar no mundo ligados ao corpo, aos gestos, ao que muitas vezes não é expresso em palavras, mas sim nas ações. Já na infância as crianças começam seu processo de formação de identidade e, obviamente, têm em seus pais ou cuidadores próximos, seus modelos de identificação; daí, realmente a importância em equilibrar os gestos com as palavras”, assinala a psicóloga.
Muitos pais buscam dar limites aos filhos repreendendo a criança de cometer excessos, porém praticando atos excessivos. Constitui-se tarefa fundamental para os pais durante esse processo rever suas atitudes, crenças e valores; procurando transmitir aos filhos apenas aquilo que lhes seja legítimo. É importante ressaltar que os pais devem sempre representar figuras de autoridade diante dos filhos, porém isto não necessariamente significa que desempenhem apenas funções punitivas. É a autoridade no sentido de firmeza, paciência e persistência nas palavras. A figura de autoridade deve ser firme porque esse papel primariamente desempenhado pelos pais e respeitado pela criança, será futuramente desempenhado pela sociedade e retratado pelas leis. Dessa forma, a figura de autoridade dos pais, a maneira pela qual a criança vai lidar com ela e com os limites, constitui-se a base para a introjeção das regras sociais e a adaptação a elas na idade adulta.
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