24 de janeiro de 2011
Angioplastia Primária no tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio
24 January 2011
As afecções cardiovasculares permanecem como causa principal de mortalidade no Brasil, seguidas pelas neoplasias e doenças infecto-contagiosas. Dentre as afecções cardiovasculares, destaca-se o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) como líder absoluto, com cerca de 300 mil fatalidades anuais. Surgem de imediato dois questionamentos: Como evitá-lo? Caso sintomas sugestivos de IAM se manifestem, como proceder?
Para responder o primeiro questionamento é importante frisar que medidas educativas são primordiais, principalmente no que tange ao controle dos fatores de risco para o desenvolvimento da doença coronariana obstrutiva aterosclerótica, que se constitui na principal causa do IAM. “Tais fatores de risco são por demais conhecidos e os três principais e que são passíveis de controle são o tabagismo, a hipertensão arterial sistêmica e a dislipidemia”, declara o cardiologista Dr. Antônio Morais de Azevedo Júnior, médico do Serviço de Hemodinâmica do Hospital Português.
Segundo o especialista, diante da suspeita de IAM em curso, a primeira medida é procurar uma unidade hospitalar dotada de pronto atendimento para diagnóstico rápido e preciso da afecção, visando tratamento específico no sentido de salvar o músculo cardíaco e evitar as complicações decorrentes do infarto. “O advento da reperfusão coronária, quando aplicada até as primeiras 12 horas do início dos sintomas, reduz os desfechos fatais, comprovando sua eficácia. Dessa forma, o esforço atual dos gestores de saúde tem sido direcionado para a disponibilização do tratamento em tempo hábil, seja por meio da lise farmacológica, com a aplicação dos fibrinolíticos, ou da lise mecânica, por meio da angioplastia transluminal coronária primária com implante de stents, realizada em centros que possuem serviço de hemodinâmica disponível nas 24 horas, como é o caso do Hospital Português”, destaca Dr. Antônio Azevedo Júnior.
Desde sua introdução, em 1983, a angioplastia primária enfrentou diversos questionamentos e controvérsias, principalmente quando comparada a outra terapia de reperfusão (fibrinolíticos), devido principalmente a questões logísticas (disponibilidade nas 24 horas e o mais rápido possível), porém a constatação de resultados superiores e consistentes ao longo do tempo levou à sua consolidação como tratamento preferencial no infarto agudo do miocárdio, atingindo unanimidade entre os especialistas, sendo consagrada com recomendação classe I em todas as diretrizes, com as múltiplas evidências de seu benefício (nível A), quando praticada por profissionais devidamente habilitados.
A angioplastia primária se consagrou por proporcionar reperfusão rápida, sustentada e eficaz, reduzidas taxas de reoclusão, reestenose e preservação da microcirculação coronária, além de ser aplicada mediante pouca ou nenhuma contraindicação, sem os riscos de complicações hemorrágicas graves.
O Serviço de Hemodinâmica do Hospital Português foi pioneiro no estado da Bahia na adoção da angioplastia primária como método de escolha no tratamento de pacientes infartados, tendo iniciado o protocolo em 1992, funcionando 24 horas em perfeita integração com os serviços de Emergência e a Unidade Coronariana, já tendo atendido nesse período aproximadamente mil pacientes, com taxa de sucesso superior a 95%, totalmente superponível aos melhores centros mundiais.