Cigarro: Vilão que seduz — Hospital Português da Bahia
30 de maio de 2011
Cigarro: Vilão que seduz
30 May 2011
Longe do glamour ostentado nas produções cinematográficas e campanhas publicitárias, o tabagismo é um problema de saúde pública responsável por cinco milhões de mortes ao ano no mundo, o correspondente a seis óbitos por segundo. A Organização Mundial de Saúde – OMS estima que nos próximos 20 anos o número de vítimas fatais de doenças associadas ao tabaco deva atingir a casa dos 10 milhões. Os homens serão mais afetados segundo pesquisas que apontam a maior prevalência do fumo entre eles. Apesar de todos os males atrelados ao cigarro, a indústria tabagista segue conquistando novos consumidores a cada ano. Para chamar a atenção sobre os perigos do fumo numa tentativa de inibir a propagação do hábito, a OMS instituiu o Dia Mundial Sem Tabaco, em 31 de maio. Solidária com a causa, a Imagem Real conversou com dois especialistas no assunto que explicam as motivações do costume de fumar e alertam sobre os danos causados pela fumaça tóxica no organismo.
Para o psicólogo e especialista em atenção integral aos usuários de álcool e outras drogas, João Sampaio Martins, diferentes fatores podem estimular o hábito de fumar. Curiosidade, influência de amigos e familiares tabagistas, ideia de rito de passagem na adolescência – associando fumo e maturidade – figuram entre os motivos. “Há ainda o fetiche criado em torno do cigarro com ajuda do cinema e das propagandas de televisão. Também é possível associar o impulso de fumar ao enfrentamento de situações de estresse e ao próprio efeito estimulante da nicotina no sistema nervoso central, que para muitos indivíduos é bastante prazeroso”, observa o especialista. A médica pneumologista e presidente da Sociedade de Pneumologia da Bahia, Tatiana Galvão, alerta que apenas um cigarro é capaz de levar à dependência, principalmente, quando o consumo é mantido como suporte psicoemocional. “Muitos fumantes relacionam o tabaco à ideia de relaxamento, provocada pela ação da nicotina nos neurotransmissores. Daí o surgimento de sintomas como ansiedade, nervosismo e irritabilidade relatados pelos tabagistas durante a abstinência”, esclarece.
A despeito das reações físicas causadas pelo tabaco (sensação de prazer e dependência) boa parte dos fumantes não gosta de ser vista como viciada e acredita que consegue interromper o consumo do cigarro quando quiser. Na prática, ao contrário, diversos estudos evidenciam que a nicotina é uma das substâncias psicoativas com maior poder de causar dependência e cujos tratamentos têm baixa adesão e resolutividade. Devido às suas mais de 4.700 substâncias tóxicas – entre componentes radioativos, ácidos e elementos químicos – o cigarro está relacionado a uma gama de doenças como hipertensão arterial, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema pulmonar, doença coronariana e câncer. O tratamento para abandono do fumo envolve desde medidas cognitivo-comportamentais até o uso de medicações nicotínicas (adesivos, gomas de mascar, aerossol e inalador para liberação controlada da nicotina no organismo) e não-nicotínicas (antidepressivos e anti-hipertensivos). Tatiana Galvão explica que as medicações são necessárias porque os dependentes de nicotina apresentam manifestações próprias da carência de qualquer outra droga, embora não tenham reações psíquicas, como euforia e agressividade. “A alta dependência da nicotina é representada pela necessidade de fumar logo após acordar, antes mesmo do desjejum; pois a redução da nicotina durante o sono provoca a síndrome de abstinência. Quanto menor for o tempo sem fumar, maior é a dependência”, afirma.
Por tudo isso, não começar o hábito ainda constitui a melhor forma de prevenção. O psicólogo João Sampaio Martins considera que o convívio com fumantes não é um fator determinante do tabagismo, embora o favoreça. Seja pela naturalização do uso do tabaco, ampliação do acesso ao cigarro para uso experimental e/ou ocasional, ou porque muitos fumantes passivos com o tempo se interessam pelo fumo. “As regras para veiculação de propagandas de cigarro associadas às campanhas antitabagistas têm ajudado a minimizar o surgimento de novos fumantes”, avalia. Para Tatiana Galvão os inúmeros benefícios conquistados por quem evita o tabagismo devem servir de inspiração para quem já incorporou o hábito. “No início pode ser necessário maior determinação e esforço pessoal, mas com a introdução de práticas saudáveis como atividade física, além da ajuda de familiares e amigos e o emprego de terapias é possível alcançar o bem-estar e ampliar a qualidade de vida”, conclui.
14 MOTIVOS PARA ABANDONAR O HÁBITO DE FUMAR:
1. Menor risco de adoecer; 2. Ampliação da expectativa de vida de cinco a oito anos em relação a fumantes; 3. Melhora da qualidade de vida; 4. Sensação de bem-estar e certeza de ter conquistado mais saúde; 5. Melhora da resistência física para exercícios; 6. Afastamento dos riscos de mau hálito, tosse, falta de ar e dores de garganta; 7. Menor risco de infecções respiratórias frequentes; 8. Redução do risco de aborto espontâneo e morte fetal; 9. Duas vezes menos risco de doença cardíaca em relação a fumantes; 10. Seis vezes menos risco de enfisema pulmonar; 11. Dez vezes menos risco de câncer de pulmão; 12. Garantia de não afetar crianças, adultos e idosos com os males da fumaça; 13. Afastamento do risco de impotência sexual; 14. Economia de dinheiro (o Brasil tem uma das mais altas taxas de impostos sobre a venda de cigarro no mundo, correspondente a 74,7% do valor do produto).
This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.
Strictly Necessary Cookies
Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.
If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.