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Hepatite: Sintomas e prevenção — Hospital Português da Bahia

30 de maio de 2011

Hepatite: Sintomas e prevenção

30 May 2011

Hepatite: Sintomas e prevençãoPesquisas indicam que a hepatite C atinge de 1% a 1,5% da população da Bahia (o equivalente a mais de 200.000 pessoas), enquanto que os casos de hepatite B avançam entre 2,6% e 5% (acometendo de 600.000 a 700.000 indivíduos). Devido à alta incidência da doença, a Imagem Real convidou um especialista na área para esclarecer as formas de prevenção do vírus no mês em que as atenções se voltam para o Dia Mundial da Hepatite, em 19 de maio. Confira a entrevista com Dr. Paulo Lisboa Bittencourt, médico hepatologista, secretário geral da Sociedade Brasileira de Hepatologia e coordenador da Unidade de Gastroenterolgia e Hepatologia (UGH) do Hospital Português.

1. O que são as hepatites?

As hepatites são doenças caracterizadas por inflamação do fígado, provocando destruição dos hepatócitos levando a elevação das enzimas hepáticas (AST e ALT). Várias doenças do fígado podem causar hepatite, tais como: infecções virais, álcool, esteatose hepática não-alcoólica (infiltração gordurosa do fígado), lesão hepática induzida por drogas e doenças autoimunes. As causas mais frequentes da doença aguda são as hepatites virais: A, B, C, D e E.

2. Quais sintomas caracterizam a hepatite?

A doença pode ser inteiramente assintomática ou se manifestar por fraqueza, anorexia e queda do estado geral. Os quadros mais agudos e sintomáticos são aqueles mais facilmente percebidos, devido ao aparecimento de coloração amarelada nas escleras (área branca dos olhos) e na pele (icterícia), bem como pelo escurecimento da urina (colúria). Casos mais graves, muito raramente, podem provocar distúrbios na coagulação sanguínea, sonolência e até coma.

3. Quais as formas de contrair e de se prevenir das hepatites virais?
Hepatite A (VHA) – Transmissão fecal-oral (por água ou alimentos contaminados). Devido às condições sanitárias, aos 18 anos a maioria dos brasileiros já teve contato com o VHA e se encontra imune.

Hepatite B (VHB) – Transmissão parenteral (corrente sanguínea), sexual ou vertical (de mãe para filho). Indivíduos com vida sexual promiscua, profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens e nascidos de mães com VHB tem maior propensão a contrair o VHB.  Existe vacina universal contra o VHB.

Hepatite C (VHC) – Transmissão sexual ou vertical (de mãe para filho) pouco frequente. A Transmissão é por via parenteral (principal causa). Indivíduos em situação de risco: usuários de drogas endovenosas ou de suplementos endovenosos ou de material perfuro-cortante (manicure, tatuagem, piercing) aplicado com material não descartável (seringas ou agulhas) ou não adequadamente esterilizados (tesoura de unha ou removedor de cutícula). Não existe vacina contra o tipo C.

As hepatite D e E são excepcionais na Bahia.

4. Qual a relação da hepatite com a cirrose hepática e o câncer de fígado? A hepatite pode evoluir para alguma dessas doenças?

O tipo A pode causar hepatite aguda não havendo evolução para cirrose ou câncer de fígado. O tipo B pode desencadear hepatite aguda e numa minoria de casos hepatite crônica, cirrose hepática e câncer de fígado. O tipo C geralmente provoca hepatite aguda pouco sintomática, que evolui mais frequentemente para hepatite crônica, cirrose e câncer de fígado. A maioria dos casos de cirrose e câncer primário de fígado no Brasil e no mundo é causada pela hepatite C.

5. Quais exames podem ajudar na identificação e/ou prevenção da hepatite?

Os pacientes com hepatite aguda devem ser testados para os vírus A, B e C (IgM anti-VHA, agHBs, IgM anti-HBc total e anti-HCV ou por determinação da carga viral do VHC por reação em cadeia da polimerase (PCR). Os pacientes com suspeita de hepatite crônica ou cirrose devem ser testados inicialmente apenas com os marcadores: agHBs, IgG anti-HBc total e anti-HCV. O exame para testagem dos tipos B e C deve ser feito em todo paciente de risco, uma vez que a doença evolui frequentemente de forma assintomática.

6. Como é realizado o tratamento e qual a duração?

O tratamento da hepatite A é de suporte. Existem várias opções de drogas antivirais (disponíveis no SUS) para tratamento das hepatites B e C, com taxas de sucesso que variam de 30% a 90%, a depender do genótipo do vírus, carga viral, gravidade da doença e das características do paciente. Na presença de cirrose hepática descompensada, o tratamento recai na maioria das vezes no transplante de fígado.

7. Qual o número de transplantes de fígado realizados na Bahia devido à hepatite C, em 2010? E no Hospital Português?

Na Bahia, foram realizados mais de 150 transplantes de fígado, a maioria no Hospital Português. Em 2010 realizamos 25 transplantes de fígado, com sobrevida cirúrgica de 92%, resultados semelhantes ao conquistados nos centros de excelência nacionais e internacionais.