Notícias Fique por dentro das novidades

Aconteceu — Hospital Português da Bahia

8 de julho de 2011

Aconteceu

08 July 2011

Aconteceu Doutor pela Universidade de Valência, na Espanha, com a tese “Hormônio Antimulleriano em Mulheres de Baixa Reserva”, o médico ginecologista e obstetra Luiz Machado apresentou os resultados da sua pesquisa de doutorado durante encontro aberto ao público, no auditório do Hospital Português, em 31 de maio. Para quem não pode apreciar a sua palestra, o especialista revela agora as principais descobertas do estudo que entusiasmou a comunidade científica baiana.   

1. O senhor fez um estudo sobre o “Hormônio Antimulleriano em Mulheres de Baixa Reserva”. Qual foi o objetivo?

Analisar a relação entre os folículos do ovário e a dosagem do Hormônio Antimulleriano, descoberto há 5 anos. Por meio da ultrassonografia e da dosagem hormonal percebi que quanto menor a quantidade de folículos menor a produção desse hormônio pela mulher, principalmente, naquelas acima de 35 anos. O estudo também buscou esclarecer as pacientes sobre a real possibilidade de engravidar, evitando gastos desnecessários – uma vez que os investimentos em fertilização assistida ainda são altos – e também proporcionar uma perspectiva de fertilidade mais realista, minimizando possíveis desgastes emocionais. 

2. Através da pesquisa o senhor descobriu uma série de eventos fisiológicos que permitem avaliar a fertilidade feminina após os 35 anos. Como é esse exame?

Os exames consistem basicamente na ultrassonografia, que possibilita a contagem dos folículos antrais, e na dosagem do Hormônio Antimulleriano. Este hormônio se mostrou muito mais importante porque permite avaliar a fertilidade feminina juntamente com a medida dos folículos antrais, enquanto que os demais hormônios normalmente analisados – LH, FSH, prolactina, dentre outros – só permitem avaliar a função do ovário sem mostrar a sua reserva hormonal. É importante lembrar que o envelhecimento feminino está diretamente ligado ao estrógeno, por isso, o teor do hormônio é que vai determinar o nível de fertilidade da mulher. Para a natureza, o ideal seria que a mulher engravidasse entre 22 e 26 anos. Por isso, 35% das mulheres entre 30 e 37 anos tem algum índice de infertilidade, enquanto que esse indicador aumenta para 90% a partir dos 40 anos, devido à perda do folículo do ovário. Ao contrário do que alguns acreditam a suspensão da menstruação por método artificial (através de hormônio) não retarda o processo de envelhecimento e de perda dos óvulos, pois embora a mulher não menstrue ela continua ovulando todos os meses e, portanto, reduzido a reserva dos ovários.   

3. Como as mulheres acima dos 35 anos se beneficiam com a pesquisa?

Elas agora vão poder se perguntar “tenho condições de engravidar?”, “posso investir em fertilização assistida com chances de sucesso?” e poderão obter uma resposta muito próxima da realidade. 

4. Quais impactos sociais podem ser esperados a partir desses resultados?

A redução do custo com investimentos para fertilização assistida e o fornecimento de recursos efetivos para a paciente que vai gestar.

5. Há previsão de quando o exame estará disponível na Bahia? 

Nesse momento inicial o procedimento está sendo realizado apenas na Europa e nos Estados Unidos, com um custo elevado, como geralmente ocorre com um método recém-lançado. À medida que aumentar a procura pelo exame esse investimento deve ser diminuído. Acredito que isso ocorra, aproximadamente, dentro de um ano e que nesse período o teste já esteja disponível para a realização em larga escala e com valores mais acessíveis no Brasil.