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Automedicação X Saúde — Hospital Português da Bahia

4 de julho de 2011

Automedicação X Saúde

04 July 2011

O Brasil é um dos campeões mundiais em consumo de analgésico. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (ABIMIP) os sintomas tratados pelos chamados MIPs (remédios indicados para tratar sintomas e males menores, sem necessidade de prescrição ou receita médica) variam entre dores de cabeça, acidez estomacal, febre, dores de garganta, etc. Apesar das orientações para a automedicação responsável, anualmente, o país registra centenas de casos de intoxicação por ingestão de remédios. Somente em 2009, foram 731 ocorrências listadas no Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (SINITOX). O número é apenas alusivo, visto que estados como Bahia, Santa Catarina, Amazonas e Mato Grosso não disponibilizaram indicadores para o período. Segundo o professor e presidente do Conselho Regional de Farmácia – Regional Bahia (CRF-BA), Altamiro José dos Santos, os danos à saúde podem ser ainda maiores. “A auto prescrição de medicamentos pode alterar o curso da doença, provocar reações adversas ao medicamento, riscos de posologia inadequada ao problema de saúde e mascaramento de sintomas”, alerta. 

O especialista também adverte para a frequência no uso de algumas medicações comumente utilizadas pela população, sem prescrição médica, como suplementos alimentares e até mesmo antibióticos. “Uma dor de cabeça pode na verdade ser o indício de um tumor e por conta de um medicamento para alívio do sintoma a descoberta da doença pode ser adiada”. Mesmo no caso dos MIPs (como analgésicos, antitérmicos, laxantes, antiácidos, antiinflamatórios e antipiréticos) ele explica que a frequência na utilização não deve ser prolongada e recomenda consultar um médico. “Sem orientação não é possível estabelecer em que casos estes medicamentos podem ou não ser usados e a posologia. Antibióticos só devem ser consumidos com prescrição, assim como qualquer outro medicamento só deve ser usado quando há uma necessidade diagnosticada. Qualquer outra situação, como propaganda, indicação do vizinho ou parente, deve ser evitada”, adverte.

RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO

A automedicação ou auto prescrição medicamentosa oferece riscos quanto à interação de remédios, superdosagem e reações alérgicas, daí a importância de consultar um especialista.  “Caso haja desconfiança quanto à medicação em uso deve-se suspender o tratamento e consultar o farmacêutico ou médico que a prescreveu para buscar uma alternativa. As alergias, muitas vezes, não são previsíveis devido a reações próprias dos indivíduos, por isso, diante de reações alérgicas também se deve interromper imediatamente a medicação e procurar um serviço médico. Já as superdosagens acontecem geralmente por erro e também devem ser avaliadas pelo prescritor”, esclarece.

IMPORTÂNCIA DA PRESCRIÇÃO MÉDICA

“Quem identifica a doença é o médico. Sem diagnóstico  não é possível uma terapia adequada. As pessoas geralmente utilizam os sintomas como parâmetro para a automedicação, mas a doença muitas vezes tem seus sintomas amenizados continuando seu curso enquanto o uso de medicamentos inadequados pode piorá-la. Ao prescrever um medicamento o médico estabelece a dose correta, o tempo adequado de uso, a presença de doenças concomitantes e disfunções orgânicas, entre outros parâmetros, realizando o acompanhamento das reações do paciente”, observa Santos.

FORMA CORRETA DE CONSUMIR MEDICAÇÕES

Ao utilizar uma medicação é necessário seguir corretamente a dose prescrita, a posologia e o tempo de tratamento. O retorno ao especialista que prescreveu o tratamento é importante para relatar as impressões acerca da terapia. No caso de uso de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) é recomendado consultar o farmacêutico, na farmácia, a fim de receber as orientações de uso.

TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO

Dr. William Dunningham, médico psiquiatra, pesquisador e professor de psiquiatria da UFBA, além de coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria do Hospital Juliano Moreira, esclarece a doença.
 
Hipocondria – é o estado psíquico marcado pela crença infundada de padecimento de uma doença grave. Está associada a um medo irracional da morte, obsessão com sintomas ou defeitos físicos irrelevantes, preocupação e auto-observação constante do corpo.

A identificação – ocorre pela preocupação demasiada com presença de doença, crença em sinais e sintomas das mais variadas patologias no próprio corpo e estados de pânico. O hipocondríaco se sente melhor ao tomar uma série de remédios, mas depois entra em depressão profunda.

A neurose – geralmente começa antes dos 30 anos de idade, tem curso crônico, sendo mais comum em mulheres.

Ajuda médica – o psiquiatra é o especialista indicado para assistir quem apresenta o transtorno mental neurótico (que não é loucura).