Apesar de acometer cerca de 8% da população brasileira afrodescendente, segundo dados do Ministério da Saúde, e concentrar o maior número de portadores no estado da Bahia, a anemia falciforme ainda é uma doença desconhecida para boa parte da população. Para esclarecer a patologia e as suas sintomáticas, a Imagem Real conversou com a médica hematologista pediátrica, mestre pela Fiocruz/BA em doença falciforme e coordenadora do ambulatório da Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), Larissa Carneiro Rocha. Confira!
Causas
A doença falciforme tem origem genética, hereditária, tornando a membrana do glóbulo vermelho do sangue (hemoglobina) mais frágil. A anemia ocorre em razão da ruptura fácil da membrana alterada, que adquire o formato de foice. “Os portadores de apenas um gene anormal, possuem o traço falciforme, mas esta condição não representa a existência da doença. Estima-se a proporção de um doente para cada 650 nascidos vivos. Por razões históricas, a patologia afeta mais a população negra e seus descendestes, já que o maior número de portadores de anemia falciforme está no continente africano”, explica.
Sintomas
O quadro clínico da doença falciforme é bastante diverso, podendo ser leve, sem necessidade de hospitalização, ou grave, tendo internamentos repetidos. Os sintomas mais frequentes da doença são “anemia, identificada pelo hemograma; crises repetidas de dores pelo corpo, associadas ou não a inchaço ou vermelhidão da área afetada; risco aumentado de infecções bacterianas graves, pela baixa imunidade dos pacientes; quadro anêmico agudo com necessidade de transfusão de glóbulos vermelhos; acidente vascular cerebral; síndrome torácica aguda e priapismo (ereção persistente)”.
Detecção
Desde 2001, o teste do pezinho é a principal forma de detecção da doença. “O exame é ideal, pois permite o diagnóstico precoce, dando início ao acompanhamento com hematologista, e a adoção de medidas preventivas contra infecções, através de vacinação especial”, destaca a médica, informando que a outra maneira de identificação da doença é pelo exame de eletroforese quantitativa de hemoglobina.
Como agir diante da doença
Em caso de sintomas agudos, o paciente deve ser encaminhado para um hospital ou unidade de emergência para que os sinais sejam tratados e controlados. Em seguida, deve ser encaminhado ao hematologista para obter orientações sobre medicações e realizar acompanhamento periódico, através de consultas e exames complementares.
Qualidade de vida do portador de anemia falciforme
A médica explica que o tratamento da doença permite a manutenção da qualidade de vida e o bom desenvolvimento das atividades cotidianas dos seus portadores. “Quanto mais precoce for o acompanhamento, aliado às consultas periódicas, melhores são as perspectivas clínicas para a conquista do bem-estar”.
Outras formas de anemia
“É importante saber que existem diversos tipos de anemia, como as deficiências de ácido fólico e de vitamina b12 (denominadas anemias megaloblásticas), sendo a deficiência de ferro a forma mais frequente. Por isso, a realização de exames periódicos é essencial”, alerta.