9 de setembro de 2011
Doação de Órgãos
09 September 2011
Para milhares de brasileiros, o transplante de órgão representa o último recurso na luta pela vida. Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, mais de 47 mil pacientes crônicos aguardavam por uma doação. No mesmo ano, a Bahia contabilizava mais de quatro mil pessoas na lista de espera, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes. “A decisão pela doação cabe às famílias. Para ampliar o número de pessoas beneficiadas tentamos aproveitar o máximo dos órgãos disponibilizados. Também estamos recebendo pacientes da lista de espera de outras equipes que suspenderam a realização de transplantes de fígado”, diz o médico do Serviço de Transplantes de Fígado do Hospital Português, Dr. Jorge Bastos, sobre a contribuição da instituição que é a única no Estado a manter um programa de transplantes de órgãos sólidos.
Pós-doutor em transplantes de fígado e cirurgia hepatobiliar pelo Queen Elizabeth Hospital – referência mundial em transplantes – o especialista destaca os excelentes resultados obtidos pelo Programa de Transplantes da Instituição, que recebe apoio do Grupo de Interesse em Transplantes de Órgãos e da Central de Transplantes de Órgãos do Estado da Bahia. Nas três últimas décadas, mais de 600 pessoas se beneficiaram do Programa e puderam retomar seus projetos de vida. Foram mais de 400 transplantes renais, 170 transplantes de fígado, cinco de coração e 47 de medula óssea efetivados com sucesso pela instituição, que é pioneira em transplante renal no Norte/Nordeste do país, além de precursora em transplantes de fígado, medula óssea, córnea e coração, na Bahia. “A estrutura para realizar procedimentos de alta complexidade, a experiência consolidada ao longo de décadas, o excelente preparo técnico da equipe multidisciplinar são aspectos decisivos para o sucesso do Programa”, ressalta Dr. Bastos.
Tais fatores contribuíram ainda para projetar o Hospital Português como um centro de excelência e referência em transplantes de órgãos no país, listado entre os hospitais com melhor tempo cirúrgico. Em relação aos transplantes de fígado, por exemplo, a instituição detém incidência mínima de complicações cirúrgicas, comparado à maioria dos centros nacionais transplantadores. Em 2010, a taxa de sobrevida dos pacientes submetidos ao procedimento foi de 92,2%. Índice similar ao observado nos grandes centros nacionais e internacionais. Além disso, mais de 1/3 dos pacientes submetidos a transplante de fígado no Hospital não fazem uso de transfusões de sangue ou hemoderivados. “Com estes excelentes resultados, esperamos sensibilizar a população, particularmente as pessoas da área de saúde, no sentido de divulgar o assunto e diminuir a resistência à doação de órgãos e tecidos, para que mais pessoas possam ser salvas com esta terapêutica”, observa o especialista, destacando que o desenvolvimento da transplantação de órgãos no Estado beneficia a população de pacientes crônicos e favorece a formação e treinamento de novos profissionais para atuar na área.
PARA SER UM DOADOR
A doação de órgãos é um tema que suscita dúvidas em parte da sociedade. Como consequência, a decisão pela retirada de órgãos de um ente querido, no momento da perda, nem sempre ocorre em tempo hábil para a transplantação. Além disso, muitas pessoas desconhecem o fato de poderem optar pela doação de órgãos em vida. Para esclarecer algumas das questões mais recorrentes sobre transplantes, confira a seguir as orientações do Ministério da Saúde.
Como proceder para doar um órgão?
É importante deixar a família informada sobre o desejo de ser um doador. Não é preciso deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte.
2. É possível doar órgãos em vida?
Sim. Após avaliação da história clínica das doenças anteriores. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para o doador.
Para doar órgãos em vida é preciso ser capaz juridicamente; estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais; apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de doenças que comprometam a saúde durante e após a doação; ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só pode ser feita com autorização judicial.
3. Quando ocorre a retirada dos órgãos?
A doação de órgãos decorrente de óbito ocorre somente após a constatação da morte encefálica.
4. Quais órgãos podem ser doados?
Córneas, coração, pulmão, rins, fígado, pâncreas, ossos, medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue), pele e valvas cardíacas.