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Nutrição infantil — Hospital Português da Bahia

1 de outubro de 2011

Nutrição infantil

01 October 2011

Nutrição infantilChegou a hora da refeição, mas Pedrinho não quer saber do almoço preparado em casa com feijão, arroz, carne e legumes. Pior, se pudesse escolher, ele trocaria a alimentação saudável por um generoso hambúrguer com refrigerante. Essa situação é motivo de preocupação para muitos pais que, resistentes a cultura dos fast foods, tentam promover a educação alimentar dos seus filhos. O desafio diário de fornecer os nutrientes necessários ao bom desenvolvimento infantil (laticínios, cereais, carnes, frutas, verduras, etc.) envolve paciência, dedicação e alguns minutos de resistência e aborrecimento. Nesse embate familiar, a criatividade pode ser aliada dos pais. É o que sugere a nutricionista clínica e de terapia nutricional enteral e parenteral, Cyntia Calmon, que ensina algumas estratégias para tornar os alimentos saudáveis mais atrativos aos olhos infantis.

“Uma ideia é iniciar a introdução de alimentos sólidos pelas frutas com sabor adocicado. Também é um bom começo montar um prato variado na consistência, nos sabores e nas cores para que a criança se interesse no seu consumo. Isso vale para todas as refeições. Apresente apenas um alimento novo a cada refeição, junto com os outros que seu filho já está habituado. Assim fica mais fácil experimentar. Faça esta apresentação no início da refeição, quando a fome é maior. Converse sobre o alimento novo, explique de onde veio, conte uma história, desperte a curiosidade”, diz a especialista. Outra dica é dar formas divertidas aos alimentos, como bichinhos. Também vale buscar referências em personagens de desenhos infantis, como o Popeye.

“Adicionar os ingredientes novos nas preparações é mais uma forma de fazer a criança ingerir alimentos que não está habituada. Misture legumes em molho de macarrão ou sopa; faça hambúrguer ou pizza com cebola picada, pimentão e cenoura; no lugar da batata frita faça batata cozida com formato de carinha sorrindo. Aproveite receitas que seu filho gosta e inclua opções como cenoura ralada ou tomate picadinho, que tornam a refeição mais nutritiva”, orienta Cyntia Calmon. Ela lembra que o estranhamento que algumas crianças sentem ao experimentar novos sabores é natural. Afinal, nos primeiros anos de vida a alimentação era restrita à tradicional mamadeira, sem maiores variações que papinhas e sopinhas. “Nos primeiros anos do bebê os sabores do leite materno ainda são marcantes na memória, porque cada tipo de alimento que a mãe ingere imprime um sabor específico ao leite”, observa.

À medida que a criança cresce o cardápio ganha maior diversidade. Nesse momento é preciso conceder um tempo de adaptação do paladar. Segundo a nutricionista, grande parte das crianças entre dois e três anos de idade apresenta algum grau de neofobia alimentar (repulsa a alimentos novos). Um novo alimento pode precisar ser oferecido até 15 vezes para que seja completamente aceito. “As texturas dos alimentos desconhecidos também são motivo de estranheza para os bebês. A melhor forma de ajudar a criança a superar a neofobia é oferecendo o mesmo alimento por dias consecutivos. Após a aceitação, outra opção pode ser oferecida da mesma maneira, acompanhada de alimentos já apreciados pela criança para facilitar a adaptação”, recomenda.
 
É certo que os pais não devem desistir de promover uma alimentação balanceada aos seus filhos diante de recusas insistentes. Entretanto, o processo de educação alimentar pode ser facilitado se, desde cedo, a criança tiver contato com um cardápio rico e variado. Isso deve ocorrer em torno dos seis meses de vida, quando já é possível introduzir novos elementos nutritivos. “Hábitos alimentares saudáveis desde a infância proporcionam níveis ideais de saúde, favorecem o desenvolvimento físico e intelectual, reduzem os transtornos causados pelas deficiências nutricionais e evitam a obesidade e outros distúrbios alimentares”, alerta a nutricionista.