15 de dezembro de 2011
A vida sem dor
15 December 2011
O sofrimento ocasionado pela dor muitas vezes gera incapacidade de realização das atividades diárias, comprometendo a qualidade de vida. Segundo a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), cerca de 30% da população já padeceu do problema em algum momento. As regiões das pernas, costas, peito e cabeça lideram as queixas nas pesquisas da entidade. Na maior parte dos casos, a persistência do sintoma representa um alerta para a saúde. Por isso, investigar as causas da dor é o principal passo para um tratamento bem sucedido, conforme explicam os especialistas do Hospital Português Dra. Elza Magalhães (neurologista), Dr. Victor Baraúna (algologista) e Dr. Luís Cláudio Correia (cardiologista).
DOR DE CABEÇA
A dor de cabeça pode ser do tipo primário ou secundário. Essa classificação é fundamental para determinar o tratamento mais adequado ao transtorno. Dra. Elza Magalhães, mestre em neurociências e médica líder do Serviço de Neurologia do HP, informa que um dos mais novos recursos regulamentados pela ANVISA para combate à enxaqueca crônica é a toxina botulínica do tipo A. A substância atua como bloqueadora dos neurotransmissores que participam do mecanismo de dor, reduzindo a frequência das crises. O método utilizado por especialistas do Centro Médico Hospital Português é indicado para pacientes que não obtiveram sucesso com outras terapêuticas. “Não existe, até o momento, uma cura para as dores de cabeça primária. Contudo, o tratamento eficaz ajuda a melhorar a qualidade de vida, reduzindo o uso excessivo de analgésicos e, consequentemente, a cronificação da dor”, afirma a neurologista.
A cefaleia primária é a mais comum. Representa cerca de 90% dos casos de enxaqueca ou cefaleia do tipo tensão e indica uma predisposição genética para desenvolver o sintoma. O tratamento com medicações sintomáticas, destinadas a controlar as crises, é recomendado para pacientes com histórico de até três episódios mensais de dor, segundo a médica. Nas cefaleias cuja frequência é superior a quatro vezes por mês, o tratamento é feito com medicamentos preventivos, visando modular o limiar de dor e reduzir a intensidade e a frequência das crises. Já a cefaleia secundária representa uma manifestação de uma enfermidade, que pode ser sistêmica – hipertensão, virose, reação ao uso prolongado de medicação ou de drogas, etc. – ou doença no sistema nervoso central – tumor, hemorragia cerebral por rotura de aneurisma, meningite, etc. “Nesses casos, deve ser tratada a dor e também a patologia que a está originando”, avisa.
O uso indiscriminado de analgésicos é o principal agravante das cefaleias. Estresse, má alimentação e doenças como hipotireoidismo e obesidade também pioram o problema. A partir da avaliação do histórico de vida do paciente o médico pode identificar a dor primária e definir a melhor terapêutica, conforme os critérios clínicos definidos pela Sociedade Internacional de Cefaleias. Para as cefaleias secundárias, exames complementares como a ressonância magnética e a angiorressonancia magnética do crânio realizados no Hospital Português, auxiliam na investigação clínica.
DOR NO PEITO
A dor torácica não está necessariamente associada a problemas cardíacos e pode acometer qualquer pessoa, independentemente da idade, sexo ou estilo de vida. O cardiologista Luís Cláudio Correia, livre-docente em cardiologia, professor universitário e líder da equipe de Ecocardiografia do Hospital Português, informa que múltiplos fatores propiciam a dor no peito. Desde ansiedade, gases, esofagite, dor muscular e de coluna até situações de alto risco de morte (angina do peito, infarto do miocárdio, dissecção aguda da aorta e embolia pulmonar). Por isso, é fundamental a avaliação médica da história de vida do paciente e da forma como a dor se apresenta: região, característica, irradiação, frequência e duração, sintomas associados, etc. “A distinção entre as situações de baixo risco ou de gravidade deve ser feita pelo cardiologista, aferindo os sintomas e o eletrocardiograma. Em algumas situações, também podem ser requeridos exames de sangue (para dosagem de marcadores plasmáticos de lesão miocárdica) e de imagem cardiovascular, visando detectar doenças cardíacas agudas. A partir da identificação da causa da dor torácica é definido o tratamento”, ressalta.
O cardiologista informa que diante da probabilidade intermediária de existência de angina ou infarto, é necessária uma avaliação complementar. No Hospital Português, exames como cintilografia miocárdica e ecocardiograma com estresse realizam com eficácia a pesquisa de doença coronária obstrutiva (entupimento de artérias). “Para os casos de alto risco, há ainda o cateterismo cardíaco que permite uma avaliação mais definitiva”, destaca o médico.
Além do uso de medicações, o tratamento da doença coronariana no Hospital Português conta métodos de revascularização, como angioplastia coronária ou cirurgia. Referência em cardiologia no país, o Hospital dispõe de equipe médica e infraestrutura de ponta para o tratamento das doenças cardíacas, incluindo os Serviços de Arritmia e Eletrofisiologia, Ecocardiografia, Eletrocardiografia e Hemodinâmica, além de unidades exclusivas para Tratamento Intensivo: Unidade Coronariana e Unidade de Pós-Operatório Cardiovascular.
DOR LOMBAR E NOS MEMBROS INFERIORES
Hoje, diversas técnicas da medicina atuam no tratamento das dores lombares (lombalgia) e dos membros inferiores. “Medicações específicas, acupuntura, realização de bloqueio dos nervos periférico e facetário e procedimentos cirúrgicos são alguns recursos empregados”, lista Dr. Victor Baraúna, médico especialista em clínica da dor e acupuntura, preceptor do Ambulatório de Dor da UFBA e que assiste aos pacientes internos no Hospital Português. Na instituição de saúde, o tratamento das dores nas pernas, pés e costas conta com a experiência e o conhecimento de profissionais de diversas especialidades, além do apoio de exames de diagnósticos – ressonância magnética, tomografia computadorizada, eletroneuromiografia, raio x simples, cintilografia óssea e exames laboratoriais de analises clínicas. “Essas avaliações servem como subsidio ao diagnóstico, assessorando o médico na escolha da terapêutica mais apropriada a cada paciente”, observa.
Entre os principais fatores desencadeantes de dor nessas regiões, o algologista cita: má postura, falta de atividade física, envelhecimento, tipo de ocupação profissional, obesidade, tabagismo, consumo de álcool e patologias associadas. “Um estilo de vida que não seja saudável favorece o desenvolvimento de dores crônicas tanto quanto o histórico familiar de doenças como diabetes, anemia falciforme e problemas circulatórios e neurológicos”, alerta. Diante dos sintomas de dor lombar ou nos membros, Dr. Baraúna recomenda procurar um especialista para identificar as causas do problema e definir a terapia ideal.