No ano passado, a população baiana ficou alarmada diante das sucessivas notificações de casos de meningite divulgados pela imprensa, especialmente, em relação aos surtos atribuídos ao Meningococo C. Apesar das repercussões sobre o tema, muita gente ainda desconhece as formas de contágio e o tratamento da enfermidade. Essas e outras dúvidas comuns são esclarecidas por Dr. Alessandro Farias, médico líder da Infectologia do Hospital Português e membro do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do HP. Confira!
A infecção e formas de contágio A meningite corresponde ao processo inflamatório das meninges (membranas que envolvem o sistema nervoso central). Essa inflamação pode decorrer de agentes diversos como vírus (causador mais comum da doença), bactérias, fungos (cuja maior incidência se dá em pessoas imunodeprimidas e portadores de HIV), tuberculose (doença ainda comum em países em desenvolvimento, como o Brasil), alergia a medicamentos, neoplasias (câncer), dentre outras causas. Por isso, a forma de transmissão varia de acordo com o tipo de agente de meningite implicado. Por exemplo, nas meningites virais a transmissão pode ocorrer por via oral, através de um beijo, ou pelo contato com alimentos e excrementos contaminados. Doenças como caxumba (a popular papeira) também podem evoluir para uma meningite viral. Vale lembrar que as três formas mais importantes de contágio por vírus são via área, sexual, mãos contaminadas ou ingestão de alimentos infectados.
Meningite bacteriana Essa forma da doença possui quatro principais bactérias transmissoras. Pneumococo, que também pode ocasionar otite, sinusite e pneumonia. Meningococo, que tem sorotipos diferentes como A, B, C, Y, W135, embora atualmente o tipo C represente hoje mais de 90% dos casos de meningite meningocócica. Haemophilus influenzae, hoje extremamente rara como causadora de meningites em crianças até 5 anos, pelo sucesso atingido nas campanhas de vacinação. E a sífilis, doença sexualmente transmissível que tem apresentado um crescimento na população sexualmente ativa e que pode evoluir para meningite.
Principais sintomas e a conduta necessária Geralmente os sintomas incluem dor de cabeça, febre, vômito e às vezes rigidez na nuca. O quadro clínico pode ter complicações incluindo redução do nível de consciência, convulsão ou petéquias (lesões que denotam um quadro chamado meningococcemia e que evolui para óbito rapidamente se não houver intervenção médica imediata). É imperativo procurar um serviço de emergência. Lá, um emergencista irá solicitar inicialmente o estudo do liquor (líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal) que constitui o exame específico para confirmar a suspeita de meningite e identificar o possível tipo da doença, para então definir o tratamento adequado. Outros exames complementares também podem ser solicitados pelo especialista.
Tratamento da meningite no Hospital Português O HP dispõe de uma infraestrutura altamente capacitada para diagnosticar e tratar a meningite: assistência e terapia completas com equipes médicas preparadas, Unidade de Emergência Geral, exames de ressonância magnética de crânio ou tomografia computadorizada, além da administração de medicamentos apropriados. O tratamento varia de acordo com o agente causador da doença. Assim, o tipo bacteriano é combatido com uso de antibióticos e, às vezes, corticoides (meningite por pneumococo ou haemophilus influenzae) que auxiliam na redução da mortalidade. Nos casos de herpes e tuberculose, são tratadas com medicações específicas para essas doenças.
Cura e Imunização A cura é alcançada na maioria dos casos. A doença viral tem taxa de mortalidade inferior a 1%, enquanto a meningite meningocócica apresenta mortalidade entre 12% e 15%. Já a meningite pneumocócica apresenta mais complicações, tendo mortalidade maior entre 15% a 20% dos casos. Vale ressaltar que registros isolados da doença normalmente não representam epidemia, mas a prevenção é sempre importante e pode ser feita por diversas vacinas disponíveis nos postos de saúde (para crianças) e clínicas particulares especializadas.
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No ano passado, a população baiana ficou alarmada diante das sucessivas notificações de casos de meningite divulgados pela imprensa, especialmente, em relação aos surtos atribuídos ao Meningococo C. Apesar das repercussões sobre o tema, muita gente ainda desconhece as formas de contágio e o tratamento da enfermidade. Essas e outras dúvidas comuns são esclarecidas por Dr. Alessandro Farias, médico líder da Infectologia do Hospital Português e membro do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do HP. Confira!
