Gleidetania, Valdemar, José Augusto, Fernanda, Cássio, Valdoeny, Aldo, Clodair, José Luis, Jorge. Em comum, eles carregam o sentimento de vida renovada, concretizado pelo transplante hepático. A cirurgia mudou a perspectiva deles e de outros 219 pacientes assistidos pelo Programa de Transplante de Fígado do Hospital Português – único em atuação na Bahia e totalmente realizado através do SUS. Tal resultado motiva a espera de muitas pessoas que aguardam por um fígado na fila da Central de Transplantes de Órgão da Bahia. “Todos sabemos que um dia vamos morrer, mas é muito ruim viver doente, e ter uma data marcada para a morte é bastante angustiante. O transplante mudou minha vida como um todo”, revela o comerciante de Valença, Valdoeny Franco, 44 anos. Diagnosticado com hepatite C em 1997, ele recorda ter recebido aos 32 anos a previsão de três meses de vida, caso não fizesse o transplante. A operação ocorreu em dezembro de 2001, no Programa do HP. “Hoje, celebro duas datas de aniversário. Resgatei meus planos, casei novamente, tive mais três filhos. Também ganhei novos familiares no Hospital, uma irmã e dois pais”, acrescenta, referindo-se carinhosamente a chefe de enfermagem e aos médicos cirurgiões da Unidade de Gastro-hepatologia do HP – única UTI especializada em gastroenterologia e hepatologia no Norte e Nordeste do país.
Além do afeto desenvolvido pela equipe de assistência do Hospital, a gratidão é outro traço comum aos pacientes transplantados. “Sou profundamente agradecido ao doador e seus familiares. Rezo por eles todos os dias”, informa o arquiteto Aldo Figueiredo, de 52 anos, transplantado há quase cinco anos, após mais de 60 internações para tratar complicações decorrentes de hepatite C. Hoje saudável, ele se anima com a possibilidade de passar mais um dia dos pais ao lado das duas filhas e da esposa. “Eu levava mais tempo internado do que com a minha família. Sentia como se fosse um paciente terminal. O transplante me devolveu o convívio com os entes queridos, o retorno ao trabalho e uma outra vida. Hoje não tenho nem gripe”, celebra.
Esse mesmo sentimento é compartilhado pelo agente de turismo Cássio Uzêda, de 52 anos, que também adquiriu hepatite C ao fazer uma tatuagem ainda na adolescência. A ausência de sintomas o fez buscar tratamento tardiamente, aos 34 anos, quando a única solução apontada foi o transplante hepático. “Sempre tive bom humor, mas o trabalho e a família me ajudaram a esquecer que estava doente até o momento da cirurgia”. Pai por três vezes, Uzêda vivenciou novas emoções com o nascimento de três netos e de um bisneto. Para ele, o transplante realizado em 2010 fortaleceu ainda mais os laços familiares. “É uma alegria estar com eles e com saúde”.
Dr. Paulo Lisboa Bittencourt, clínico do Serviço de Transplantes de Fígado do HP e coordenador do Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia da Instituição, enfatiza que para que esses depoimentos se tornassem possíveis, foi necessário um longo trabalho de uma equipe multidisciplinar altamente treinada, composta por cirurgiões, clínicos, anestesistas, patologistas, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outros profissionais de apoio da UGH, além do respaldo da infraestrutura hospitalar de alta complexidade do HP. Segundo o especialista, os resultados de sobrevida obtidos atualmente pela Instituição são comparáveis àqueles observados em centros de excelência nacionais e internacionais. Ele também ressalta o grande incremento no número de transplantes realizados nos últimos anos, que permitiu a redução exponencial do número de pacientes em lista de espera. “É importante destacar o esforço conjunto de vários profissionais do HP para a obtenção destes resultados, como o entusiasmo das enfermeiras Maria Auxiliadora Evangelista e Alessandra de Castro, que se dedicam de corpo e alma ao transplante há mais de 10 anos, além das suas outras atividades”.
Precursor em transplante hepático na Bahia e referência nessa área no Norte/Nordeste do país, o HP detém incidência mínima de complicações cirúrgicas, comparado à maioria dos centros transplantadores no Brasil. “Mais de 1/3 dos pacientes submetidos ao procedimento no Hospital não fazem uso de transfusões de sangue ou de hemoderivados. Temos uma das melhores taxas nacionais de sobrevida atuarial após transplantes de fígado”, informa Dr. Jorge Bastos, líder da equipe de Transplantes de Fígado do HP, pós-doutor em transplantes de fígado e cirurgia hepatobiliar pelo The Queen Elizabeth Hospital, Inglaterra – referência mundial nesta área da Medicina.
“Hoje eu esqueço até que fiz o transplante, se não fosse a cicatriz poderia não lembrar”. O relato da administradora de empresas Gleidetania Honorato, de 24 anos, dá pistas da sua boa recuperação. A cirurgia transcorrida em janeiro deste ano devolveu à jovem a possibilidade de realizar projetos pessoais. Aluna de um curso de pós-graduação, ela faz atividade física regularmente e se diz cheia de garra. “É maravilhoso, sinto como se eu tivesse renascido. Agradeço muito em orações ao doador e também à família dele, porque no momento em que estavam fragilizados tiveram sensibilidade de pensar no próximo. Sinto que estou ‘zero quilômetro’ e tenho muitos planos”, diz, depois de ter superado a síndrome de Budd-Chiari – doença que afeta o fígado. Para retomar sua rotina de atividades, Gleidetania passou por acompanhamento médico periódico, necessário a todo paciente submetido a um transplante hepático.
O otimismo da administradora é semelhante ao da estudante Fernanda Chagas, de 19 anos, que, acometida pela mesma síndrome, realizou o primeiro transplante aos 16 anos. “Recebi parte do fígado do meu pai, em novembro de 2008”. Três anos e três meses mais tarde ela voltaria a se submeter ao procedimento devido à recorrência da doença no fígado transplantado. “Quando disseram que eu iria fazer a segunda cirurgia, pensei: vou sair dessa. O apoio dos meus familiares e a segurança que equipe médica me passou foi tudo que eu precisava”, confessa.
Para Dr. Jorge Bastos, esses resultados se devem a um conjunto de fatores. “A experiência da Instituição consolidada ao longo de mais de uma década, aliada à estrutura apta para realizar procedimentos de alta complexidade e o excelente preparo técnico da equipe multidisciplinar são aspectos decisivos para o sucesso do Programa de Transplantes de Fígado do HP”, avalia. Hoje, o Hospital contabiliza 230 transplantes de fígado, com 36 procedimentos realizados no primeiro semestre de 2012. No ano passado, 44 pacientes receberam um fígado novo no Programa.
Pais renovados “Hoje tenho saúde e mais tempo para meu filho”. Clodair Eduão, técnico em agropecuária, 49 anos, transplantado em novembro de 2010.
“O transplante foi uma imensa alegria para todos nós”. Jorge Coutinho, servidor público, 53 anos, tem sete filhos e fez o transplante em janeiro de 2012.
“O transplante representa a chegada de uma vida nova. Agradeço a dedicação de toda equipe da assistência”. Valdemar Costa, aposentado, 70 anos, transplantado em janeiro de 2009, tem três filhos. Depois do transplante, adotou uma menina com a esposa.
“Agradeço a minha família e aos meus quatro filhos. Agora, quero aproveitar essa nova oportunidade”. José Luis Almeida, aposentado, 50 anos, transplantado em março de 2012.
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