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Psicodermatoses — Hospital Português da Bahia

18 de março de 2013

Psicodermatoses

18 March 2013

Rica em terminações nervosas e repleta de vasos sanguíneos, a pele está tão conectada ao cérebro que sofre os efeitos e recebe os reflexos dos altos e baixos emocionais. De acordo com o dermatologista do Hospital Português (HP), Dr. Ruy Guimarães Botelho, o estresse e outros problemas emocionais realmente podem causar doenças de pele. “Há diversos distúrbios cutâneos que podem ser decorrentes de transtornos psicológicos. A correlação não é precisamente definida, entretanto, acredita-se que um dos motivos é o fato de a pele e o sistema nervoso central serem derivados do mesmo folheto embrionário, tendo uma origem comum no desenvolvimento”, afirma. Com isso, a dermatologia ganhou uma importante aliada no tratamento de diversas doenças de pele, como herpes, psoríase e vitiligo: a psicologia.

Segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a causa dos problemas de pele de um em cada três pacientes é emocional – como estresse, ansiedade e depressão. O fenômeno, inclusive, já ganhou até nome: psicodermatose, que são as doenças de pele causadas por um componente psicológico. O estresse, de acordo com um levantamento realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) já afeta cerca de 90% da população mundial. “Pessoas estressadas podem desenvolver várias psicodermatoses, como acne, desidrose e dermatite seborréica (caspa), só para citar as mais comuns”, diz o Dr. Botelho.

Para cuidar dessas manifestações, o tratamento deve ser multidisciplinar. Identificada a alteração da pele como uma psicodermatose, os recursos terapêuticos são, primeiramente, cuidados dermatológicos para a recuperação da integridade da pele; atenção psiquiátrica para a ministração de psicofármacos adequados ao estado psíquico do paciente e psicoterapia para promover a normalização cognitiva e comportamental. É importante destacar que, em geral, já durante a consulta dermatológica, pode-se detectar a influência do fator emocional. “Basta avaliar possíveis traços de ansiedade, depressão e angústia no paciente, que dá para perceber na própria entrevista a revelação deles”, pontua o dermatologista. Em casos menos claros, faz-se necessária avaliação com um psicólogo ou um psiquiatra, no intuito de explorar o fator emocional. “Na maioria dos casos, não sendo avaliado o aspecto psicológico, o tratamento da lesão cutânea terá efeito por algum tempo, mas o paciente, inevitavelmente, voltará a ter sinais e sintomas da dermatose”, enfatiza Dr. Botelho. Como forma de prevenção dessas psicodermatoses, a dica é evitar estresses e manter o equilíbrio emocional, mesmo em situações mais difíceis, já que a cura para esses tipos de doença, por exigirem cuidados psiquiátricos, psicológicos e dermatológicos, é complexa e requer dedicação e comprometimento do paciente.