Durante os surtos de gripe, muitos pacientes procuram as unidades de emergência apresentando sintomas respiratórios como cefaleia, tosse, febre e calafrios, porém, apenas 35% deste público estão realmente “gripados”. Isto porque as infecções respiratórias são muito comuns e possuem causas distintas, tais como: resfriados (que representam quadro viral brando); gripes, causadas pelo vírus da influenza (que constitui um quadro viral agudo e mais demorado), além de infecções bacterianas com potencial de evolução para processos pneumônicos. Tal incidência tem motivado a busca por subsídios auxiliares no diagnóstico diferencial de infecções respiratórias agudas. Tanto nos quadros bacterianos passíveis de evoluir para processos pneumônicos, quanto nos quadros virais, em especial, nos estados gripais em fase aguda.
A procura por essas informações visa orientar o médico clinico, com dados confiáveis na indicação de medidas terapêuticas específicas. No caso de idosos, por exemplo, a depressão imunológica causada pelo envelhecimento oferece maior propensão ao desenvolvimento de infecções mais graves, entretanto, que podem ser evitadas por meio de intervenções terapêuticas precoces. Nessas situações, os recursos auxiliares ao diagnóstico compreendem a utilização de Leucograma associado ao RX de Tórax, que nem sempre são conclusivos, prevalecendo o exame clinico e a história do paciente na tomada de decisões.
Uma publicação recentemente veiculada no The American Journal of Emergency Medicine (Am. J. Med. of Emerg. 2013; 31:137-144) sugere a checagem dos níveis sanguíneos da Proteína C. Reativa – PCR. Esta proteína possui concentração muito baixa em pessoas saudáveis, porém diante de infecção ou estímulos inflamatórios passa a ser sintetizada pelo fígado e encontrada no sangue em fases agudas dessas patologias. Por isso, a identificação da PCR permite o estabelecimento de um diagnóstico diferencial mais preciso nos quadros virais e bacterianos.
No referido estudo, foram acompanhados pacientes de variadas faixas etárias, com sintomas de Síndrome Respiratória Aguda. O objetivo primário era identificar, através de testes específicos, os portadores de infecções bacterianas e os portadores de síndromes virais, sobretudo, a influenza (gripe). A população estudada realizou a dosagem da PCR sanguínea, permitindo que os pesquisadores concluíssem que o grupo portador de infecções bacterianas apresentavam níveis de PCR em média de 135.96 mg/L, ao passo que os acometidos por gripe tinham níveis médios de 25.65mg/L e em outras infecções virais respiratórias a dosagem era de 13.73 mg/L.
Dessa forma, o que se preconiza é a utilização deste exame laboratorial para a tomada de decisões rápidas e a instituição da terapêutica mais eficaz e eficiente para o paciente. Além disso, a identificação de níveis elevados de PRC no sangue apresenta maior eficácia na identificação de infecções bacterianas do que a medição dos níveis de leucócitos (leucocitose), sobretudo em quadros pneumônicos.