Doença febril aguda com potencial de evolução para formas mais graves e risco de morte, a dengue permanece em destaque constante como preocupação da saúde pública na Bahia e no Brasil. O clima quente e as pancadas de chuva que caracterizam a alta estação no país representam a condição propícia para a proliferação do mosquito Aedes Aegypt, transmissor da doença. Daí as epidemias serem mais frequentes no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos. Nesta entrevista Dr. Alessandro Farias, médico líder da Infectologia do Hospital Português e membro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da instituição informa a situação atual da dengue no Estado e orienta como lidar com a doença. Confira!
1. Qual a estatística atual de casos de dengue na Bahia?
Até outubro deste ano, foram registrados 78.368 casos suspeitos de dengue na Bahia, um aumento de 11,18% em relação ao mesmo período de 2012. Sabe-se, contudo, da possibilidade de casos não notificados que poderiam aumentar ainda mais estes dados. O número de registros varia, sobretudo, de acordo com a susceptibilidade da população ao sorotipo viral presente numa comunidade em um determinado momento, bem como às condições favoráveis para a multiplicação do Aedes Aegypt.
2. Quais tipos de dengue circulam hoje na Bahia?
Atualmente, dos quatro sorotipos existentes três são circulantes na Bahia: DENV-1, DENV -2 e DENV-4.
3. O comportamento humano ainda é o principal responsável pela proliferação do mosquito?
Até 90% das infecções por dengue são adquiridas por foco de mosquitos peridomiciliar ou no ambiente do trabalho. O Aedes Aegypt tem hábitos de infectar principalmente diurnamente, por este motivo há uma importância muito grande em relação ao ambiente, eliminando o acúmulo de água parada e possíveis pontos de proliferação do mosquito. Isso vale para todos, pois as condições para multiplicação do transmissor envolvem todas as classes sociais.
4. Como identificar rapidamente os primeiros sintomas da dengue e tratar corretamente?
Os sinais que determinam gravidade e requerem ações terapêuticas com avaliação na emergência são: dor abdominal intensa e continua, vômitos que persistem, tontura, queda da pressão arterial, extremidades frias, hemorragias importantes, palidez, pulso rápido e fino, agitação ou letargia, desconforto respiratório, diminuição repentina da temperatura ou do volume de urina. Porém, o mais relevante é observar dentro dos 7 dias de duração da doença os sinais de alerta, pois estes são os que determinam a melhor estratégia de conduta terapêutica.
5. Como é feita a terapia?
Envolve principalmente o uso adequado da hidratação, que pode ocorrer por via oral nos pacientes não classificados como graves ou por via intravenosa dentro do ambiente hospitalar.
6. Como o senhor avalia as perspectivas da vacina para a dengue?
Atualmente os testes estão na fase II de pesquisa, com previsão para uso a partir de 2018, possivelmente em dose única que potencialmente imunizará contra os 4 tipos virais e pode determinar queda abrupta do número de casos e controle da doença.