A infecção do trato urinário (ITU) é uma doença muito frequente em ambos os sexos, em todas as idades, com maior prevalência nas mulheres do que nos homens – exceto no primeiro ano de vida dos meninos, quando a presença de fimose favorece o seu surgimento. A maior prevalência da ITU em mulheres está associada a dois fatores: a uretra mais curta e a proximidade desta e da vagina com o ânus, que fazem com que bactérias (presentes normalmente nas fezes) ascendam pela vagina e uretra, penetrem no trato urinário, causando infecção.
Sabe-se que 48% das mulheres apresentam pelo menos um episódio de ITU e 20% destas, apresentarão alguns episódios repetidos ao longo da vida. A mulher adulta tem maior chance de adquirir o problema por várias razões, sobretudo: 1) Atividade sexual. O ato sexual faz com que bactérias normalmente presentes na flora vaginal, avancem em direção à uretra e contaminem a urina. 2) Gestação. A queda da imunidade, além de mudanças anatômicas que ocorrem na gravidez, como a dilatação do rim por compressão do útero gravídico, faz com que as gestantes tenham maior chance de desenvolverem infecção urinária no rim, também conhecida como pielonefrite. 3) Menopausa. As alterações hormonais desta fase diminuem os mecanismos de defesa da mulher, deixando-a susceptível à invasão bacteriana. 4) Obstipação intestinal (prisão de ventre). A permanência prolongada do bolo fecal no reto aumenta a chance de ITU. 5) Heranças genéticas. Embora se desconheça as alterações genéticas relacionadas à infecção urinária, é muito evidente a maior prevalência desta doença entre mulheres da mesma família.
As ITU são divididas quanto ao local da infecção e gravidade. No primeiro caso, a infecção baixa (conhecida como cistite) é mais comum, tendo sintomas como dificuldade para urinar, maior frequência e urgência urinária, além de dor no baixo ventre. A infecção alta (pielonefrite) apresenta os mesmos sintomas, podendo haver também febre, calafrios, dor lombar e queda do estado geral. Quanto à gravidade, temos a ITU não complicada – que ocorre em paciente com estrutura e função do trato urinário normais, sendo adquirida fora do ambiente hospitalar. A cistite é o exemplo clássico desse tipo de infecção, que pode ser tratada em casa com uso de antibiótico. Já a ITU complicada ocorre concomitantemente com outras doenças, como AVC (derrame cerebral), hiperplasia da próstata, cálculo urinário, tumores malignos do trato urinário, entre outras; em pacientes hospitalizados (infecção hospitalar) e portadores de sonda na bexiga. Esse tipo de infecção requer internamento hospitalar e uso de antibiótico por via venosa.
O tratamento das ITU é basicamente por meio de antibióticos. Mulheres que apresentam o problema repetidas vezes também dispõe de algumas opções de tratamento não medicamentosas, com destaque para a fruta cranberry que pode ser consumida em forma de sucos ou comprimidos. A vacina em cápsulas (uro-vaxom) é outra opção. Contudo, a chance de contrair infecção urinária pode ser diminuída com alguns cuidados simples: aumentar o consumo de líquidos, urinar em intervalos de no máximo 3 horas, urinar ao deitar e logo após a relação sexual e evitar lavar excessivamente a vagina durante o banho.