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Organismo desintoxicado sem riscos — Hospital Português da Bahia

7 de janeiro de 2014

Organismo desintoxicado sem riscos

07 January 2014

Amplamente difundida como método eficiente para eliminar impurezas do organismo e reduzir medidas, a dieta desintoxicante (ou simplesmente detox) tem despertado grande interesse. O outro lado da questão é que ao excluir grupos de alimentos importantes para o desempenho fisiológico – lactose, carne vermelha, glúten, farinha branca, açúcar – a detox implica em uma alimentação restritiva e pobre em nutrientes. Sem o consumo de carboidratos (que são fonte de energia para o gasto físico e intelectual) e a ingestão de proteínas (formadoras dos tecidos musculares e do sistema imunológico), a saúde fica comprometida. Daí a importância de consultar um especialista para promover uma mudança alimentar radical e usufruir dos benefícios que esse tipo de dieta pode oferecer. “Qualquer restrição, substituição ou suplementação de alimentos, deve ser feita com acompanhamento de nutricionista para avaliar os riscos e os benefícios da indicação. Esse cuidado evita o surgimento de carências nutricionais e o comprometimento da saúde física e mental”, alerta a nutricionista líder da especialidade no Hospital Português, Gildete Fernandes. 

Os grupos de alimentos suprimidos na detox constituem a base alimentar diária do brasileiro. Ao serem retirados do cardápio promovem uma rápida perda de peso, pela extrema restrição calórica, mas também produzem uma redução brusca na oferta de energia, proteína, gorduras, vitaminas e minerais. “A detox seguramente reduz medidas, mas sua aplicação é questionável e temporária. A recuperação do peso pode ser rápida se não for feita uma reeducação alimentar. Além disso, a restrição severa de refeições causa mal estar, irritação, indisposição, modificação abrupta de hábitos alimentares com privação do paladar, olfato, textura e apresentação visual de refeições muito prazerosas”, avalia. Essas características fazem com que a detox seja uma dieta para ser seguida por um período delimitado. Controlar a sua duração, mantendo um cardápio equilibrado, é a chave para evitar o risco de desnutrição e carências importantes. A exclusão total da carne vermelha, por exemplo, pode gerar anemia ferropriva e imunidade baixa. Já refeições sem lacticínios causam carência de cálcio e comprometimento da saúde óssea. Além disso, longos períodos de restrição alimentar provocam diminuição da disposição para tarefas cotidianas, mudança de humor, redução da concentração e aumento da susceptibilidade para doenças.

 Para uma vida saudável, o ideal é promover uma mudança comportamental e investir em hábitos duradouros. Isso inclui prática regular de atividade física, suspensão do fumo, diminuição da ingestão de álcool, redução do consumo de açúcares simples, refrigerantes, frituras e outras comidas industrializadas, bem como o aumento da ingestão de fibras e líquidos. Seguir um plano de reeducação alimentar individualizado pode ser a saída para resgatar definitivamente o prazer de comer alimentos variados, com moderação. Ao traçar o plano, o nutricionista avalia as necessidades de energia individuais, a faixa etária, sexo, altura, tipo de atividade física praticada, presença de alergias e intolerâncias alimentares, hábito alimentar pessoal e familiar, capacidade de aquisição e preparação de alimentos. “O prazer à mesa é essencial porque potencializa o resultado de qualquer dieta, favorecendo a manutenção do peso e da saúde”, conclui Gildete Fernandes.