Os sinais do refluxo
04 February 2014
Azia, queimação, dificuldade de engolir, garganta ardendo. Incômodos comuns em tempos de vida corrida, quando falta tempo até para se alimentar com calma. Mas esses sintomas, se ocorrendo com frequência, podem esconder um vilão ainda maior: a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), que se caracteriza pelo retorno de alimentos e conteúdos estomacais para o esôfago, um órgão tubular do aparelho digestório, que faz a ligação da boca ao estômago. A doença, comum em crianças com faixa etária até um ano – nos quais os mecanismos de proteção ainda não estão completamente maduros – também ataca adultos, causando danos ao aparelho digestivo e, em alguns casos, favorecendo o aparecimento de úlceras e alguns tipos de câncer. De acordo com a Dra. Maria Alice Soares, médica assistente da Unidade de Gastro e Hepatologia do HP, o refluxo é muito comum, tem origem multifatorial e o mecanismo principal que determina o surgimento da doença é a falha no funcionamento do Esfíncter Inferior do esôfago, estrutura muscular que regula a passagem dos alimentos e todo conteúdo ingerido, impedindo que estes refluam. Para a especialista, é preciso ficar atento aos sinais do corpo. De todos os sintomas o mais comum é a azia. No entanto, nem todo mundo que apresenta azia de forma esporádica é portador da doença e nem todas as pessoas com a DRGE apresentam esse sintoma. “A azia é um sintoma muito comum e maioria da população adulta já o teve alguma vez na vida. Contudo, caso o problema se torne frequente, o paciente deve procurar avaliação médica”. Em um percentual significativo de pacientes ocorrem os chamados sintomas atípicos da doença e que possuem relação com outros órgãos vizinhos ao esôfago. Estes sintomas podem ser “rouquidão, pigarro, dor na garganta, tosse, dor no peito ou chiado”. Fatores de risco e tratamento O consumo de alimentos gordurosos, álcool, café e o fumo estão diretamente associados com a doença. A ingestão exagerada de líquidos durante as refeições também favorece o refluxo. Em alguns casos, pacientes com asma e que fazem uso de determinados medicamentos, além de mulheres grávidas, podem vir a desenvolver esse problema. “Alguns fatores podem favorecer o surgimento da DRGE, dentre eles a presença de hérnia de hiato, a diminuição da pressão do esfíncter, aumento da secreção ácida do estômago ou retardo do seu esvaziamento e obesidade. Vários estudos têm demonstrado a relação entre o índice de massa corporal, circunferência abdominal e ganho de peso com os sintomas da DRGE e surgimento de complicações”, pontua. Mudar os hábitos alimentares é a primeira medida para o tratamento eficaz do refluxo. Uma dieta balanceada, aliada a exercícios físicos, contribui para o controle do quadro clínico. Alguns pacientes podem também se beneficiar de alterações posturais, evitando deitar-se logo após a ingestão alimentar ou inclinando a cabeceira da cama na hora de dormir, ação que impede o retorno do alimento para a garganta. Caso necessário, o médico pode prescrever algum medicamento que torne o suco gástrico menos prejudicial ao organismo. “O tratamento cirúrgico é uma opção para aqueles pacientes que apresentaram boa resposta ao tratamento clínico e necessitam de tratamento de manutenção. De toda sorte, o melhor para o paciente é manter hábitos de vida saudáveis e controlar o peso”, finaliza a Dra. Maria Alice Soares.