Salvador ganha Centro de Tratamento da Tontura
06 May 2014
Andar numa corda bamba ou sobre uma plataforma sem cair, jogar tênis, cabecear uma bola, pular um muro. É vivenciando situações como essas na realidade virtual dos jogos eletrônicos que os portadores de distúrbios do equilíbrio estão aprendendo a recuperar a harmonia corporal para empreender desafios semelhantes no dia-a-dia. A terapia inovadora é empregada na reabilitação de pacientes pelo Centro de Tratamento da Tontura do Hospital Português – serviço pioneiro que compõe a área de Otorrinolaringologia da Instituição e oferece atendimento especializado e integrado no diagnóstico e tratamento da vertigem ou tontura. De acordo com Dr. Thiago Alcântara, otorrinolaringologista do serviço, o tratamento com videogames é apenas uma possibilidade de terapia disponível para os mais de cem tipos de tontura identificados. “Diagnosticar a causa do problema corretamente é a chave para tratá-lo de forma eficaz, muitas vezes sem uso de medicações e com alta possibilidade de cura”, informa.
Causas da vertigem
O especialista chama atenção para a crença popular de que a labirintite é responsável por quase todas as formas de vertigem. Um erro comum, que ajuda a retardar a identificação das reais motivações da tontura e que pode acarretar o seu agravamento com a prática da automedicação. Em geral, a causa principal é atribuída a uma doença do ouvido interno (labirinto) chamada de Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB), que responde por cerca de 80% dos casos e tem maior chance de surgir com o avançar da idade. Outros exemplos de labirintopatia – termo correto para definir as doenças do labirinto – são a doença de Ménière (que gera perda da audição, zumbido e tontura) e a cinetose (causa comum de enjoo, náusea e vertigem durante as viagens). Alguns fatores que também podem influenciar o surgimento desses sintomas são o consumo de café e doces em excesso, não dormir bem, apresentar níveis de estresse, anemia, disfunções da tireoide e colesterol elevado. Os episódios costumam ser breves, porém suficientes para gerar desconforto e comprometer a qualidade de vida. De acordo com o especialista, cerca de 1/3 da população mundial vai apresentar o problema em algum momento da vida. “Para quem possui disfunções do equilíbrio, viajar de carro, navio ou ônibus; olhar para o alto enquanto sobe uma escada ou mesmo levantar rapidamente da cama são atitudes que podem desencadear uma crise de tontura, às vezes acompanhada de zumbido, sensação de ‘cabeça girando’, ‘ambiente rodando’ e escurecimento da visão”, exemplifica.
Reabilitação do equilíbrio
O emprego da realidade virtual na reabilitação de quem sente tontura é um método novo na região Nordeste. Através do uso de games que simulam situações reais o médico pode medir o desempenho e o progresso do paciente com relação ao tratamento. Os exercícios são simples e orientados por um fonoaudiólogo, tendo o objetivo de testar o equilíbrio e promover a reabilitação do labirinto. A cada sessão aumentam as chances de curar a vertigem sem a necessidade de utilizar medicações. “O game tem a vantagem de promover maior adesão ao tratamento, por ser um recurso atrativo. É algo interessante até para os pacientes com idade mais avançada”, observa. A resposta ao tratamento varia de acordo com as causas da tontura e a idade do paciente, mas segundo os especialistas, na maior parte dos casos o problema é curado ou há um alívio importante dos sintomas, possibilitando a retomada das atividades diárias.
Diagnóstico pelo movimento ocular
Na atualidade, uma das tecnologias mais avançadas para investigar a vertigem é a videonistagmografia. Esse exame ultramoderno permite identificar a partir dos movimentos oculares se existe ou não alguma lesão no labirinto. De acordo com os especialistas, essa dedução é possível devido à íntima relação existente entre a movimentação dos olhos e o ouvido interno. Para ser submetido ao exame, o paciente coloca uma máscara equipada com câmeras, que captam os movimentos oculares decorrentes de estímulos visuais e labirínticos provocados pelo fonoaudiólogo. A alta sensibilidade às reações do paciente constitui o grande diferencial da avaliação, que hoje é realizada com exclusividade no Centro de Tratamento da Tontura do HP. As imagens captadas são armazenas em programa específico de computador e podem ser reavaliadas posteriormente por uma equipe multidisciplinar, envolvendo desde otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos até cardiologistas e neurologistas, sempre que necessário ao diagnóstico e tratamento preciso das causas do problema.
Outros recursos utilizados pelo serviço na investigação das alterações do equilíbrio são o exame de Potencial Evocado Miogênico Vestibular (VEMP), a Eletrococleografia (EcoG) e o exame do Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (BERA) – que é uma análise de última geração do limite da audição por meio da observação nervo auditivo. As avaliações e o atendimento eletivo são realizados nas salas 104 a 109 do Centro Médico HP. Já os casos de urgência e emergência são assistidos na Emergência de Otorrinolaringologia, localizada no primeiro andar do Hospital. “Essa assistência integrada nos permite acompanhar a evolução do quadro clínico do paciente e sua resposta ao tratamento”, destaca Dr. Thiago Alcântara.
ALTA TECNOLOGIA DIAGNÓSTICA
BERA (Exame do Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico) – Exame de última geração para avaliação objetiva do limite de audição por meio do exame do nervo auditivo.
VEMP (Potencial Evocado Miogênico Vestibular)
EcoG (Eletrococleografia) – Exame simples, rápido e preciso da função auditiva e do funcionamento da orelha interna.
Videonistagmografia ou Avaliação Vestibular (VNG) – Exame de avaliação das vertigens ou distúrbios do equilíbrio por meio dos movimentos oculares.