Alimentação Nutritiva
01 July 2014
Experimentar frutas e verduras desde a infância, muitas vezes é condição determinante para que uma pessoa permaneça consumindo esses alimentos saudáveis ao longo da vida. De acordo com a chefe da Nutrição do Hospital Português, Gildete Fernandes, isso acontece porque é na infância que conhecemos sabores novos e aprendemos os diferentes tipos de paladar. A partir do sexto mês de vida os pais já podem oferecer refeições complementares, introduzindo alimentos novos para serem testados. Embora a preferência natural da criança seja pelo sabor adocicado, quanto mais atrativa for a comida, melhor. “Nesse momento, a criança precisa sentir o cheiro e a consistência do alimento para reconhecê-lo. Como ela não tem coordenação motora, precisa de supervisão; mas é importante ter esse contato, sujando o rosto, as mãos, até se familiarizar. O olfato é um sentido muito forte e fica gravado para o resto da vida”, diz a nutricionista.
Começar a apresentação do novo cardápio, preferencialmente, com alimentos que possuam consistência e propriedades adequadas para cada idade é a recomendação de quem entende do assunto. Para tornar a hora da refeição mais atrativa vale investir na produção de pratos lúdicos, sempre respeitando uma pausa de 3 horas entre as refeições. “A indústria alimentícia já faz isso. São biscoitos com carinhas, chocolates recheados com brinquedos, entre outros. É preciso fazer o mesmo com os alimentos naturais para despertar o interesse da criança. Quando ela resiste a um alimento, em geral, é porque teve um contato inicial de forma inadequada”. As cores são outro atrativo, que, aliás, diz muito sobre a composição do alimento. Por exemplo, cenoura e abóbora possuem propriedades nutricionais semelhantes, assim como todos os alimentos de cor verde e os de cor vermelha. A nutricionista explica que desde o primeiro contato com a comida, a criança já começa a desenvolver o hábito alimentar. Em sua concepção lúdica, ela testa não apenas o paladar, mas o cheiro e as formas, principalmente, durante o período de formação da arcada dentária, quando sente a gengiva coçar.
Logo, atentar para o modo de apresentação das frutas, verduras e legumes é fator fundamental para ampliar as chances de que uma criança mantenha o hábito de comer alimentos saudáveis ao longo do seu crescimento e na vida adulta. Respeitar o gosto pessoal dos pequenos também é fundamental, pois embora vivenciem uma fase de descobertas, eles também possuem preferências entre os sabores. “Uma criança pode não gostar de maçã, mas apreciar banana, que também tem ferro em sua composição. É preciso encontrar alimentos substitutos”, orienta. De acordo com a nutricionista, alguns estudos com crianças abaixo de quatro anos demonstram que a receptividade no teste de um novo alimento aumenta quanto mais vezes ele for ofertado. Assim, a dica é oferecer, por exemplo, a cenoura ralada num dia, no outro, cozida, até que este novo sabor seja aprendido.
Para crianças já habituadas a consumir alimentos industrializados (refrigerantes, salgadinhos, fast-foods, etc.), e que não possuem problemas nutricionais ou risco patológico associado, a especialista informa que é possível promover a reeducação alimentar no dia-a-dia. Já aquelas que estão na fase de comer alimentos sólidos, mas se mostram resistentes, é desaconselhável processar tudo no liquidificador a fim de tornar o consumo mais fácil com o uso da mamadeira. “É preciso ter paciência e continuar oferecendo o novo alimento. Se ela não consegue comer a fruta inteira, dê raspas ou uma porção cremosa. Deixe-a pegar no alimento, esse reconhecimento do aroma e da consistência é essencial, porque ela está fazendo uma escolha. Não adianta obrigá-la para não criar uma referencia negativa”, adverte. Na página do Ministério da Saúde na internet é possível consultar o guia Dez passos para uma alimentação saudável, que traz orientações alimentares para crianças menores de dois anos. A publicação, de 2013, tem 71 páginas e também pode ser consultada no link http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dez_passos_alimentacao_saudavel_guia.pdf.