Colesterol: vilão ou mocinho?
08 August 2014
A importância de controlar um importante personagem ganha projeção nacional neste 8 de agosto, data definida pelo Ministério da Saúde como o Dia Nacional de Combate ao Colesterol. No Brasil, assim como acontece em diversos países do globo, o colesterol tem contribuído significativamente para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares – como o Acidente Vascular Encefálico (AVE, conhecido como “derrame”) e o Infarto Agudo do Miocárdio – consideradas como as principais causas de morte e limitações da qualidade de vida, em todo o mundo. A boa notícia é que nem todo colesterol é ruim. Isso porque o colesterol total é basicamente dividido em colesterol ruim (LDL colesterol) e colesterol bom (HDL colesterol).
O colesterol LDL é o grande malfeitor no desencadeamento de doenças cardíacas. Ele se deposita nas artérias e inflama as suas paredes, favorecendo a formação de placas de gordura e a ocorrência de infarto e AVE. Esse tipo de colesterol é o nosso ponto de partida para controlar o risco de doenças. Logo, precisamos mantê-lo em níveis baixos e seguros, ou seja, entre 160 e 70 mg/dL, a depender do perfil do paciente.
Já o colesterol HDL (bom) é protetor de doenças do coração e do cérebro. Ele é antioxidante e age como um “faxineiro”, limpando a sujeira deixada pelo LDLc, por infecções e outros fatores de risco, como o tabagismo. O interessante é que esse colesterol precisa ficar elevado e não baixo. Queremos mais faxineiros no nosso corpo, sempre! Nesse caso, seus níveis devem ser, ao menos, acima de 45 mg/dL para mantermos nossa segurança.
Para baixar o colesterol ruim é necessário educação alimentar e, sobretudo, o uso de medicações que auxiliem nesse controle. O colesterol ruim responde pouco às mudanças de hábitos de vida, mas responde de modo bem adequado ao arsenal farmacêutico que dispomos atualmente. Por isso, a prevenção é fundamental. Menos colesterol ruim, mais chances de vida longa!
Para elevar o colesterol bom é preciso fazer atividade física e ter uma alimentação saudável. Poucas medicações elevam HDLc. Já a atividade física regular (3 vezes por semana, pelo menos) aliada ao consumo de grãos gordurosos, ricos em gordura boa, como castanha do Pará e castanha de caju, uso de azeite de oliva (uma colher de sopa por dia) e vinho tinto (uma taça por dia) auxiliam muito na elevação desse “bom moço”. É sempre prazeroso elevar o HDLc. Basta ter disciplina e a felicidade de viver bem. O colesterol bom é reflexo de uma vida boa.
Como o colesterol ruim elevado não dói ou incomoda como uma unha encravada – embora seja muito mais grave – é importante fazer avaliações periódicas dos seus níveis. Prevenir sempre é melhor do que remediar e algumas predisposições genéticas podem ser contornadas com o uso de medicação. O tratamento adequado e individualizado para cada caso e no tempo certo deve ser feito por um especialista. O Hospital Português dispõe de uma equipe de Endocrinologia atualizada e habilitada para tratar os distúrbios do colesterol utilizando os conhecimentos mais modernos sobre o assunto. Procure um especialista, não deixe que o pior aconteça! Viver é algo muito raro.
*Médica endocrinologista e metabologista, especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia, professora substituta no curso de medicina da UFBA, líder da equipe de Endocrinologia e Metabologia do Hospital Português. Atende no Centro Médico Hospital Português.