Notícias Fique por dentro das novidades

Uso inadequado de aparelhos digitais prejudica a saúde — Hospital Português da Bahia

8 de agosto de 2014

Uso inadequado de aparelhos digitais prejudica a saúde

08 August 2014

Com a evolução da tecnologia digital, os aparelhos eletrônicos adquiriram múltiplas funções, reduziram medidas, ganharam leveza e se tornaram portáteis, facilitando a vida dos seus usuários mais assíduos. Enquanto os velhos computadores de mesa têm o seu uso praticamente limitado ao ambiente profissional ou ainda resistem em algum lugar da casa, equipamentos como notebooks, tablets, smartphones, iphones, entre outros, ganham as ruas e desfilam com os seus usuários nos locais mais inusitados. Seja no conforto da cama ou na fila de cinema, o desejo de informação e entretenimento agora pode ser saciado a qualquer momento. Uma praticidade que atrai inúmeros adeptos e quase nunca está associada a comportamentos benéficos à saúde. O alerta é de Dr. Nicolas Gerardo, coordenador da Emergência de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Português, titular das Sociedades Brasileiras de Coluna e de Ortopedia e Traumatologia, e também da Sociedade Latino Americana de Ortopedia e Traumatologia, que chama a atenção para os riscos de problemas posturais, lesões por esforço repetitivo, síndrome do túnel do carpo, entre outros, gerados pelo mau uso de aparelhos digitais. “Atualmente, é mais comum o diagnóstico dessas lesões estar vinculado ao uso prolongado de equipamentos tecnológicos”, observa. 

Tais “sintomas físicos” da modernidade têm acometido pessoas de todas as idades, inclusive crianças e idosos – públicos que têm ajudado a impulsionar o consumo das novas tecnologias e agora compartilham os riscos dessa superexposição. Um deles é a má postura; causa frequente de dores musculares nas áreas mais afetadas pelo uso incorreto desses equipamentos: região cervical (cabeça e pescoço), costas, braços, punhos, mãos e dedos. Dr. Gerardo explica que isso se deve a junção de fatores como manutenção de posturas erradas e realização de movimentos repetidos por horas seguidas, sem pausas, nem apoio adequado para a coluna e membros, em locais inadequados como cama, sofá e até mesmo o chão. Como consequência, a tendinite (tipo de inflamação, lesão e inchaço nos tendões) é um relato comum no consultório do ortopedista, especialmente em crianças. Mas, pessoas de qualquer idade podem desenvolver o problema e, o pior, de modo associado a dores musculares vertebrais geradas pela sobrecarga postural.

Em longo prazo, a má postura pode provocar desde dores de características agudas e/ou crônicas (como cervicalgias, dorsalgias e lombalgias) até problemas incapacitantes, como lesões por esforço repetitivo (LER) e as temidas hérnias de disco cervical. “Com o problema já instalado, o afastamento das atividades que causaram dano à saúde deve ser imediato”, afirma o especialista. Em alguns casos, os vícios posturais podem se tornar de difícil correção, mesmo por meio de sessões de fisioterapia, pilates ou reeducação postural global  (RPG), e determinar alterações crônicas na estrutura da coluna vertebral. Nas situações mais sérias, pode ser preciso intervenção cirúrgica.

Para não chegar a esse ponto, o melhor é adotar as orientações do ortopedista e delimitar o tempo de uso de celulares e afins, atentando para posturas adequadas à coluna vertebral. Intercalar a utilização dos aparelhos com pequenas pausas para alongamento e fortalecimento da musculatura dos membros superiores, lembrando-se das mãos e dos dedos, que atuam quase ininterruptamente manuseando o arsenal tecnológico. Além disso, manter cuidados ergonômicos, como alinhar e apoiar os braços durante a digitação (evitando sensação de peso e desconforto) e posicionar o equipamento na altura dos olhos evitando flexionar demais cabeça e pescoço. “Esses cuidados previnem lesões posturais e devem ser seguidos por quem faz uso prolongado de aparelhos eletrônicos, mesmo os praticantes de atividade física regular”, observa.