Atendimento de Múltiplas Vítimas
09 September 2014
O atendimento nas unidades de emergência tem contribuído para aumentar a sobrevida dos pacientes que chegam aos hospitais. Nos casos mais graves, particularmente com iminência de morte, esse tipo de assistência tem proporcionando um tratamento suportivo e, em muitos casos, definitivo. A despeito deste claro benefício assistencial, os problemas de atendimento eventualmente se tornam ainda mais complexos quando envolvem múltiplas vítimas, sobretudo em situações de desastres e catástrofes. Diante da importância da questão, o Hospital Português instituiu o Protocolo de Atendimento a Múltiplas Vítimas. Idealizado por Dr. Mário Rocha, gerente técnico da instituição, e desenvolvido em conjunto por um grupo multiprofissional, o documento traz diretrizes que visam assegurar a prestação de suporte adequado a múltiplos pacientes nas situações de desastres e catástrofes. “Para manter a qualidade da assistência prestada é fundamental sistematizar os procedimentos, de modo que seja possível seguir medidas extraordinárias preservando o cuidado rápido, seguro e eficaz”, destaca o gerente técnico.
Ele lembra que os desastres não seguem regras, sendo impossível prever a sua ocorrência, localização e número de envolvidos. Tais eventos podem ser desencadeados por fatores naturais (enchentes e desabamentos), humanos (acidentes automobilísticos, aéreos, conturbações sociais e incêndios) ou ser mistos. Por essas características, situações dessa natureza inevitavelmente acarretam desequilíbrios entre os recursos disponíveis e a capacidade de atendimento hospitalar. “Uma vez acionado o protocolo, os procedimentos eletivos devem ser suspensos e algumas áreas hospitalares devem ser evacuadas a fim de permitir acesso para o atendimento das emergências”, diz, explicando a aplicação prática do documento que determina ainda a atuação racionalizada de profissionais e o recrutamento de equipes de retaguarda para comparecimento imediato ao Hospital.
A prioridade de atendimento das vítimas mais graves, com a utilização de instrumentos (reconhecidos internacionalmente) de classificação e triagem de pacientes baseada nos sintomas, é outra conduta prevista no protocolo do HP. A efetivação das diretrizes instituídas pelo Hospital envolve equipes atuantes nas suas diferentes áreas: Farmácia, Núcleo de Qualidade, Medicina do Trabalho, Laboratório, Banco de Sangue, Central de Esterilização de Materiais, Bioimagem, Higienização, Segurança, Manutenção, Engenharia Clínica, Psicologia, Serviço Social, além da Assessoria de Marketing e Comunicação. Diante da complexa abordagem logística e operacional exigida em circunstâncias de desastres e catástrofes, a atuação multidisciplinar dos profissionais passa a ser coordenada por um comitê gestor de crise – preparado para minimizar e conduzir todo o processo e os seus desdobramentos. “Para que as diretrizes funcionem é importante o prévio alinhamento de todas essas áreas”, enfatiza.