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Bahia em alerta contra o vírus Chikungunya — Hospital Português da Bahia

7 de novembro de 2014

Bahia em alerta contra o vírus Chikungunya

07 November 2014

Alguns epidemiologistas afirmam que a proliferação da febre chikungunya no Brasil é inevitável devido a grande quantidade de mosquitos Aedes Aegypti e Aedes Albopictus no país – ambos também transmissores da dengue. Hoje, o vírus circula em diferentes regiões brasileiras. As notificações feitas pelo Ministério da Saúde (MS) vão de Norte a Sul, abrangendo zonas urbanas e rurais. Líder nacional em número de ocorrências, a Bahia teve 1.267 casos notificados em 35 municípios pela Secretaria da Saúde do Estado – Sesab, até o dia 21 de outubro. Feira de Santana, segundo maior município baiano, é o que possui a maior taxa de casos suspeitos (1.161) e transmissões já confirmadas (371).

Para especialistas no assunto, o risco de um surto da doença no Estado é eminente. Dr. Alessandro Farias, médico líder da Infectologia do Hospital Português, explica que quando o vírus chega a uma população é porque todas as condições para o surgimento do dano epidemiológico estão presentes. Daí a necessidade da comunidade adotar cuidados básicos para evitar a proliferação dos mosquitos, sobretudo no período da alta estação, quando o calor e a chuva favorecem a reprodução dos insetos que costumam picar durante o dia. “A disseminação parece inevitável. Mas, se houver esforço coletivo com relação à mudança de comportamento no manejo de lixo e utensílios que possam reter água limpa parada à disposição da proliferação destes mosquitos, é possível conter o avanço das transmissões”, afirma, lembrando ainda da necessidade de uso de repelentes e mosquiteiros.

De acordo com o MS, quando há transmissão intensa em determinada região, o diagnóstico pode ser feito pela observação dos sintomas, caso o paciente tenha tido contato com outras pessoas infectadas. Contudo, a semelhança entre as reações causadas pela febre chikungunya e a dengue pode confundir o diagnóstico e, em consequência, elevar o risco da dengue hemorrágica. Por isso, em casos de febre alta de inicio abrupto, associada a pelo menos dois outros sinais e sintomas inespecíficos, Dr. Alessandro Farias orienta avaliar a possibilidade de dengue, chikungunya ou leptospirose, por exemplo. Entretanto, as chances de infecção chikungunya aumentam se houver febre alta com dores articulares intensas, dor nas costas, cefaleia e fraqueza em geral, por até sete dias. “A confirmação é feita por detecção laboratorial do vírus através de isolamento viral, ou por detecção do RNA viral por técnica de PCR. A sorologia IgM também pode confirmar o diagnóstico”.

O especialista informa ainda que o risco de morte em casos de chikungunya é raro, mas recomenda atenção com pessoas mais vulneráveis como gestantes, idosos (acima de 65 anos), crianças menores que dois anos, ou pacientes com outros problemas crônicos de saúde reconhecidos. “Se por um lado a mortalidade é baixa, por outro pode ocorrer uma fase sub aguda  ou crônica da doença, caracterizada por inflamações articulares que podem permanecer até 3 anos”, observa. Diante da confirmação da doença, a orientação é hidratar bem o paciente e observar sinais de alerta de gravidade como vômitos persistentes, dor abdominal, hipotensão e queda do volume urinário (mais frequentes em casos graves de dengue). Nessas situações é preciso buscar atendimento de saúde especializado para uma melhor observação clinica. Na fase aguda do chikungunya, os cuidados de tratamento são sintomáticos, ou seja, hidratação abundante, bom repouso e uso de analgésico (paracetamol ou dipirona). A utilização de anti-inflamatórios não é recomendada por especialistas devido ao risco de sangramento.