Inovação na cardiologia intervencionista
03 February 2015
O Hospital Português mantém a tradição de vanguarda em procedimentos de cardiologia intervencionista, com a realização da sua primeira cirurgia minimamente invasiva para implante percutâneo de válvula aórtica (TAVI), em dezembro de 2014. O importante passo para o aprimoramento do tratamento de portadores de estenose aórtica (estreitamento da válvula aórtica que afeta, sobretudo, a população idosa) insere a instituição no seleto grupo de hospitais do Estado preparados para realizar este tipo de procedimento em pacientes classificados como de alto risco cirúrgico ou inoperáveis.
A intervenção realizada pela equipe do Serviço de Hemodinâmica do HP, em uma paciente de 89 anos, com quadro de estenose aórtica severa, teve o suporte de um completo “heart team” – composto por cardiologistas clínicos, intervencionistas e cirurgiões cardiovasculares – que participou de todas as decisões referentes à intervenção, desde a sua indicação até o acompanhamento pós-cirúrgico. A paciente evoluiu com excelente resultado imediato após o procedimento, tendo alta hospitalar em 5 dias. Passados cerca de dois meses, a idosa está plenamente reintegrada à sua rotina habitual.
Em relação à cirurgia convencional, a nova técnica possibilita monitorização cirúrgica em tempo real por meio de Ecocardiograma Transesofágico e Angiografia, ausência de incisões, circulação extracorpórea, tendo recuperação rápida em um período médio de 3 a 7 dias, entre outras vantagens. Dr. Antônio Morais de Azevedo Júnior, médico cardiologista do Serviço de Hemodinâmica do HP, explica que o método vem mudando a história natural da estenose aórtica calcífera, desde o seu surgimento, em 2002. “Antes, o tratamento era restrito à cirurgia convencional para substituição da válvula lesionada ou terapia conservadora com altas taxas de morbimortalidade. Hoje, especialmente o paciente idoso dispõe de uma abordagem segura e eficiente”.
A decisão de submeter um paciente idoso a uma cirurgia de alta complexidade envolve a avaliação de uma série de condicionantes, como alto risco de mortalidade cirúrgica, existência de doenças associadas, histórico de múltiplas cirurgias prévias, fragilidade orgânica, entre outras. No caso do implante percutâneo da válvula aórtica tais fatores de risco são significativamente reduzidos com o atendimento de critérios gerais de avaliação realizada por equipe multidisciplinar.
“Durante a avaliação do paciente, identificamos, por exemplo, se as suas condições anatômicas e morfológicas são favoráveis para o procedimento por cateter e também realizamos uma avaliação pormenorizada da via de acesso e do trajeto vascular”, informa o cardiologista. Exames prévios como Ecocardiografia, Angiotomografia, Aortografia e Arteriografia são indispensáveis para a indicação cirúrgica do paciente e o planejamento da intervenção.
Entenda a estenose aórtica
Estima-se que 4,5% da população acima de 75 anos apresente algum grau de estenose da válvula aórtica, sendo esta a doença orovalvar mais prevalente nesta faixa etária. Pessoas com estreitamento dessa válvula apresentam sintomas resultantes da redução do fluxo sanguíneo ejetado para o sistema circulatório. Casos graves da doença podem ocasionar diminuição do fluxo cerebral (causando desmaios), diminuição do fluxo coronário (causando dor no peito), além de deterioração da função cardíaca (gerando quadro de insuficiência cardíaca).
Em 90% dos casos, o procedimento para tratar a estenose aórtica é feito, por esta nova técnica, pelas artérias femorais, eliminando a antiga necessidade de grandes incisões no tórax do paciente. Por meio de um pequeno corte na virilha é feita a punção da artéria femoral por onde deve ser introduzida e guiada uma válvula biológica fixada em um stent (a prótese é acoplada a um tubo de metal flexível, que se fixa à artéria depois de expandido) desobstruindo desta forma a válvula nativa calcificada.