Epilepsia
12 March 2015
Doença do sistema nervoso que acomete cerca de 5% da população, a epilepsia é mais prevalente na infância e adolescência, podendo ocorrer em qualquer faixa etária. Ela ocorre devido a uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro (não causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos) e se expressa por repetidas crises epilépticas – manifestação transitória de uma descarga cerebral anormal – convulsivas ou não convulsivas. É comum as pessoas confundirem crise epiléptica, crise convulsiva e epilepsia. Mas, nem toda crise epiléptica é uma crise convulsiva. Na crise convulsiva, além dos sintomas da crise epiléptica ocorrem abalos musculares generalizados e perda da consciência.
Tais episódios podem se manifestar de diferentes maneiras. O mais conhecido é a crise convulsiva ou “ataque epiléptico”. Nesse tipo a pessoa pode cair, ter contrações musculares em todo o corpo, mordedura da língua, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar. As crises não convulsivas também podem ser variadas. Na conhecida como “desligamento” a pessoa possui olhar fixo e perde contato com o meio por alguns segundos. Na crise parcial complexa a pessoa parece estar “alerta”, mas não tem controle dos seus atos, fazendo movimentos automáticos involuntários – pode ficar mastigando, ter fala incompreensível ou andar sem direção. Em geral, a pessoa não se recorda do que aconteceu.
Epilepsia não é uma doença contagiosa, a saliva não transmite a doença, sempre que presenciar alguém em crise convulsiva busque protegê-lo de acidentes ou machucados adotando medidas simples. Deite-o de costas, em lugar confortável. Afaste objetos que possam machucá-lo (relógios, óculos, etc.). Evite mordidas na língua introduzindo um pedaço de pano ou lenço com cuidado entre os dentes (nunca o dedo, pois a força da mordida é incontrolável). Levante o seu queixo para facilitar a passagem de ar e proteja a sua cabeça com uma almofada ou toalha. Não dê tapas nem jogue água tentando acordá-lo. Caso esteja babando, mantenha-o deitado com a cabeça voltada para o lado, evitando sufocamento com a própria saliva. Após a crise, deixe-o descansar. Verifique se existe pulseira ou outra identificação médica de emergência que possa sugerir a causa da convulsão. Se a crise durar 5 minutos ou mais leve-o para uma unidade hospitalar mais próxima ou chame uma ambulância.
A epilepsia é diagnosticada pela recorrência das crises (duas ou mais), com intervalo superior a 24 horas entre cada uma e ausência de causa corrigível. Assim, a identificação da doença é clinica, ou seja, a presença de crise epiléptica recorrente é suficiente para iniciar o tratamento. Exames de imagem como Tomografia e Ressonância são importantes para definir se a epilepsia é primária (origem genética) ou secundária (gerada por lesão cerebral, como pancada na cabeça, infecção como meningite, etc.). O exame Eletroencefalográfico – EEG é indicado na suspeita do tipo primário. O tratamento é feito com base nessas avaliações, com medicamentos antiepilépticos (que evitam as descargas elétricas anormais que originam as crises) ou terapia específica para a causa da epilepsia – cirurgia, antibiótico, etc. Estima-se que 25% dos pacientes com epilepsia no Brasil apresentam estágios mais graves com necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, tendo crises frequentemente incontroláveis e, por isso, requerendo intervenção cirúrgica. Felizmente, já existem centros brasileiros de tratamento cirúrgico da epilepsia, aprovados pelo Ministério da Saúde.